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Decisão do Ibama autoriza desmatamento de 238 hectares para construção de canteiro de obras da usina de Belo Monte

Posted: 27 de jan. de 2011 | Publicada por AMC | Etiquetas: , , ,

Área do Rio Xingu, no Pará, que será alagada pela construção da usina de Belo Monte. foto: Marizilda Cruppe

Em mais uma trapalhada governamental, o Ibama concedeu ontem a licença de instalação parcial para o início do projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. O órgão, que deveria proteger o meio ambiente, jogou contra a natureza e a favor da usina ao autorizar o desmatamento de 238 hectares necessários para a montagem dos canteiros de obra e dos acampamentos nas localidades de Belo Monte e Pimental.
O amplo parque hidrelétrico brasileiro contribui para que o país tenha uma “poupança de água”, ou seja, um reservatório de energia controlável. Não é o caso de Belo Monte. Segundo o responsável pela campanha de energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, a previsão é que a geração da usina ficará a dever no período da seca, o que fará com que a hidrelétrica tenha um aproveitamento muito abaixo da média das usinas no Brasil.
De acordo com o relatório Revolução Energética, lançado ano passado pelo Greenpeace, o que garantirá a segurança energética no país é o complemento da energia hidrelétrica com outras gerações, como a biomassa e a eólica, que têm capacidade de garantir fornecimento ao logo do ano, independente das chuvas. “Não precisamos de Belo Monte. Ela causará mais impacto ambiental do que benefícios”, diz Baitelo.]
Além das questões técnicas e do prejuízo social e ambiental que a obra causará, o documento emitido pelo Ibama, chamado "licença de instalação específica", não é reconhecido pelo Ministério Público Federal (MPF) como válido dentro do direito ambiental brasileiro, o que significa que ele pode ser questionado a qualquer momento na Justiça.
Contra a decisão do órgão ambiental, várias ONGs, entre elas o Greenpeace, aderiram ao abaixo-assinado produzido pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre contra a obra.

Usina Presidente Médici, em Candiota, RS. foto: Lunaé Parracho

No dia 1º de janeiro Dilma defendeu o uso de energias renováveis. Menos de um mês depois apóia publicamente a inauguração de uma usina movida a carvão. Afinal, qual é a posição da presidente?
A política energética brasileira, uma das meninas dos olhos da presidente Dilma Roussef, deu, menos de um mês depois de ela prometer no discurso de posse o incentivo a investimentos em usinas à base de biomassa, eólica e solar, mais um passo para trás. O Brasil, oficialmente, coloca hoje mais uma termoelétrica movida à combustível fóssil em funcionamento em Candiota, Rio Grande do Sul. Trata-se da usina Presidente Médici, ou Candiota III como prefere, por óbvias razões, o atual governo. A usina, parte de um complexo de seis térmicas semelhantes, funciona a carvão, considerado uma das fontes mais poluentes de energia.
Candiota III é o terceiro tropeço do recém-empossado governo na área de energia em menos de um mês de vida. O primeiro foi o anúncio de um plano para construir 11 megahidrelétricas na Amazônia. O segundo, mais recente, a brutal forçada de barra para que o Ibama desse algum tipo, aliás qualquer tipo, de selo de aprovação à construção da usina de Belo Monte. E agora, Candiota III. Juntando os fatos, pode-se muito bem supor que o discurso de Dilma na sua posse, com declarações fortes em favor das energias renováveis, foi apenas papo. “Candiota III é um monumento à geração energética do passado”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energias Renováveis do Greenpeace.
Movida a carvão – o menos nobre e mais poluente dos combustíveis fósseis – Candiota III promete gerar 350 MW de energia deixando um rastro de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa que ameaçam a saúde humana e a estabilidade do clima do planeta. A usina deve garantir uma energia firme de 315 MW e a produção de 2,76 milhões de MWh por ano. Considerando a emissão média de 1 tonelada de CO2 por MWh típica de térmicas a carvão, obtém-se o espantoso montante de 2,76 milhões de toneladas de CO2 emitidos por ano. Na prática, toda essa numerália significa que uma única usina – responsável por pouco mais de 0,5% da energia gerada atualmente no Brasil - contribuirá com o aumento de 10% das emissões atuais do setor elétrico.

via Greenpeace Brasil

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