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O país de poetas ameaçado

por Maria do Rosário Pedreira

Diz-se que Portugal é um país de poetas e a verdade é que, em muitos países europeus e não europeus, a poesia portuguesa é sempre elogiada se comparada com a respectiva e a sua boa forma em todas as épocas referida em comentários laudatórios. Nós, os que gostamos dela e a lemos, ficamos um pouco decepcionados com o magro espaço de exposição que ela tem em livraria e a sua inexistência nos supermercados e outros pontos de venda mais democráticos, bem como com a escassa publicação de livros do género sobretudo desde que se iniciou o fenómeno da concentração editorial. Embora a poesia circule na blogosfera – mas nem toda é de qualidade –, tenho a certeza de que existem muitos bons livros de poesia que não conseguem passar das gavetas e dos círculos de amigos. E temo que venham a ser cada vez mais, pois, como referiu em entrevista mais ou menos recente um dos patrões do mundo editorial português, o mais provável será daqui a dez anos fazer-se dos livros de poesia apenas uma impressão digital de trinta exemplares para distribuição restrita por amigos, familiares e mais meia dúzia de interessados. De momento, não publico poesia na LeYa (apenas ficção), mas, se todas as editoras pensarem deste modo, podemos concluir que o país de poetas é coisa em extinção e que, por força das circunstâncias, nos vamos tornar um país de inventores de anedotas, actividade em que também não somos nada de deitar fora.

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