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Jardim quer alargar o Funchal mar adentro

Posted: 6 de mar. de 2010 | Publicada por AMC | Etiquetas: ,

Leio em O Público:

A “montanha” de inertes retirados das ribeiras da Madeira deverá servir para fazer avançar o Funchal mar adentro e criar novas urbanizações na cidade, disse à Lusa o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim.
Este é um projecto para utilizar os inertes arrastados pelas enxurradas no temporal que assolou a Madeira a 20 de Fevereiro e “visa alargar certas zonas de costa do Funchal”, adiantou.
“Quem não concordar tem de me derrotar eleitoralmente ou ao candidato que o PSD apresentar”, avisou.
Para concretizar esta ideia, “vai pegar-se no que sobrou desses entulhos e fazer-se as novas urbanizações que forem adequadas. Claro que isso não pode ser ad hoc, tem de ser um projecto muito bem pensado”, afirmou.
Jardim defendeu que “é preciso que os portugueses se lembrem que a Holanda foi conquistada ao mar, o Mónaco também e que há muitos países cujo exemplo foi a conquista ao mar, que permitiu inclusivamente defender o território já construído”.
Confrontado com as reticências dos ecologistas a projectos desta natureza, Jardim recordou tratar-se dos mesmos que “diziam para não se tirar pedras das ribeiras e vieram as ribeiras em cima de nós”.
“Diziam também que não se deitava nada no mar e a costa desprotegida foi arrasada pelo mar. Portanto acabou e nem quero ouvir falar neles”, acrescentou.
Este é um projecto para utilizar os inertes arrastados pelas enxurradas no temporal que assolou a Madeira a 20 de Fevereiro e “visa alargar certas zonas de costa do Funchal”, adiantou.
“Quem não concordar tem de me derrotar eleitoralmente ou ao candidato que o PSD apresentar”, avisou.
Para concretizar esta ideia, “vai pegar-se no que sobrou desses entulhos e fazer-se as novas urbanizações que forem adequadas. Claro que isso não pode ser ad hoc, tem de ser um projecto muito bem pensado”, afirmou.
Jardim defendeu que “é preciso que os portugueses se lembrem que a Holanda foi conquistada ao mar, o Mónaco também e que há muitos países cujo exemplo foi a conquista ao mar, que permitiu inclusivamente defender o território já construído”.
Confrontado com as reticências dos ecologistas a projectos desta natureza, Jardim recordou tratar-se dos mesmos que “diziam para não se tirar pedras das ribeiras e vieram as ribeiras em cima de nós”.
“Diziam também que não se deitava nada no mar e a costa desprotegida foi arrasada pelo mar. Portanto acabou e nem quero ouvir falar neles”, acrescentou. (...)


A ideia é seguramente alarmante. Mas mais alarmante ainda é a forma como o presidente do Governo Regional da Madeira ousa referir-se a técnicos, cientistas, investigadores e ambientalistas. Porque se nunca os ouviu até aqui, imagine-se os ouvidos moucos que não fará a qualquer alerta ou parecer que emitirem a partir de agora.
Tudo isto assume, aliás, uma dimensão ainda mais preocupante, se tivermos presente que Jardim diz que o temporal "mudou muita coisa" na sua vontade de se reformar.
Com a prepotência que lhe é característica e a confiança das décadas de poder acumuladas à frente do Governo da região, dá o facto por consumado, caso ninguém consiga derrotá-lo nas urnas. Esquece Alberto João Jardim, todavia, que não está apenas nas mãos da oposição da Madeira colocar travão a projectos que se venha a provar constituírem algum tipo de insanidade para com a preservação da Ilha e do oceano que a cerca, já para não falar na segurança dos que a habitam. Em caso de falta de coragem política do Governo e das oposições da República existem tribunais internacionais onde recorrer. E talvez seja bom que todos quantos verdadeiramente amam a natureza, o Atlântico, a Ilha e as gentes de que é feita se comecem a preparar a sério. Deles se espera alguma atitude consequente em sua defesa. Talvez a única.
Diz Jardim: «acabou e nem quero ouvir falar neles». Mas isso é só o que ele quer. Não se segue necessariamente dessa vontade que não venha mesmo a ter que ouvir. E muito. E bem. Assim todos aqueles que se empenham com dedicação e seriedade no conhecimento efectivo das coisas não consintam, desta vez, que volte a ser feita tábua rasa do seu trabalho e que os anos e mais valias de saber que daí resultam tornem a ser grosseiramente desprezados como o têm sido até aqui.


Cf.
  • O conhecido geógrafo e investigador madeirense Raimundo Quintal, presidente da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal e ex-vereador do Ambiente da câmara da cidade, afirma em entrevista que alertou várias vezes as autoridades, nos últimos anos, para o desastre que poderia ocorrer na ilha, mas chamaram-lhe "fundamentalista, radical e inimigo da Madeira".

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