O Público - edição de 12.04.2011
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A foto de capa de O Público, o enorme mural que amanheceu nas paredes de alguns armazéns na frente ribeirinha do Tejo, contém uma mensagem social que não creio ser boa ideia menosprezar.
As primeiras 24h do FMI em Portugal fazem manchete em todos os jornais e abrem os noticiários das rádios e das televisões. Portugal será a única economia da Europa que não vai crescer em 2012. Todos os países do Mundo deixaram a crise para trás, menos Portugal. No Jornal de Notícias os números são claros: dentro de dois anos o país somará 700 mil desempregados. O último relatório da OCDE mostra que a taxa de desemprego é agora de 11,1%, ou seja voltou a subir durante o mês de Fevereiro, ao contrário do que sucedeu em todos os outros países da organização: Portugal é o 5º país do ranking onde a taxa de desemprego é mais elevada. Em Março, a inflação alcançou os 4%, ou seja, mais 0,5% do que no mês anterior. Não, não é boa ideia menosprezar o mural que apareceu frente ao Tejo. Ele é expressão visível de um desespero que já está a tirar o sono à sociedade. E toda a gente sabe: primeiro, que o sono é essencial à vida; segundo, que quando a vida se vê ameaçada, alguma coisa de muito entranhado irrompe violentamente na ânsia e no ímpeto de sobrevivência. Por ora, o grito social só começou a extravasar-se nas paredes. Pior será quando elas deixarem de bastar e tiver que encontrar outras formas e outros meios de se soltar.
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