Acostumada a sair e entrar nos eventos sem falar com a imprensa, a presidente Dilma Rousseff rompeu o silêncio nesta terça-feira, após lançar o programa Caminho da Escola, no Palácio do Planalto, e falou sobre os três temas mais polêmicos para o governo neste momento: a crise envolvendo o ministro Antonio Palocci, o kit anti-homofobia e o Código Florestal.
Com a pneumonia, Dilma havia se afastado dos compromissos públicos, mantendo apenas uma agenda com despachos internos e reuniões com ministros. Na semana passada, ela já havia feito uma aparição pública, mas não concedeu entrevista. De longe, disse aos jornalistas apenas que a saúde de Palocci ia bem.
Após o ex-presidente Lula assumir a articulação no governo, a presidente saiu pela primeira vez em defesa do principal ministro de seu governo.
- Quero assegurar que o ministro Palocci está dando todas as explicações para os órgãos de controle. Espero que essa seja uma questão que não seja politizada como aconteceu ontem, com aquela questão da devolução dos impostos da empresa WTorre (uma das empresas que teria contratado os serviços da consultoria de Palocci) - disse Dilma, referindo-se à denúncia do PSDB de que a empresa teve restituição em tempo recorde na Receita Federal porque contaria com a intervenção de Palocci.
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Sobre kit anti-homofobia, Dilma governo não deve 'interferir na vida privada das pessoas'
Sobre outro tema que rendeu dor de cabeça ao governo, o kit anti-homofobia, Dilma disse que fará uma revisão do material, que causou revolta da bancada religiosa na Câmara. Na quarta-feira, a presidente suspendeu a produção de distribuição do kit. Segundo ela, o governo não deve "interferir na vida privada das pessoas" :
- O governo defende a educação e também a luta contra práticas homofóbicas. No entanto, não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais. De nenhuma forma nós podemos interferir na vida privada das pessoas. Agora o governo pode fazer uma educação de que é necessário respeitar as diferenças e que não se pode exercer práticas violentas contra aqueles que são diferentes.
Em reunião com o ministro da Educação, Fernando Haddad, nesta quinta-feira, a presidente determinou que todo o material produzido pelo MEC, pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Direitos Humanos sobre costumes sejam submetidos a um comitê da Secretaria de Comunicação Social (Secom).
VÍDEO : Assista aos três vídeos do kit
Código Florestal: Presidente diz que não vai anistiar desmatadores
Considerada a primeira derrota do governo, a votação do Código Florestal foi alvo da análise de Dilma. A presidente reafirmou que não aceitará a anistia aos desmatadores , conforme propõe o projeto aprovado pela Câmara, e que o governo pretende mudar esse ponto no Senado.
- Eu não concordo que o Brasil seja um país que não tenha condição de combinar a situação de grande potência agrícola que ele é com a grande potência ambiental que ele também é. Nós temos, sim, condições de fazer isso. Por isso, eu não sou a favor da consolidação dos desmatamentos, da anistia aos desmatamentos - disse, para completar em seguida:
- O desmatamento não pode ser anistiado, não por nenhuma vingança, mas porque as pessoas têm de perceber que o meio ambiente é algo muito valioso que nós temos de preservar. É possível preservar o meio ambiente e produzir os nossos alimentos.
INFOGRÁFICO : Os principais pontos do novo Código
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