A propósito de 'liberdade de imprensa'...

20 de Agosto de 2007. Fazendeiros e políticos de Juína, no estado brasileiro do Matogrosso impedem a livre circulação de elementos do Greenpeace, da OPAN (Operação Amazônia Nativa), bem como de diversos jornalistas europeus em reportagem, na Terra Indígena Enawene Nawe. A entrada é-lhes barrada e o grupo é brutalmente expulso pelos que se acham e agem como se fossem 'senhores absolutos da região'.
A prepotência é total, fruto de um sentimento de continuada impunidade para com todos os que fazem tábua rasa da liberdade de expressão e de informação, como se nenhuma lei ou direitos possuíssem validade nesses recônditos mais arredados da capital.

É um facto que ser jornalista na Amazónia não é para fracos de coração. Além de coluna vertebral, exige coragem  para diariamente lidar com o autoritarismo, a intimidação, a violência, a ameaça e as múltiplas formas de coacção perpetradas. Da justa dimensão disso só quem já lá trabalhou sabe com precisão: não, não é exagero. Lamentável e infelizmente, ainda que eu esteja absolutamente convicta que coragem e, acima de tudo, coluna vertebral, são atributos que devem assistir não apenas aos jornalistas, mas a todos os indivíduos, tanto no Matogrosso como em qualquer parte do Mundo.

Num momento em que o alegado plano conspirado pelo Governo português para controlar os meios de comunicação social faz a ordem do dia – e quer se considerem as semelhanças, os riscos idênticos ou, pelo contrário, um diagnóstico que nos coloca nos antípodas do que neste vídeo se dá testemunho  – parece-me que as imagens captadas pelos operadores de câmara em 2007, na recôndita localidade de Juína, ao norte do Brasil, podem ser de alguma utilidade à reflexão.