Espumas . Notas . Pasquim . Focus . Sons . Web TV . FB

Para ler: dois artigos interessantes

Posted: 13 de abr. de 2010 | Publicada por AMC | Etiquetas:

FEBRE E FORÇA - Nos intervalos entre surtos de malária, Hércules Florence conseguiu pintar essa família apiacás no Mato Grosso

 PARADA NO RIO PARANÁ
Em agosto de 1826, os expedicionários caçavam no salto de Urubupungá. Taunay pintou a cena

Paisagem pintada por Adrien Taunay

 AS DUAS GRANDES MATAS
Adrien Taunay pintou essa vista da Mata Atlântica



AS DUAS GRANDES MATAS
Hércules Florence fez seu último registro em Santarém, no Pará, em plena floresta amazônica
 
FAMÍLIA BRASILEIRA POR ADRIEN TAUNEY
Anastácia, retratada em Guimarães, Mato Grosso


Francisca de Sales, filha de Anastácia
 Sebastiana, neta de Anastácia

Marcelina, outra neta de Anastácia


Expedição Langsdorff

Um épico com segredos, arte, loucura e muita beleza ao alcance dos brasileiros
por Jorge Caldeira


"O que vi aqui superou todas as minhas expectativas. Pareceu-me um mundo novo, e seu esplendor é imenso."

Essas palavras foram anotadas pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff em seu diário, no dia 21 de dezembro de 1803. Ele tinha 29 anos, era médico e fazia parte da tripulação do veleiro russo Nadjeda, em viagem de volta ao mundo. O lugar que o maravilhava era a ilha de Santa Catarina, onde o navio acabara de aportar. As palavras registravam, portanto, suas primeiras impressões do Brasil - e foram o ponto de partida de uma gigantesca aventura.

"Acompanhados do capitão mor e do juiz da vila de Porto Feliz dirigimo-nos para o porto, onde já estava o vigário para abençoar a viagem, como é costume, acompanhado de um grande número de pessoas que vieram assistir a nosso embarque. Os amigos e parentes abraçavam-se, despediam-se uns dos outros. Tomamos os lugares nas canoas e romperam-se então da cidade salvas de mosquetes, que foram respondidas pelos nossos remadores. Ao som desses alegres estampidos deixamos as praias e a vila onde tive a felicidade de conhecer amigos, conviver com gente boa e afável, passar uma vida simples e tranquila."

Diário de Hércules Florence, 22 de junho de 1826.

"Vamos percorrer um caminho nunca dantes percorrido. É como se estivéssemos diante de um véu escuro. Vamos abandonar o mundo civilizado para viver no meio de índios, tigres, onças, tapires, macacos e outros animais."

Diário do barão Langsdorff, rio Tietê, 23 de junho de 1826.

"Quando a gente se banha em lugar de poucas piranhas o perigo é diminuto, mas mesmo assim é preciso cobrir com as mãos as partes pudendas, porque por ali é que elas atacam. O senhor barão foi mordido, sem contudo sofrer grande mal, porque pulou fora da água. O peixe não se despegou senão alguns instantes depois; correu sangue e cinco dentes ficaram bem marcados."

Diário de Hércules Florence, rio Taquari, Mato Grosso, 11 de dezembro de 1826.

"Adrien Taunay chegou à margem do Guaporé bem em frente à cidade. A trovoada roncava com força e a chuva caía a cântaros. Impacienta-se. Pula para a água. Atira-se à correnteza; chega ao meio do rio; perde as forças; luta; dá um grito; levanta um braço e, vítima da temeridade, desaparece. (...) De madrugada, vieram me avisar que o corpo foi encontrado. Corro; chego; vejo-o estendido na margem, mutilado pelos peixes. Lanço-me sobre ele. Poupai-me os pormenores."

Carta do biólogo Luiz Riedel, Vila Bela, Mato Grosso, 8 de março de 1827, noticiando a morte do pintor Adrien Taunay a um seu parente

"Acabrunham-nos as enfermidades. Os mosquitos causam duros sofrimentos, não nos dando a menor trégua. Chove torrencialmente há dois dias, e até o que temos dentro das barracas está molhado. A caça e a pesca nada produzem, tornando a parada intolerável. Vimo-nos reduzidos a comer carne de macacos. Nesse lugar se manifestou a doença do senhor Langsdorff, com a perda de memória das coisas recentes e o completo transtorno das ideias, devido às febres intermitentes. Essa perturbação obrigou-nos a por termo à viagem, cujo plano era vastíssimo."

Diário de Hércules Florence, 7 de maio de 1828, no Salto Augusto, rio Juruena.

"Com pesar, devo informar a Vossa Excelência que encontrei o senhor Langsdorff numa situação completamente miserável. Privado de todas suas capacidades mentais, ele age como uma criança, não pode ocupar-se de absolutamente nada e tampouco consegue conversar."

Carta de Franz Borel, embaixador da Rússia no Rio de Janeiro, em novembro de 1829.

Nos 26 anos passados entre um momento de alumbramento e outro de alheamento, o barão Georg Heinrich von Langsdorff foi o responsável pela coleta da maior coleção brasileira até seu tempo. Somente a fração artística do tesouro que reuniu já é suficiente para extasiar - algo que pode ser confirmado facilmente em uma visita à exposição Expedição Langsdorff. A mostra terá lugar no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, até 25 de abril. Depois, seguirá para os CCBBs de Brasília e Rio de Janeiro.

Mas essa coleção de desenhos é apenas uma parte do grande mergulho no país que tragou o barão. Além da coleção de objetos, existe também uma saga monumental, uma história de paixão. Coleção e história começaram na própria ilha de Santa Catarina, no primeiro desembarque de 1803. Médico, muito interessado em zoologia, o barão aproveitou a parada para recolher peixes e insetos, além de fazer alguns desenhos de pessoas.

Esse material foi juntado a milhares de outras amostras e centenas de desenhos que foi fazendo ao longo da viagem, que duraria ainda quatro anos. Na volta para a Rússia, foi preciso ainda um tempo para tratar de todo o material e publicar trabalhos - e conseguir um modo de voltar ao ponto que mais o atraíra em todos aqueles que visitara no planeta.

Em 1813, o barão desembarcou no Rio de Janeiro, nomeado cônsul da Rússia junto à corte de Dom João VI. Em vez de se instalar apenas na cidade, comprou uma fazenda perto do porto de Estrela, no fundo da baía da Guanabara. Era um lugar estratégico, ponto final da rota terrestre que levava até Minas Gerais - e ao sertão de meio Brasil.

Ali, instalou sua vasta biblioteca e começou a juntar coleções de plantas, animais e minerais. Ao mesmo tempo, arriscava-se em experiências agrícolas derivadas de suas pesquisas. A Fazenda Mandioca logo fez fama em uma corte onde, volta e meia, apareciam cientistas, pintores e viajantes. A maior parte dos europeus que percorria o interior começava suas viagens terrestres pela estrada que passava ao lado da propriedade, de modo que acabavam fazendo visitas e enriquecendo as coleções.



De olho no futuro, ele mandava parte do material que recolhia como presente para o czar Alexandre I. Quando sentiu que havia interesse, em 1819, deixou o Rio de Janeiro com tudo que tinha juntado e voltou para São Petersburgo. Conseguiu persuadir o governante a financiar uma grande expedição científica ao Brasil - em parte porque descreveu a então parte do Reino Unido como um território inteiramente selvagem, além de totalmente desconhecido.

Tendo levantado o dinheiro, começou a executar um plano grandioso. Levou de Moscou o cartógrafo Nestor Rubtsov; na França, achou o zoólogo Eduard Ménétriès; na passagem pela Alemanha, contratou um pintor de 19 anos chamado Johann Moritz Rugendas. Não se esqueceu de contratar também a viagem de alguns colonos alemães, que iriam para sua fazenda.

Desembarcou no Rio de Janeiro em março de 1822. A primeira notícia foi ruim: o dinheiro para pagar os colonos não havia chegado, de modo que tinha uma revolta de colonos e uma falência para encarar. A segunda notícia foi maravilhosa: José Bonifácio de Andrada e Silva, grande amigo de seu amigo Alexandre Humbolt, acabara de ser nomeado ministro do regente Dom Pedro I.

José Bonifácio deu uma nova dimensão ao projeto de seu amigo alemão. Emprestou dinheiro para pagar os colonos, facilitou o trabalho de cônsul. Mas, acima de tudo, demorou muito pouco tempo para levar a até a Fazenda Mandioca a princesa Leopoldina, uma apaixonada por botânica, e o regente Dom Pedro - um apaixonado por cavalos que, no lombo deles, se apaixonou pela região, até comprar terras em Correias, perto da atual Petrópolis.

Assim, o que era para ser uma expedição apenas russa acabou se tornando também um projeto brasileiro. O apoio do governo permitiu que uma série de conhecimentos sobre os caminhos do interior e modos de vencê-los se incorporassem ao planejamento da expedição.

Mas foi preciso tempo para ajustar tudo. O barão de 48 anos e formação militar tinha uma equipe formada por jovens cientistas de pouca rodagem - embora ansiosos para começar. Havia muita tensão no ar. O barão resolveu então começar leve. Mandou os cien tistas para pequenas viagens ao redor da fazenda. Em 1822, houve uma pequena incursão até Nova Friburgo. Estalaram os primeiros conflitos, mas também surgiram soluções. Na viagem, se incorporou ao grupo o botânico Luiz Reidel, outro apaixonado pelo Brasil, que vinha juntando plantas desde Ilhéus.

FLORA E FAUNA
Em sentido horário: jararaca, arara azul, araticum e jacu, por Florence. Acima, um sagui, de Rugendas

Com o pessoal reforçado, o barão deu outro passo, em 1824: viajar até Minas Gerais. Parecia fácil. O grupo percorreu um caminho frequentado por dezenas de tropas a cada semana, com inúmeros pousos e cidades para se hospedar no meio do caminho. Quase uma excursão de turismo. Mas turismo ao modo da época, com a possibilidade de colher plantas e animais selvagens quase na beira da estrada - e assim o barão viu os primeiros índios: um grupo de Coroados que vivia pouco adiante de Barbacena.

Nada disso diminuiu as tensões no grupo. Pouco depois de passar por Sabará, o pintor Rugendas desentendeu-se com o chefe pela última vez e partiu, levando os desenhos que o tornariam famoso como retratista do Brasil. Mesmo sem a parte do artista, o material recolhido até março de 1825 foi respeitável: 29 caixas de amostras de minério; 15 de herbário, com 1.400 espécies de plantas; 398 peles de aves, 23 de mamíferos - fora o material cartográfico.

No Rio de Janeiro, para cobrir a baixa, o barão contratou dois pintores. Primeiro, Adrien Taunay. Ele tinha apenas 25 anos, mas seu currículo de viajante impressionava. Com apenas 16 anos embarcara em uma expedição francesa de volta ao mundo, a bordo do Urânia. Depois de percorrer todo o Pacífico, o navio naufragou na volta, nas ilhas Malvinas. O jovem passou seis meses na base da carne de foca, até ser resgatado. O segundo pintor foi Hércules Florence, um aventureiro que corria o mundo por sua conta - e se apresentou ao barão respondendo a um anúncio de jornal.

Com eles, começou a grande viagem. A bagagem inicial do grupo era imensa: foi preciso contratar uma tropa de 63 mulas para levar tudo de Cubatão até Porto Feliz. Ali, foram gastos seis meses para escavar troncos de duas árvores centenárias até os transformar em duas canoas com 20 m de comprimento por dois de largura. Nelas e em alguns batelões todos embarcaram. O caminho era conhecido e mapeado: a centenária rota das monções de Cuiabá - que incluía o passo de Camapuã, onde as canoas eram arrastadas ao longo de 20 km por juntas de bois e força do braço escravo.

O percurso levou os tradicionais seis meses - e no intervalo dos dois jovens pintores foram aprendendo a distinguir detalhes do Brasil com seu olhar agudo. Além de produzirem algumas vistas da paisagem que os impressionava e das plantas e animais, foram percebendo a variedade das gentes. Índios de muitas etnias, com costumes e línguas inteiramente diferentes uns dos outros. Escravos vindos de muitas nações da África, cada qual com sua língua e costumes.

Principalmente, perceberam também que ali todos se misturavam - e começaram a detalhar a variedade de rostos dos mestiços. Aos poucos, foram também descobrindo que uns adotavam os costumes dos outros - surgiram então índios vestidos como europeus, nobres embaixo de tendas como as dos índios, e até retratos dos próprios viajantes já acostumados com as redes.

Em Cuiabá, o grupo se dividiu por duas rotas abertas séculos antes. O biólogo Reidel e Taunay seguiram pelo caminho da grande bandeira de Raposo Tavares, entrando pelo Guaporé para descer o Madeira. Já o grupo de Langsdorff e Florence desceu pelo Juruena e o Tapajós. O ponto de encontro de ambos deveria ser o então povoado de Manaus, de onde iriam subir o rio Negro - rota que os brasileiros conheciam há mais de dois séculos, e sobre as quais a expedição estava bem informada, possivelmente graças ao apoio do governo.

Mas nada disso foi possível. Sem o condutor enlouquecido, a expedição foi interrompida. Ficou um tesouro - cuja história é tão lendária como a expedição.

NÃO CAIA NESSA
Existe apenas um ponto baixo em toda a exposição: a falta de conhecimento sobre o Brasil exibida nos textos. Ele está aquém do básico, pois mistura de forma infantil propaganda antiga com realidade histórica. Que o barão vendesse pioneirismo, exotismo e selva para russos do século XIX se entende, já que era assim mesmo que se arrumava dinheiro na época. Mas achar que isso era a realidade do Brasil de então é uma possibilidade ao alcance apenas de um historiador desinformado.

A expedição misturou viagens em estradas movimentadas com trechos por rotas seculares, como as da Monção de Cuiabá ou da chamada Monção do Norte (de Belém a Cuiabá), todas devidamente mapeadas por cartógrafos do século XVIII. Percorreu o caminho da produção mercantil da sociedade brasileira.
Tudo isso desaparece nos textos. Os apresentadores russos não se pejam em descrever o país histórico com a linguagem de propaganda do barão, tratando o Brasil como país "desconhecido pela humanidade", como se os brasileiros não fizessem parte dela nem de nenhuma sociedade organizada. É uma confusão constrangedora, mas também significativa.

A grandeza real da coleção só vai ser dimensionada em confronto com o conhecimento atual dos cientistas brasileiros sobre seu país, muito maior que o apresentado nos textos. Mas essa tarefa é muito dura quando se tem de partir de algo tão tosco como as noções mostradas na linguagem da exposição.



Uma longa viagem pela Selva das Gavetas
As coleções reunidas pelo barão Langsdorff iam sendo mandadas aos poucos para Moscou. A última grande leva foi enviada por Hércules Florence, do ponto de sua partida: apaixonado por Angélica Vasconcelos, que conhecera em Porto Feliz, deixou a vida de aventureiro para se tornar fazendeiro em Campinas.

Poderia fazer como Rugendas e ficar com o muito que havia sob sua guarda para fazer seu nome - um tesouro que incluía toda a coleção de pinturas, com quase 400 trabalhos dos três artistas que trabalharam para o barão, além dos diários do próprio comandante. Mas, honesto que era, preferiu organizar tudo - inclusive seus próprios trabalhos - e mandar para São Petersburgo. Luiz Reidel, o biólogo, também tinha planos de ficar pelo Brasil. Mas, antes, levou para a capital russa material suficiente para ocupar o espaço de 84 passageiros no navio.

Se soubessem do que acontecia com suas remessas, talvez os dois não agissem com tanta retidão. As caixas e caixas de material desembarcavam diretamente da selva tropical para outra ainda mais feroz, a da burocracia. O espólio era duramente disputado pelo diretor do Museu Botânico e o diretor do Jardim Botânico. Dependendo dos azares da conjuntura e da circulação da papelada com pareceres, as caixas eram levadas de um lado para o outro - com algumas perdas no caminho.

Enquanto foram vivos, os dois brigaram por um tesouro. Quando morreram, deixaram como espólio um conjunto de caixas cujo conteúdo ninguém sabia ao certo qual era. Mas como em uma grande burocracia nada se perde, as caixas ficaram sempre guardadas.

Somente quando a hibernação completou oito décadas, um jovem cientista russo, Henrique Manizer, passou pelo Rio de Janeiro em 1915, na volta de uma viagem à Antártica. Visitando o Museu Nacional, viu expostas algumas peças da expedição que haviam sobrado no Brasil - entre elas, o retrato de Langsdorff feito por Hércules Florence - e comprou uma edição do diário do pintor-fazendeiro, que havia sido publicado em 1875. Com essas informações, publicou na volta um artigo com as notícias "inéditas" sobre a expedição.

Foi preciso mais uma década e meia até que as caixas fossem desenterradas dos arquivos onde jaziam para serem finalmente reunidas como uma única coleção. Isso atraiu alguns estudiosos. Mal eles começaram a juntar as primeiras peças do quebra-cabeças, estourou a Segunda Guerra. A antiga capital russa, cujo nome era então Leningrado, ficou cercada durante quase três anos e sob intenso bombardeio. O arquivo sobreviveu, mas foi preciso esperar muitos anos de reconstrução até o reinício dos estudos.

Como eram tempos de Guerra Fria, a troca de informações com o Brasil, essencial para o entendimento do todo, era rala. Apenas em 1988 aconteceu a primeira exposição do material por aqui. Por isso, essa segunda oportunidade para ver uma parte do lendário tesouro do barão Langsdorff não pode ser perdida de maneira nenhuma. Ali está o maior retrato do Brasil feito em seu tempo - e retrato essencial em país de herança iconográfica pífia.

a revista Edição 32 - Março/2010
via Revista Brasileiros - Edição 32 - Março/2010 

Um olho na corte e outro na escravidão

O século XIX no Brasil, incluindo Dom Pedro II e os escravos, é o tema mais explorado nas pesquisas da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, autora de uma das obras mais profícuas da nossa recente historiografia

por Amilton Pinheiro

NOS IDOS DO IMPÉRIOEm O Sol do Brasil (Prêmio Jabuti, em 2009), a antropóloga estuda o trabalho do pintor Nicolas-Antoine Taunay, que retratou imagens como esta: a Baía da Guanabara e o Largo da Carioca, no Rio de Janeiro

Lilia Moritz Schwarcz é uma eterna insatisfeita. E isso é um elogio. Tão logo termina uma pesquisa e a publica em livro, esta paulistana de 52 anos, doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, livre-docente e professora titular da própria USP, resolve esmiuçar ainda mais alguma fração do tema recém-explorado. A atitude tornou-se recorrente. Da insatisfação, resulta uma nova pesquisa e, por extensão, um novo livro. "Sempre termino com mais dúvidas do que certezas", confessa.

Vem sendo assim desde sua primeira obra, Retrato em Branco e Negro: Jornais, Escravos e Cidadãos em São Paulo no Fim do Século XIX, publicada em 1987. Seguiu-se outro estudo derivado da chamada questão racial, O Espetáculo das Raças. Cientistas, Instituições e Pensamento Racial no Brasil: 1870-1930. Mal o livro, de 1993, chegara às livrarias e Lilia já se debruçava sobre o estudo do governo de Dom Pedro II. Afinal, julgou que faltara, na pesquisa anterior, um olhar mais demorado sobre a monarquia.

De insatisfação em insatisfação, Lilia vem publicando uma das mais profícuas obras da historiografia brasileira recente, abordando temas que vão da transferência da biblioteca da corte portuguesa para o Rio de Janeiro à Missão Artística Francesa, encomendada por Dom João VI - que resultou em O Sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as Desventuras dos Artistas Franceses na Corte de D. João, vencedor do Prêmio Jabuti para biografias em 2009.

Embora a maior parte de suas pesquisas tenha por objeto o século XIX, Lilia comanda cursos, inclusive no exterior, que perpassam toda a história do País - no momento, aliás, ela está na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, ministrando um deles. Seu novo livro contemplará a vida do escritor, negro e carioca, Afonso Henriques de Lima Barreto, que era criança na Abolição da Escravatura e lançou seus principais romances nas primeiras décadas do século XX.

Casada com o editor Luiz Schwarcz, sócio-proprietário da Companhia das Letras, mãe de dois filhos e avó de dois netos, Lilia falou à Brasileiros na sua residência, em uma serena rua paralela à movimentadíssima Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. Descontraída, comparou: "Acho que todo pesquisador tem um lado de fofoqueiro e outro de Sherlock Holmes".

A QUESTÃO ÉTNICA "A política de cotas ajudou a mostrar que aqui existe um problema muito grande a ser resolvido"

Brasileiros - O que primeiro a motiva a fazer uma pesquisa, já que são pesquisas de fôlego?
Lilia Moritz Schwarcz -
O que motiva uma boa pesquisa é uma grande curiosidade (risos). O segredo é você procurar inquietações genuínas. Eu tenho quase que uma tara por arquivos. Se você me deixar num arquivo, o dia inteiro, vou adorar. Penso que todo pesquisador tem um lado de fofoqueiro e outro de Sherlock Holmes (risos). Então, acho que fico cultivando esses meus dois lados. Só para você ter uma ideia: eu estava na Torre do Tombo, em Portugal, fazendo a pesquisa para o livro A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis quando caíram as Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Por ter ficado lá dentro, com o telefone desligado, não soube de nada. Quando saí, havia não sei quantas ligações não atendidas no meu celular. Só então percebi que o mundo tinha caído. Quando você está lá num arquivo, a vida passa e você fica fechado naquele mundinho.

Brasileiros - No livro Retrato em Branco e Negro, originalmente sua dissertação de mestrado, há uma impressionante pesquisa de como os escravos eram tratados em anúncios nos jornais. Como você chegou a ela?
L.M.S. -
Durante a graduação, eu havia feito uma pesquisa sobre os escravos em Vila Bela, atual Ilhabela (SP), e fiquei muito interessada em como se dava o relacionamento entre senhores e escravos, sobretudo em cidades urbanas. Existe um livro clássico, excelente por sinal, do Gilberto Freyre sobre anúncios de fugas de escravos. Restringi minhas pesquisas aos jornais de São Paulo e foi aterrador constatar como o país da alentada democracia racial tinha coragem de expor os escravos em situações absolutamente sem dó nem piedade. Eram notícias abertas e escancaradamente desumanas. Os sinais de castigo no corpo dos escravos eram publicados como elementos para localizá-los.

Brasileiros - A questão racial também é assunto de sua tese de doutorado, O Espetáculo das Raças. Cientistas, Instituições e Pensamento Racial no Brasil: 1870-1930.
L.M.S. -
Bem, no fundo eu nunca terminei uma pesquisa. Sempre termino com mais dúvidas do que com certezas. Após o mestrado, fiquei com uma dúvida muito grande: como é que o país da democracia racial dos anos 1930 poderia existir, uma vez que no decorrer dos séculos XVIII e XIX e até meados dos anos 1920 havia quase um apartheid?. Logo me interessou muito um tema estudado pelo Roberto Schwarz, O Elogio da Cópia. Ou seja, a ideia de que não interessava tanto pensar que nós copiávamos teorias raciais, mas sim como elas foram adaptadas no Brasil. Nessa época, entrei num grupo de trabalho na USP muito bacana, coordenado por Sergio Miceli, que resultou no livro História das Ciências Sociais e veio desse grupo a sugestão de que eu estudasse as instituições. Como o pensamento social estava indiscriminado, não poderia sair estudando indivíduos. Já pesquisando as instituições isso seria possível. Por isso, fui estudar os museus, os institutos históricos, as faculdades de Direito e de Medicina. O resultado foi estarrecedor. As teorias raciais eram uma espécie de lugar comum dos cientistas brasileiros no século XIX.

Brasileiros - Elas faziam sucesso na Europa?
L.M.S. -
Não, já estavam em desuso, nessa época. Voltariam antes da Segunda Guerra Mundial. Isso é que é tão interessante: esse descompasso. Se você pensar, o Brasil vai consumir largamente as teorias raciais a partir de 1870, 1880, 1890. No momento em que a República vinha com a bandeira da igualdade do cidadão e da democracia, as teorias raciais solapavam essa ideia de igualdade. Não é à toa que Nina Rodrigues (professor, médico legista, psiquiatra e antropólogo) vai aos jornais, dois dias após a Abolição, e declara: "Os homens não são iguais", e acrescenta: "Os homens de Direito supõem uma igualdade jurídica, porque senão não existiriam leis. Mas nós, homens de Medicina, sabemos: os homens são diferentes". Ao mesmo tempo em que a República cria um corpo de leis que tornariam todos iguais, os homens de ciências, como se chamavam os que exerciam a medicina, vão propor uma espécie de "duas cidadanias". Nina Rodrigues cria um projeto para a existência de dois códigos penais: um para brancos e outro para negros.

Brasileiros - Essa discussão repercutiu de alguma forma na não inclusão do negro na sociedade brasileira?
L.M.S. -
Totalmente. Agora estou estudando o escritor Lima Barreto, negro, e vejo que, de maneira geral, a intelectua-lidade que apostou na República rapidamente se decepcionou. Viu que a "República não era". Tem um conto de Lima Barreto, que ele fala sobre isso - "A República que não foi". Encontrei um conto inédito do Lima Barreto, que, na verdade, é a última parte do romance O Triste Fim de Policarpo Quaresma. Ele escrevia nos versos das folhas do Ministério da Guerra, onde era amanuense, no tempo vago. No verso desse do conto, ele relata... É emocionante, o que diz. Ela relata que quando era menino de uns oito anos, logo após a libertação da escravatura, a professora falava para os alunos sobre a Abolição. Ele não entendia bem o que era aquilo. Mas sabia que era algo em relação a ser livre. Depois, escreve atrás desse conto: "Agora eu sei que isso não era verdade".

Brasileiros - As teorias racistas, pseudocientíficas, condicionaram o negro a ser aceito como inferior, já que "cientificamente" ele era inferior?
L.M.S. -
Ou, então, foi aceito numa condição inferior. De alguma maneira, o que acontece: durante a escravidão havia um projeto absolutamente desigual dado por uma "natureza jurídica" do escravo, do lugar do escravo. Com as teorias raciais, você tem outro impedimento mais forte, que é a ideia de que a biologia explica a diferença. Então, como você vai competir com a ciência, com a biologia? É uma situação de discriminação e uma exclusão social muito forte.

Brasileiros - No livro O Jogo da Dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil, a pesquisadora Wlamyra Albuquerque cita que, após a Abolição, chegou-se a projetar uma espécie de Ku Klux Klan no Brasil...
L.M.S. -
Existiu esse tipo de projeto. Houve projetos para enviar os ex-escravos de volta para África. Em O Espetáculo das Raças, estudei outros projetos, como o de alguns médicos que propunham a esterilização de mestiços. Esses médicos elogiavam o que era feito na África do Sul e nos Estados Unidos.

Brasileiros - Por que essas teorias raciais, pseudocientíficas, voltam de tempos em tempos?
L.M.S. -
Elas passaram para o senso comum. No século XIX, havia teóricos como Nina Rodrigues, João Batista Lacerda, Sílvio Romero, que falavam abertamente sobre a questão racial. Mas a questão racial deixou de ser uma teoria científica. Não é que eu defenda essa teoria, muito ao contrário. Mas, pelo menos, se você tem uma teoria científica, pode criticá-la. E essa teoria científica passou para o senso comum. Pense em expressões do tipo "casar bem", que quer dizer casar com uma pessoa mais clara. Ou coisas do tipo: "Não há vida inteligente abaixo do Equador" ou "Os nordestinos têm cabeça chata". Sabemos que a ideologia do senso comum é tão poderosa quanto as teorias científicas.

Brasileiros - Estudando o governo de Dom Pedro II, você ressalta que foi um dos períodos em que o Brasil viveu estabilidade econômica. Evidentemente, não faremos uma apologia à monarquia, mas a Proclamação da República prometia a igualdade e o desenvolvimento e não foi o que se viu.
L.M.S. -
O Segundo Reinado foi um grande período de estabilidade, sobretudo o período de 1850 a 1870, quando houve estabilidade econômica, cultural, grandes avanços científicos. Dom Pedro II era uma figura popular. Isso eu tento mostrar no livro As Barbas do Imperador - D. Pedro II, um Monarca nos Trópicos. A República representava a modernidade, os novos tempos da democracia, da igualdade, etc. Agora, o que aconteceu, sobretudo na República Velha, de 1889 a 1930, não foi nada disso. Teve muito mais censura. Passamos a viver em estado de sítio. Que dizer, houve uma decepção geral em relação ao que de fato foi a República Velha.

Brasileiros - Nossa história republicana tem longos perío-dos de regimes autoritários. Ainda estamos aprendendo a conviver com a democracia?
L.M.S. -
Essa é uma pergunta difícil, porque foge da minha alçada. Mas creio que o brasileiro ainda é pouco afeito à discussão política, ao contrário dos vizinhos da América Latina. Quando escrevi As Barbas do Imperador, procurei imagens e fotografias de Dom Pedro. Estava na Bahia fazendo pesquisa e uma pessoa me falou: "Olha, atrás da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia tem um quadro de Dom Pedro II, sensacional". O quadro era uma cópia fajuta, mas a situação em que ele se encontrava era de fato sensacional. Expunha a mistura de esferas públicas, privadas e religiosas no Brasil. Em uma das paredes, você tinha o tal quadro do Dom Pedro II. Logo abaixo, um retrato de Getúlio Vargas e, mais abaixo ainda, um retrato do Antônio Carlos Magalhães. No imaginário do povo, Dom Pedro II era um grande pai. Acho que, no Brasil, a gente ainda tem essa mistura entre a esfera pública e a esfera privada. E nós sempre entendemos o estadista como um pai, que às vezes é severo. No magistral livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda trata exatamente disso no capítulo dedicado ao "Homem Cordial". Esse capítulo, que foi tão maltratado, a começar por Gilberto Freyre, na verdade não faz um elogio à cordialidade. Sérgio Buarque de Holanda está dizendo que há um problema. O brasileiro, a partir da instância do coração, da intimidade, não consegue separar instâncias privadas das instâncias públicas. Temos instituições frouxas porque o brasileiro, durante muito tempo, não acreditava em instituições sólidas. Mas isso está mudando.

Brasileiros - Você escreveu sobre Nina Rodrigues, Dom Pedro II, Nicolas-Antoine Taunay e, agora, sobre Lima Barreto. Não aprecia estudar personagens anônimos, muito em voga na historiografia recente brasileira?
L.M.S. -
(Risos). Nicolas-Antoine Taunay (N.R. - pai de Adrien Taunay, participante da Expedição Langsdorff e personagem da matéria da página 40 desta edição), que foi meu personagem no livro O Sol do Brasil - Nicolas-Antoine Taunay e as Desventuras dos Artistas Franceses na Corte de d. João, de fato não é um anônimo, mas é uma figura pouco conhecida por nós. Quando comecei essa pesquisa, queria estudar a Missão Artística Francesa, acolhida por Dom João. Como lhe disse, sempre termino uma pesquisa, com uma pergunta. Lembro-me de que, quando acabei O Espetáculo das Raças, falei o seguinte: "Bom, ninguém me perguntou, mas vou dizer. Não tratei de uma instituição no livro. É um furo que ele teve". O pessoal morreu de rir (risos). Achei que tinha estudado todas as instituições, mas deixei de fora a monarquia. Isso resultou na pesquisa de As Barbas do Imperador, que se prolongou por oito anos. Quando estava terminando o livro, fiquei superinteressada nesse projeto iconográfico que Dom Pedro II criou. Até brinco, que ele fazia disso um marketing pessoal. E foi por conta desse questionamento em relação à iconografia do tempo do reinado brasileiro que comecei a bolar a pesquisa sobre a Missão Francesa. Conforme ia pesquisando, foi aparecendo a figura do Taunay. Foi a minha contribuição aos estudos sobre a Missão Francesa. Diferentemente do Debret, Taunay era pouco conhecido no Brasil.

Brasileiros - A pesquisa para o livro O Espetáculo das Raças, levou-a a outra, sobre Dom Pedro II, que, por sua vez, resultou no estudo sobre Taunay. Esse interesse pelo pintor, por fim, vai gerar a pesquisa sobre Lima Barreto. Como se deu essa última passagem?
L.M.S. -
O Taunay me levou, por vias muito tortas, a voltar uma questão que me é muito cara, a chamada questão racial. Comecei a observar que em todas as telas brasileiras do pintor Taunay aparecia a escravidão, mas sempre ao fundo. Ele era míope e, por isso, dava especial atenção ao primeiro plano. E no primeiro plano não estavam os escravos. Comecei a olhar o Taunay com lentes de aumento. E assim você enxerga os escravos trabalhando, carregando pedras, tijolos. O próprio Taunay não sabia lidar pessoalmente com o assunto. Ele teve escravos e justificava esse fato da seguinte forma: "Fui obrigado a ter escravos". Ele, enfim, como homem da ilustração que era, não tinha o que fazer com esse tema. E por uma via muito torta, voltei à questão racial, que é a grande contradição para pensar nosso País. Há muito tempo dou um curso na Universidade de São Paulo (USP) chamado "História do Pensamento Brasileiro", partindo do tema da questão racial. Vou de 1870 a 1930. E um autor que sempre me foi muito caro era Lima Barreto. Eu e os alunos do curso lemos desde Policarpo Quaresma até os contos e os diários. Então, pensei: "Por que não?". Depois do livro O Espetáculo das Raças, pensei novamente: "Quem sabe!". Mas achei que era uma pesquisa difícil, que mostrasse não só a perversidade do racismo brasileiro, mas as contradições, as ambivalências. E é isso que me animou a estudar Lima Barreto.

Brasileiros - Até abril você lecionará como professora visitante na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Fale-nos sobre isso.
L.M.S. -
Em 2008, estive na Universidade de Colúmbia e o Brasil já estava em moda por lá. Conheci uma professora da Argentina, que dava um curso sobre a história do seu país. Eu brincava com ela dizendo que o Brasil tinha mais moral, pois o curso sobre a História do Brasil sempre estava lotado, enquanto o dela nem tanto (risos). O curso que vou dar na Universidade de Princeton, no Departamento de História, é uma espécie de introdução ao Brasil. Escolhi a questão racial como uma espécie de fio condutor. Mas trato da trajetória completa do País, dos primeiros viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil até o governo do presidente Lula.

Brasileiros - Você acredita que o Brasil esteja melhorando? Em quais aspectos precisamos avançar mais?
L.M.S. -
Acho que o Brasil é um país com muita pobreza, muitos problemas sociais, muita discriminação. Ainda tem muito a construir. O País vem vivendo um bom momento na diplomacia externa. Estamos hábeis nesse jogo internacional. O País se saiu bem no momento de crise internacional. E os planos sociais começaram a fazer efeito, a mostrar resultados. Mas esse é um país que carrega índices de pobreza inacreditáveis. E na área em que me considero especialista, que é da questão racial, etnicidade como preferi chamar, o Brasil ainda carrega um tipo de discriminação muito perversa. Não acho que há bons ou maus racismos. Todos são sempre perversos. Mas acredito que praticamos um modelo de discriminação, que Florestan Fernandes chamou há muito tempo, ainda nos anos 1970, de "preconceito de ter preconceito". Ou seja, como não temos nenhuma discriminação oficial, não teríamos preconceito nenhum. Nessa área há muito o que fazer, muito o que discutir, muito o que pensar. Estamos discutindo a política de cotas, que, apesar de ser extremamente polêmica, ajudou a mostrar para o Brasil que aqui existe um problema muito grande a ser resolvido. 
a revista Edição 32 - Março/2010

via Revista Brasileiros - Edição 32 - Março/2010 




Edição nº 32 - Março 2010



Expediente

Expediente

Cartas

Cartas

Colaboradores

Colaboradores da edição 32

Editorial

Tese e exceção

30 dias na vida dos brasileiros

O nosso Macunaíma em Veneza
O coreógrafo e bailarino Ismael Ivo nasceu na periferia de São Paulo. Hoje,...

Sweet Home Campo Grande
Na capital do Mato Grosso do Sul, um gênero musical cresce como nenhum...

Outro fenômeno da internet
Rafa Castro é o nome da vez. Sua música já mereceu 100 mil logs no MySpace...

Poetas brasileiros

Seis estreias nacionais
Apesar de problemas recorrentes, o Festival de Curitiba traz montagens...

As celas deram lugar aos livros
O espaço da antiga Casa de Detenção é ocupado por uma ousada e moderna...

O trem salvador
Romance narra a saga de refugiados judeus no Paraná, protegidos pela...

La donna immobile

Um sujeito atirado
O acrobático Gino Meneghetti, o maior ladrão da história de São Paulo

Olimpíadas de inverno

No rastro de Plutão
Ele é lento, afeta gerações e traz mudanças profundas em seu deslocamento...

Brasileiros recomendam

Capa

Langsdorff
Um épico com segredos, arte, loucura e muita beleza ao alcance dos brasileiros

Antropologia

Um olho na corte e outro na escravidão
O século XIX no Brasil, incluindo Dom Pedro II e os escravos, é o tema mais...

Polêmica

Paulo Francis, o homem-bomba
“Ele vai fazer falta”, dizia o necrológio da Veja . Mas, 13 anos depois, o...

Preservação

Vende-se um sonho
Nikolaus Witt queria cuidar dos índios e da natureza na sua floresta particular,...

Balé

Dança é mudança
Há exatos dez anos foi aberta a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Considerada...

Política

Memórias de Almino
Aos 80 anos e 60 de vida pública, Almino Affonso, ex-ministro de João Goulart e...

Especial automobilismo

Tite, O Flecha
José Renato Catapani sempre amou a velocidade nas pistas e a lentidão na vida no...

Bastidores da História

A revolução dos paulistas

Você acredita no Brasil?

Você acredita no Brasil?
Brasileiros faz essa pergunta -- tema permanente desta página -- a vários...

0 comentários:

Postar um comentário