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Um curto exemplo do tratamento dispensado à imprensa pelo poder político. Na cidade de Manaus, no Amazonas

Posted: 6 de mar. de 2010 | Publicada por AMC | Etiquetas: ,



As imagens foram captadas durante uma colectiva (conferência de imprensa) de Amazonino Mendes, perfeito da cidade de Manaus, no final de Fevereiro, a propósito do anúncio da redução do preço dos bilhetes de transporte.
Aproveitando que por cá se anda particularmente sensível à reflexão sobre as relações entre o poder político e a comunicação social, vale a pena espreitar como alguns políticos tratam a imprensa por lá.
E, já agora, atentar na forma abjecta como o director do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Raphael Siqueira, intimida e aproveita para cercar a jornalista do Diário do Amazonas que tenta colocar as suas perguntas.

Não, não é tarefa simples fazer jornalismo no Amazonas.
Aliás, não só não é para todos/as, como é sobejamente perigoso para muitos/as.


[ ACTUALIZADA]

Entretanto, o Sindicato dos Jornalistas do Amazonas emitiu uma nota de repudio pela intimidação do director do IMTT
Quem conhece a realidade amazonense sabe que a tomada de posição representa um avanço considerável. Seria impensável que sucedesse até há bem pouco tempo. Ainda assim, uma 'nota de repúdio' é uma reacção manifestamente frouxa e insuficiente face a uma postura de continuado desrespeito para com a tarefa de informar com que diariamente os jornalistas esbarram. Mais: assistindo ao vídeo cabe perguntar porque razão a 'nota de repúdio' só visa o director do IMTT , deixando de fora Amazonino Mendes. Uma pena que tenha faltado coragem para a tornar extensiva ao perfeito de Manaus. A menos que assistindo ao vídeo se considere estar diante de um procedimento e postura aceitáveis.


# Para situar

Amazonino Mendes foi:
  • Prefeito de Manaus de 1983 a 1986
  • Governador do Amazonas de 1987 a 1990
  • Prefeito de Manaus de 1993 a 1994
  • Governador do Amazonas de 1995 a 1998
  • Governador do Estado do Amazonas de 1999 a 2002

Só falhou duas eleições. Em 2004, à perfeitura de Manaus, derrotado por Serafim Corrêa, e em 2006, quando tentava eleger-se pela quarta vez a governador do Amazonas, perdendo logo à 1ª volta para o governador reeleito Eduardo Braga.

Em 2008, voltou a conseguir arrancar para si o cargo de perfeito de Manaus, onde actualmente se mantém, embora precisasse de ir à 2ª volta.
A sua candidatura gerou polémica – nomeadamente por parte do Ministério Público do Estado do Amazonas – por se encontrar indiciado em processos que o envolviam em crimes da lei de licitações, crimes contra o sistema financeiro nacional e crimes contra a ordem tributária.

Acusado de compra de voto e gastos irregulares na campanha, vê o mandato cassado a 27 de Novembro desse mesmo ano por ordem da Justiça Eleitoral do Amazonas. A denúncia deu entrada no dia 23 de Outubro, ainda durante a campanha eleitoral. Recorde-se que o vencedor das Municipais 2008, no caso Amazonino, deveria tomar posse a 1 de Janeiro de 2009. Apresenta recurso a 16 de Dezembro e o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE/AM) decide que o candidato vencedor pode tomar posse na data prevista.
Antes do veredicto ser conhecido, porém, a imprensa noticia diversos encontros entre representantes de Amazonino e os desembargadores do TRE/AM.
O caso segue para o Tribunal Superior Eleitoral, mas em função da decisão liminar Amazonino Mendes consegue continuar à frente da Prefeitura de Manaus. 

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