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A propósito de 'Ídolos'...

Posted: 8 de fev. de 2010 | Publicada por AMC | Etiquetas: , ,



Diana e Filipe - Here I go again (Whitesnake)



Diana - Whole lotta love (Led Zepplin)



Filipe - Lithium (Nirvana)


Não sou dada a estas coisas, mas hoje decidi alocar aqui três momentos extraídos à edição da noite passada do programa/concurso Ídolos. Porque me impressionou uma vez mais a tremenda qualidade dos dois candidatos que restam em disputa.
Ontem, sugeria o Pedro Boucherie Mendes com pertinência óbvia que, num país onde se fazem petições para tudo e mais alguma coisa, era de valor alguém se lembrar de avançar com uma, solicitando à empresa Multiópticas, patrocinador oficial, que considerasse a possibilidade de duplicar o prémio e encontrar não um mas dois vencedores. Coisa rara nestas competições, falamos de um prémio que prevê custear um ano de estudos numa das mais conceituadas escolas londrinas. Não é um cheque passado ao sabor da lucidez e do humor de quem o ganhar, nem um carro ou algum outro brinde de luxo do género, destinado a premiar a vitória e a aliciar inscrições numa futura edição. Estamos a falar de uma oportunidade de formação profissional que pode ser de extrema utilidade, sobretudo se agarrada por dois candidatos com um potencial artístico imenso. Esse garante tem desfilado semana após semana diante do nosso juízo e é passível de ser comprovado nos registos vídeo que inundam o Youtube, a cada emissão de televisão. Por ora, todas as suas performances são apenas guiadas pelo instinto. Ainda assim, a competência e os progressos são notáveis. Imagine-se o grau de qualidade que qualquer destes candidatos poderá alcançar se lhes forem dadas condições para que o talento que possuem possa evoluir.

A Multiópticas é uma empresa, não é uma instituição de caridade. É certo. Se assume os custos envolvidos no prémio não é por mera acção benemérita. Presume-se. Trata-se de uma acção de marketing pela qual está disposta a pagar, em função do retorno positivo que lhe garante, não só em termos de visibilidade pública – à garupa de um programa de grande audiência capaz de lhe garantir farta publicidade em horário nobre – como na construção de uma imagem positiva junto do público. A mensagem subliminar é fácil de apreender. Pretende a empresa afirmar-se como socialmente activa, mecenas contemporânea de olho visionário e acuidade aguçada, capaz de corrigir miopias, hipermetropias, astigmatismos e outros bloqueios da percepção, espécie de olho vivo a quem nada escapa, olheira atenta por profissão, capaz de descortinar e enxergar ao longe os jovens talentos nacionais, e disponível para os apoiar em nome da música e da arte que os move. Infere-se. Supõe-se. Conclui-se. Assim, pelo menos, espera. A Multiópticas, claro.

Volto a repetir: o sucesso desta edição, que transcendeu largamente as expectativas mais optimistas da estação e das empresas patrocinadoras que se lhe associaram, deve-se indubitavelmente ao nível dos concorrentes. Não é de crer que tão depressa uma nova edição do programa venha a ter a sorte providencial de ser procurada por uma naipe tão valoroso de concorrentes. A última reedição do concurso infantil da TVI, que tanto furor já fez entre as massas, é disso prova clara. E não é porque o ilustre Portugal desconhecido se esvazie de talento à data da emissão decisiva deste tipo de programas. É simplesmente porque não basta largar os formatos. É preciso que um complexo conjunto de coincidências ocorra, como por exemplo e mais que não seja, fazer os candidatos saltarem da toca e do anomimato, predisporem-se a preencher um cupão, enfrentarem as longas horas de espera na fila e aparecerem nas audições de selecção.
Para que o sucesso deste Ídolos se traduza numa aposta verdadeiramente ganha por todos os que nela estão envolvidos importa perceber que é aos candidatos, e quase somente a eles, que se deve o êxito do programa.
Por esta altura as mais valias das audiências que granjearam, colocando o país colado ao ecrã de norte a sul, domingo atrás de domingo, já renderam mais do que o contributo justo no que respeita a share e publicidade.
Visando o lucro e não sendo propriamente uma instituição sem fins lucrativos, seria inteligente da parte da Multiópticas tirar proveito máximo do êxito que ajudou a promover. Estrategicamente, seria uma jogada de mestre surpreender o país, o público, o mercado e os seus potenciais clientes, com a decisão de duplicar o prémio e resolver assim esta sensação generalizada de que será sempre uma injustiça escolher um – e apenas um – destes dois talentosos candidatos que a sorte quis que caíssem na rifa ao programa.

p.s - Uma última nota atravessada ao assunto: a dada altura, durante o directo, Diana agradece à produção «ter-me deixado cantar Led Zeppelin». Minutos depois, um dos membros do júri repete o mesmo agradecimento. E fico eu a perguntar-me: e porque raio de razão haveria a produção de 'não deixar cantar' Led Zeppelin?! Estamos mesmo muito mal se alguma vez se colocou a hipótese da produção do programa vetar a escolha da banda!!...

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