Entrevista de Cavaco Silva a Judite de Sousa, esta noite na RTP
Esta não pode ser a postura e muito menos a explicação de Cavaco Silva para a suspeita que envolve os 140% de mais valias que ganhou com a compra e venda de acções da SLN, o grupo proprietário do BPN, protagonista da maior fraude financeira de que há memória em Portugal.
Cavaco Silva puxou dos pergaminhos para se fazer eleger e, nas últimas Presidenciais, apresentou-se aos eleitores como o «economista rigoroso» de que Portugal precisava, sobretudo em tempos de crise, onde tudo se jogava na actuação e capacitação económica dos decisores políticos que os portugueses escolhessem para colocar ao "leme" da nação. Na recarga política deste ano, com vista a um segundo mandato em Belém, Cavaco Silva volta a hastear a mesma bandeira, somando-lhe o argumento da «credibilidade da minha pessoa»: «era preciso nascer duas vezes para ser mais honesto do que eu», ousou já afirmar durante esta campanha.
Não é possível que um homem que faz coincidir a razão de ser da sua própria candidatura com o curriculum de 'expert' em matérias económicas se queira – quando lhe convém – fazer passar por um ingénuo reformado, incauto e desavisado, sereno no meio de todo o descaso romântico e confiante a que vota as suas poupanças e «as da minha mulher». Ninguém acredita. E ninguém acredita porque o dinheiro custa a ganhar e não é razoável crer que alguém, mesmo o cidadão menos esclarecido, esteja disposto a deixá-las correr, a entregá-las assim 'ao-Deus-dará' sem a menor ou mais leve preocupação em saber o que vai ser feito delas.
Das duas uma: ou Cavaco Silva, é milionário e se pode dar a essas excentricidades perdulárias (e então engana-nos há anos, com a severa pose de contenção e austeridade que diz pautar a sua vida pessoal); ou é um louco temerário, que pouco se está ralando para o que possa acontecer ao vil metal que possuiu (perfil que contrasta em absoluto com a imagem de ponderação e racionalidade que desde sempre nos vendeu). Em qualquer dos casos, a conclusão é sempre a mesma: um homem assim não serve aos interesses do país. Não pode, em hipótese alguma, aspirar a decidir ou sequer oferecer-se como garante da condução razoável dos destinos económicos portugueses. Que segurança nos inspira um presidente que se arroga ser um economista de gabarito, mas que quando confrontado com matérias da mesma bitola responde como um pato bravo e diz nada perceber do assunto por se tratarem de «acções estrangeiras com uns nomes esquisitos»?!
Afinal em que é que ficamos? Quem é, de uma vez por todas, Cavaco Silva? E quem quer Cavaco Silva ser para os eleitores a quem volta a pedir o voto, durante esta sua 2ª campanha às eleições presidenciais? O economista experiente e experimentado, o único que pode valer a Portugal nesta hora tão amarga para os cofres e finanças da nação? Ou o «humilde professor, minha senhora» que não entende nada do assunto e a quem não se pode pedir ou esperar que deva entender?
* Com a devida vénia ao Minoria Relativa, pelo vídeo em apenso.
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