As quotidianas aflições de uma pobreza acelerada e sem remédio bate, hoje em dia à porta de quase todos os portugueses. As más notícias sucedem-se a cada hora que passa, as medidas de austeridades (as qe já foram impostas, as que estão prometidas e as que ainda se ocultam no segredo dos deuses) sucedem-se de dia para dia e o desespero reina, junto com as dores de cabeça e as noites sem dormir, a matutar na mera sobrevivência. Por mais que se pense, a conclusão é sempre só uma: as poupanças foram-se, os apoios sociais estão no fim, o dinheiro já não chega para garantir as necessidades básicas, o preço das coisas aumenta a cada semana e não há mais por onde a mente mais criativa possa possa cortar nos gastos.
Por todo o lado reina um medo sem fim que se traduz nas mais pequenas coisas: medo de abrir a caixa do correio e descobrir mais uma factura para pagar, medo que toquem à campaínha para cortar gás, água ou electricidade por algum pagamento em atraso, medo de ver chegar o dia do calendário em que vence a prestação da casa ou é preciso pagar a renda, os seguros, a escola dos filhos, a conta da internet ou do telefone. Medo de chegar ao trabalho e receber a notícia de que se vai ser despedido, medo que a resposta aos anúncios de emprego não chegue nunca ou venha tarde demais. Medo de ficar doente e não ter dinheiro para ir ao médico, para pagar a despesa da farmácia ou receber tratamento decente. Medo de um qualquer imprevisto, como uma avaria no carro (para quem ainda o tem!), no esquentador, no frigorífico ou no fogão, que obrigue a desembolsar um orçamento extra que não tem de onde sair. Medo de meter o cartão na caixa de multibanco e ver o ecrã anunciar que não há saldo disponível para efectuar o levantamento. Medo, medo e mais medo.
Em Portugal, os pobres são hoje miseráveis. Melhor: são quase todos. Não há classe média e muito menos remediada. A aflição de dinheiro para as coisas mais básicas e elementares da vida tomou conta das preocupações de todas as pessoas, de todas as conversas de rua, de todos os encontros de amigos ou serões em família. Em suma, de todas as pessoas com uma vida, até aqui, considerada socialmente 'normal' ou mediana: nem sem-abrigo, nem ricas.
Estava eu a pensar nisto - para variar!... - quando tropecei num artigo muito interessante, no Blog Poverty Matters do The Guardian, sobre o papel que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), desempenhou durante a Crise Mundial na salvaguarda da economia nacional brasileira: Development banks still have a role to play, as Brazil’s success shows.
Na mesma linha, pesquisando um pouco, vale a pena ler também os seguintes:
- Sucesso de micros e pequenos garante ‘milagre’ brasileiro
- A palavra-chave é: coloque ‘prata’ na mão dos pequenos
- Inclusão bancária e ampliação do acesso ao crédito pela população de baixa renda
- Inclusão bancária dos mais pobres ajudou a impulsionar economia brasileira
Pena que governantes e decisores políticos se estejam completamente nas tintas para olhar outros exemplos!... Porque tem que haver - existem com toda a certeza - caminhos alternativos de 'salvar' o país sem liquidar todos os que nele insistem em querer continuar a viver!
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