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Debate "O Estado a que o Estado chegou"


O Diário de Notícias está a concluir a publicação do Especial – Grande Investigação DN, um conjunto de reportagens de fundo, a que o Conexão aqui fez referência, levadas a cabo com o objectivo de revelar publicamente o verdadeiro peso do Estado na economia portuguesa.
Na sexta-feira, 14 de Janeiro, o assunto foi alvo do debate "O Estado a que o Estado chegou", moderado por António Perez Metelo, redactor principal do Diário de Notícias, que se realizou no Auditório DN, em Lisboa, e foi  transmitido em directo pela TSF. Participaram: Lebre de Freitas, economista e professor universitário, Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças, Carlos Moreno, juiz jubilado do Tribunal de Contas, e Álvaro Santos Pereira, professor universitário.

Para ver na íntegra (vídeo dividido em 10 partes):


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O balanço de uma iniciativa

por João Marcelino

1. O Diário de Notícias terminou esta semana a publicação de um trabalho que visou retratar a dimensão do Estado em muitas das suas vertentes.
Como primeiro trabalho do nosso recém-criado núcleo de investigação, era uma tarefa à partida árdua.
O número de ângulos de abordagem é praticamente infinito.
Ser substantivo nesta matéria era - e é - tremendamente difícil. Se o Estado tem hoje uma dimensão exagerada, a verdade é que no âmbito do chamado Estado social exerce funções fundamentais, garantidas pela Constituição, e que devem ser preservadas, até de uma atitude excessivamente crítica que pode abrir caminho para a demonstração de apetites privados.
E restava sempre o aproveitamento político numa conjuntura propícia a isso com a campanha presidencial em curso para a Presidência da República.

2. O balanço desta iniciativa, que compartilho hoje neste espaço com os leitores, é muito positivo. Podíamos, é claro, ter feito melhor. É sempre possível ir mais fundo, ser mais perspicaz, mais competente, interpretar mais fielmente as necessidades das pessoas - e essa mensagem foi transmitida à pequena equipa de seis jornalistas que, durante um pouco mais de dois meses, em exclusivo, concebeu o trabalho com enorme dedicação e entusiasmo, conseguindo algo que em jornalismo é essencial: separar os factos da opinião, o substantivo do adjectivo.
Recebemos muitas e inesperadas mensagens de incentivo, de pessoas conhecidas e leitores anónimos, e também críticas, muitas delas pertinentes, que servirão para melhorar a nossa actividade diária.
Mas de tudo isto retiramos uma importante ilação: vale a pena o jornalismo ter uma agenda própria e colocar-se sem reserva do lado da cidadania, vivida esta sem qualquer intenção de protagonismo político. Aos jornalistas o que é do jornalismo e aos políticos o que é da política.

3. Este balanço envolve, da nossa parte, duas grandes críticas. A primeira vai para o funcionamento do Estado e de alguns ministérios. Há pessoas, pagas pelo dinheiro dos contribuintes, todos nós, que entendem a sua acção como algo de fechado.
Há titulares de cargos públicos, e respectivos colaboradores, que pensam que não têm obrigação de dar respostas às perguntas que lhes são oficialmente dirigidas. Quando o assunto não interessa, pura e simplesmente não respondem. E assim, nessa óptica de Terceiro Mundo, garantem pelo menos uma coisa: uma rectificação futura, em papel chancelado, de qualquer aspecto menor que uma investigação feita por fora sempre inevitavelmente acarreta.
É inadmissível este posicionamento.
Esperamos que ele seja revisto, mas se o não for seremos implacáveis com os ministérios e organismos que no futuro faltarem aos seus deveres. Teremos a arma da denúncia pública mas também recorreremos, se necessário for, aos tribunais. 
Os cidadãos têm o direito à informação e o Estado tem de dar essa formação aos seus servidores.

4. O outro aspecto prende-se com o desinteresse dos partidos por estes actos de cidadania. Para o debate público que ontem realizámos no nosso auditório, em Lisboa, transmitido em directo pela TSF e cujo resumo publicamos nesta edição, convidámos todos os partidos representados na Assembleia da República, os gabinetes do primeiro-ministro e do ministro das Finanças. Só o PSD, e ao mais alto nível, na pessoa do seu presidente, Pedro Passos Coelho, esteve presente.
Gostaríamos de ter tido connosco mais responsáveis do País e políticos eleitos, até porque entendemos que conseguimos produzir um trabalho isento que não visou encontrar culpados nem fazer perseguições.

Chegámos a este Estado, e a esta forma de entender o Estado, porque todos de alguma forma contribuímos e assim quisemos. A nossa mensagem é simples e objectiva: temos agora de mudar, responsavelmente, conceitos, atitudes e escolhas políticas. Pessoas como o juiz jubilado do Tribunal de Contas Carlos Moreno, os professores Carlos Santos Pereira e Miguel Lebre de Freitas e o ex--ministro das Finanças Miguel Cadilhe explicaram ontem, de forma substantiva, simples e entusiasmada pelo exercício da cidadania responsável, como e porquê. Que sejam ouvidos!
Publicamente faço aqui alguns agradecimentos: à Filomena Martins, que, em nome da Direcção do jornal, colocou de pé este projecto; à Maria de Lurdes Vale, que o animou com entusiasmo; ao António Perez Metello, que ontem dirigiu com a sua habitual qualidade o debate final, e ao João Céu e Silva, que vai agora coordenar com a editora Gradiva a publicação em livro desta nossa experiência. Mas, sobretudo, os meus parabéns vão para cinco jovens jornalistas: João Cristóvão Baptista, Sónia Simões, Rui Pedro Antunes, Rui Marques Simões e Carlos Santos.


# As perguntas que os ministérios não responderam
Na recolha de informação para a grande investigação sobre o Estado do Estado, que hoje se concluiu, o Diário de Notícias tentou obter dados relevantes de vários organismos públicos. O jornal decidiu divulgar igualmente a lista de perguntas ignoradas, quais os ministérios e os responsáveis que não responderam às questões  colocadas pelos jornalistas do DN.  

(...)


As perguntas que os ministérios não responderam
Na recolha de informação para a grande investigação sobre o Estado do Estado, que hoje se concluiu, o Diário de Notícias tentou obter dados relevantes de vários organismos públicos. Conheça os ministérios, as perguntas e os responsáveis que não responderam a questões importantes colocadas pelos jornalistas do DN.  






Grande Investigação DN - 8.ª parte

O que paga o contribuinte ao Estado

19 Janeiro 2011
Que impostos pagamos? Como é que o cidadão financia os Estado? Quanto é que o Governo espera amealhar este ano? As respostas estão neste trabalho do DN.


Grande Investigação DN - 7.ª parte

Caixa já empregou 23 ex-governantes na administração

13 Janeiro 2011
No período da democracia, 40 ministros e secretários de estado saíram directamente da política para cargos em grandes empresas.


Grande Investigação DN - 6.ª parte

Derrapagens pagavam troço do TGV

12 Janeiro 2011
Se o Estado tivesse cumprido os orçamentos das grandes obras públicas da década, teria poupado 1393 milhões. Mais um dossier para ler no DN.


Grande Investigação DN - 5.ª parte

Os custos das parcerias público-privadas

11 Janeiro 2011
Quanto pagará cada português em 2011? Que encargo representa por cada contribuinte? Qual o valor da factura este ano? As respostas já estão disponíveis online. 


Grande Investigação DN - 4.ª parte

Os custos das reformas

10 Janeiro 2011
Há mais de 4500 pensionistas a receber mais de 4000 euros por mês. Em 2011 regista-se o valor mais alto de sempre com as reformas dos políticos. Estas e outras conclusões agora disponíveis 'online'.


Grande investigação DN - 3.ª parte

Retrato da função pública

09 Janeiro 201121 comentários
Está previsto que se gaste três vezes mais ao nível da prestação de serviços. Os salários recuaram mais de uma década. O Estado tem um batalhão de 663 mil funcionários. Conclusões de um trabalho para...


Grande Investigação DN - 2.ª parte

Despesas recorde em tempos de contenção económica

08 Janeiro 2011
O DN publicou ontem a segunda parte de uma investigação que traça o verdadeiro retrato do Estado e que esteve apenas disponível na edição impressa. Veja hoje esse trabalho.


grande investigação DN

Maioria das entidades públicas não apresenta contas

07 Janeiro 2011
O DN iniciou ontem uma série de trabalhos de investigação. Hoje conheça aquilo que foi ontem publicado na edição impressa: as entidades financiadas pelo Orçamento que escapam ao controlo do Tribunal de...



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