Espumas . Notas . Pasquim . Focus . Sons . Web TV . FB

Waimiri-Atroari nos anos da Ditadura Militar

Posted: 15 de abr. de 2010 | Publicada por AMC | Etiquetas:

O trabalho "A comunidade indígena Waimiri-Atroari e a atuação da FUNAI nos anos da Ditadura Militar" procurou explicar a expansão do sistema econômico de mercado e suas consequências para uma população indígena em específico: os Waimiri-Atroari, estabelecida ao norte do Estado do Amazonas.Diante do contexto do milagre econômico e das políticas implementadas desde a extinção do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e da criação da FUNAI, Fundação Nacional do Índio, foram implementadas diretrizes governamentais buscando uma dinamização da região amazônica que, por consequência, atingiria diversos povos indígenas da região norte do país.
Este processo ocorreu num contexto político muito complexo, pois o país vivia desde 1964 numa Ditadura Militar, em que os movimentos sociais e as associações indígenas não estavam ativas, sendo silenciadas e perseguidas pelos militares. Deste modo, diversos direitos foram atingidos e o poder de barganha era quase inexistente, não permitindo que os povos indígenas, por exemplo, enfrentassem com eficácia o uso inapropriado de seus espaços vitais.
Uma das formas de vilipendiar os Waimiri-Atroari foi o estabelecimento de uma "pacificação", sendo a FUNAI a responsável por estabelecer um Posto de Atração. Com isto, ela procurou amenizar os problemas decorrentes do contato forçado estabelecido pelos militares. Esta tentativa de disciplinarização do povo indígena resultaram em maiores embates e problemas para ambas as partes.
Segundo o panorama feito por Stephan Baines em seu trabalho , uma das consequências que os Waimiri-Atroari tiveram como resultado desta integração forçada foi uma inserção muito precarizada no mercado de trabalho. Por exemplo, a remuneração pelo seu trabalho artesanal e na colônia agrícola era irrisória, em comparação com os salários médios realizados pelos mesmos trabalhadores de origem não indígena.
Um caso emblemático do desenvolvimento que comprometia o território dos Waimiri-Atroari foi a construção da rodovia BR-174, que cortou a Floresta Amazônica e a região dos índios ao meio. Ela faria a ligação de Manaus a Boa Vista e tinha como objetivo integrar os países vizinhos, atendendo a aspectos políticos, econômicos e militares.
Com o desenvolvimento das obras de construção da rodovia, os indígenas foram duramente atingidos, tanto no que diz respeito ao seu território quanto a sua integridade física. Os militares se utilizaram de diversos meios para atingir o seu objetivo de concluir a obra, por mais que para isto ocorressem diversos problemas para os Waimiri-Atroari.
As principais consequências para os índios após a conclusão da obra foram a mortandade advinda pelo contágio de doenças devido ao contato com um provisório desmantelamento de sua cultura e muitos outros direitos indígenas que foram desrespeitados.
Foi possível inferir com esta pesquisa que os militares detentores do poder naquele momento não respeitaram a cultura e as demandas dos Waimiri-Atroari. A Ditadura Militar pôs em prática um modelo autoritário de desenvolvimento econômico que não media esforços para a consecução dos seus objetivos.
Para o bem dos povos indígenas e da sociedade brasileira em geral, hoje estamos num modelo democrático, desde a promulgação da Constituição de 1988. A partir de esforços em comum entre os povos indígenas e as agências governamentais, como o Museu do Índio, estão acontecendo novas políticas inclusivas e participativas, onde o índio é agente ativo de sua história.

Artigo realizado por Rodrigo Piquet Saboia de Mello, atualmente consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em recursos audiovisuais no Projeto de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas (PRODOClin) a partir da monografia apresentada na Universidade Federal Fluminense para a obtenção do bacharel em Ciências Sociais, com o seguinte título: "A comunidade indígena Waimiri-Atroari e a atuação da FUNAI nos anos da Ditadura Militar." Menção honrosa na categoria Sociólogos do Futuro do XIV Congresso Brasileiro de Sociologia, ocorrido entre os dias 28 a 31 de julho de 2009, na Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ.

0 comentários:

Postar um comentário