foto: Sérgio Moraes
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, abriu hoje a conferência “Administrando os fluxos de capitais em mercados emergentes”, realizada em parceria com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o apoio do Banco do Brasil, que decorre hoje e amanhã no Caesar Park Hotel, Rio de Janeiro.
A apresentação de Mantega abordou as possíveis causas e consequências dos fluxos de entrada de capitais para os países emergentes e, em particular, para o Brasil. O ministro discorreu sobre as diferentes velocidades de crescimento entre os países ricos, que ainda não se recuperaram da crise financeira de 2008/2009, e os emergentes, cujas economias se expandem mais rapidamente.
Mantega considerou que a diferença entre estas velocidades de recuperação constitui um factor decisivo na explicação dos fluxos de capitais. O ministro lembrou que as distintas políticas monetárias aplicadas entre os países desenvolvidos e emergentes também têm sido apontadas como causa da actual aceleração da mobilidade de capitais. Para evitar a expansão do crédito doméstico e a apreciação excessiva da taxa de câmbio, explicou Mantega, os países emergentes têm adotado diversas medidas de administração dos fluxos de capitais.
Neste sentido, o ministro falou sobre a experiência brasileira que, em linha com o o que vem sendo realizado por outros emergentes, como a China, Índia, Indonésia, Chile, Tailândia e Coréia do Sul, tem procurado regulamentar de forma mais restrita a entrada de recursos especulativos de curto prazo.
Durante a apresentação, tentou mostrar que as medidas adoptadas pelo governo brasileiro surtiram efeito, destacando ainda que essas medidas não prejudicaram os investimentos produtivos de longo prazo e também não afectaram a credibilidade da política económica, tese que ilustrou com melhoria da classificação de risco concedida ao Brasil pelas principais agências de rating.
Mantega: fluxos de capitais devem continuar elevados nas economias emergentes
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que as diferentes velocidades das taxas de crescimento entre os países e os desequilíbrios das economias avançadas, que adotaram políticas monetárias expansionistas, estão entres as razões para o aumento dos fluxos de capitais nos mercados emergentes, como o Brasil.
Ele apontou ainda desregulação financeira, que dá mais liberdade para a expansão dos capitais, e a sofisticação dos instrumentos financeiros, como debêntures e hedge funding, como motivos para o movimento de elevação dos fluxos.
O tema será discutindo hoje e amanhã, no Rio de Janeiro, durante a conferência "Administrando fluxos de capitais nas economias de mercado emergente", promovido pelo Ministério da Fazenda e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
No discurso de abertura do evento, Mantega destacou que os fluxos de capitais devem continuar elevados e os emergentes devem encontrar maneiras de conviver com o fenômeno e sugerir medidas para atenuar seus impactos. “Os países avançados já vinham praticando política monetária expansionista, que se intensificou depois da crise", observou.
Segundo o ministro, essa expansão não chega ao consumo interno dos países avançados e os fluxos migram para as economias emergentes. Acrescentou que essa massa de liquidez tem estimulado o preços das commodities, gerando pressões inflacionárias.
Mantega afirmou que o uso da cartilha clássica da economia como solução para os emergentes, com políticas monetárias restritivas , levaria a uma acomodação do fluxo de capital em um ou dois anos, porém, com conseqüências negativas para o setor produtivo. “No longo prazo, estaríamos mortos. A indústria sofreria deterioração do parque manufaturado.”
O ministro apresentou algumas sugestões a serem discutidas no seminário para os países emergentes administrarem seus fluxos de capitais, como a rápida recuperação das economias avançadas e a reforma do sistema monetário internacional, de forma que todos os países, por exemplo, adotassem o câmbio flutuante. “Hoje, há regimes cambiais diferenciados. É preciso reduzir a manipulação cambial”.
O titular da Fazenda também defendeu a redução das políticas monetárias expansionistas, combinado com política fiscal, e reforma do sistema financeiro internacional, e a reforma do sistema financeiro internacional. “A excessiva regulação nos levou à crise de 2008. No G-20 e no FMI estamos discutindo uma reforma, que inclui a diminuição da alavancagem e adoção de regras prudencais”.
Mantega fez também um resumo das medidas adotadas pelo governo brasileiro para administrar os fluxos de capitais. Lembrou a redução dos gastos do governo, com corte de R$ 50 bilhões no Orçamento de 2011; aumento das reservas internacionais (US$ 330 bilhões); tributação para investidores não residentes que têm aplicado no mercado de renda fixa (6%) e renda variável (2%) ; taxação para tomadores de empréstimo com prazo inferior a dois anos (IOF a 6%).
O ministro enfatizou que, no conjunto de políticas monetárias e fiscais, não há taxação para Investimento Estrangeiro Direto (IED), de modo que o Brasil possa enfrentar melhor o cenário inflacionário. Afirmou que os investimentos diretos devem somar US$ 65 bilhões esse ano. “As medidas que tomamos controlam a entrada de capitais de curto prazo e não espantam os investimentos”, ressaltou.
Ele reforçou que as ações adotadas pelo governo brasileiro conseguiram conter aplicações em ativos mais especulativos enquanto os investimentos diretos continuam crescendo. Segundo Mantega, nos três primeiros meses do ano o país registrou o ingresso de US$ 35 bilhões e em maio, até o dia 20, foram apenas US$ 3,3 bilhões. “Acho que é satisfatório”.
via ASCOM - MF
# Para consultar na íntegra:
- Programação do Evento
- Apresentação feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega na Conferência: PDF ou MP3
Cf. também:
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