Acções de abstenção total são a nova versão do boicote às eleições

Há uma nova versão para os protestos que aproveitam o dia de eleições para se manifestarem: substituir os boicotes por acções de abstenção total.
As urnas estão abertas mas há um pacto para que ninguém deposite o voto. Tecnicamente, a acção não é considerada um boicote e, como tal, as eleições não são repetidas.

Jorge Miguéis, director da área da administração eleitoral, explica que estas situações "não prefiguram tecnicamente um boicote", mas "uma abstenção total", já que "não há um impedimento com uso da força e, portanto, não tem qualquer influência e não haverá repetição", ou seja, abertura das assembleias de voto na próxima terça-feira. E acrescenta: "O que há aqui é um convencimento, em que se utiliza a abstenção como forma de protesto", só em casos de vandalismo ou de impossibilidade de constituição das mesas de voto, com a necessidade de intervenção das autoridades, é que se coloca a hipótese.

Protestos anunciados para as eleições de hoje:

Muro - Trofa
Protesto pelos atrasos na construção da linha de metro do Porto até Trofa.

Pedras Salgadas - Vila Pouca de Aguiar
A população saiu à rua, na quinta-feira, a apelar à abstenção. O motivo do protesto prende-se com o não cumprimento do projecto hoteleiro Aquanattur no parque termal. Mas "não vai ser um boicote a cadeado, ou seja, as urnas vão abrir", explicou Rui Sousa. O presidente da Junta de Freguesia de Bornes de Aguiar garante, ainda assim, que "nós não vamos votar".

Caíde de Rei - Lousada
O presidente da autarquia, Jorge Magalhães, não esclareceu se haverá boicote. A população vai manifestar-se "pela positiva" em defesa do alargamento do cemitério e contra várias "injustiças".

Miranda do Corvo e Lousã
A hipótese de boicote às eleições presidenciais foi colocada pelo movimento cívico que defende o projecto do metropolitano de superfície do Mondego. Os autarcas afirmaram que um eventual boicote será uma "decisão pessoal", enquanto o presidente da Câmara de Coimbra garantiu que não vai aderir a um protesto desta natureza.

Gralheira - Cinfães
A população admitiu o boicote às eleições presidenciais, em protesto pela inexistência de rede de telecomunicações móveis, e promete colocar nas urnas dois bois, com a inscrição "boicote".

Granho - Salvaterra de Magos
Pondera boicotar as urnas, contra o encerramento do posto de saúde. Um panfleto anónimo a apelar ao boicote foi distribuído pela população da freguesia durante a semana.

Beja
A Associação de Defesa do Património de Beja chegou a admitir boicotar as eleições presidenciais - o motivo era o eventual fim das ligações directas do comboio Intercidades que faz a ligação entre Beja e Lisboa. Terá recuado na intenção do boicote, porque as pessoas no concelho de Beja não pretendem votar, segundo o dirigente Florival Baiôa.

Fuzeta - Olhão
A população de pescadores da Fuzeta ameaça com boicote - o motivo prende-se com o porto de abrigo.