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Faz hoje 25 anos que o samba perdeu Nelson Cavaquinho

Posted: 18 de fev. de 2011 | Publicada por AMC | Etiquetas: , , , , , , ,

O último jogral, Jornal do Brasil, edição de 18 de Fevereiro de 1986

Um dos mais importantes criadores de sua geração, cantor, compositor e instrumentista, Nelson Cavaquinho morreu uma semana depois de comemorar a vitória da Mangueira no carnaval.
Artista boêmio, Nelson foi uma espécie de menestrel moderno, conhecido de toda a cidade, que percorria de botequim em botequim, cantando seus sambas. Começou a tocar cavaquinho aos 17 anos de idade e trocou a profissão de policial para viver do samba. Em Mangueira, fez o seu primeiro samba, Entre a Cruz e a Espada, e trocou o cavaquinho pelo violão, mas não abandonou o modo de tocar com o polegar e o indicador que sempre impressionou músicos de renome. Nunca mais parou de compor.
O primeiro sucesso foi Rugas (1946), com Augusto Garcez e Ari Monteiro, mas a fama maior viria mesmo na Mangueira, na qual entrou em 1952.
Nelson compôs com Cartola e com uma infinidade de parceiros, na maioria fictícios (entraram apenas com o nome). Um, se transformaria em sua alma gêmea: o mecânico de máquinas de calcular Guilherme de Brito, boêmio e seresteiro, pintor primitivo e poeta da mesma escola Nelsoniana. Nelson e Guilherme se encontraram em 1946, num botequim do subúrbio de Ramos. Nelson vivia o auge da mais destemperada boêmia: dias inteiros, semanas até, de bar em bar, sem aparecer em casa. Foi um casamento musical à primeira vista, uma união artística de 40 anos responsável por muitos dos melhores sambas já feitos. Alguns exemplos são: A Flor e o Espinho, Luto, Pranto de Poeta, Folhas Secas, Depois da Vida, Quando eu me Chamar Saudade.
Guilherme, boêmio mais moderado, tentou levar Nelson pelos caminhos de uma carreira menos atípica. Em vão, apesar de algumas concessões de Nelson, que nos últimos anos concordou em aproximar-se timidamente do mercado.
Apesar da grande produção artística, Nelson Cavaquinho deixou apenas dois LPs e teve algumas composições gravadas por intérpretes como Elizete Cardoso. Era um rebelde a seu modo, um verdadeiro artista do povo em estado puro. Queria apenas ver a sua arte cantada. Queria, sobretudo cantá-la ele próprio.

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