Metade do município de Laranjal do Jari, no Amapá, está embaixo d'água. Mais de 3,6 mil pessoas tiveram que deixar as suas casas nos últimos dois meses e estão abrigadas em oito escolas públicas. Outras quatro escolas estão inundadas.
O Rio Jari, que chegou a subir três metros do nível normal, já começou a recuar, mas para que a situação comece a ser normalizada ainda é necessário que baixe um metro. Na rua principal da cidade foi improvisado um porto e agora são os barcos que fazem o transporte das pessoas através das ruas. Os moradores estão sem água potável e a sua distribuição está a ser feita por três caminhões-pipa, mas é insuficiente para atender a todas as famílias. As casas que ficam a um quilómetro das margens do rio seguem inundadas.
Padres publicam abaixo assinado em solidariedade à população do sul do Amapá
Nós padres abaixo assinados, em nome da população a serviço da qual estamos trabalhando, queremos dar voz aos milhares de moradores dos municípios de Laranjal e Vitória do Jarí que estão sendo, mais uma vez, desrespeitados nos mais elementares direitos.
Os transtornos da enchente complicam a vida e dificultam o dia a dia, obrigando todo mundo a mudar diariamente a rotina para chegar aos locais de trabalho ou para cumprir as tarefas necessárias ao sustentamento das famílias.
Como se não bastasse, desde o mês de abril não podemos nos deslocar até a capital, pois a estrada está interrompida por três grandes atoleiros que impedem o transito dos veículos. A população não se dirige para Macapá para apreciar as belezas turísticas daquela cidade, mas para cuidar da saúde, visitar os parentes, cumprir compromissos. Tudo isso vem sendo comprometido por causa da intransitabilidade da BR 156. Ao longo da estrada os meios pesados, aptos para resolver o problema, estão inexplicavelmente parados.
Por isso, unimos nossa voz a voz de quantos se sentem abandonados pelas autoridades, pois os impostos pagos pelos cidadãos não estão servindo, como deveriam, a garantir uma vida digna a cada trabalhador e suas famílias.
Com todo respeito, pedimos que as autoridades que visitam nossos municípios, o façam passando pela estrada e não de avião.
Gostaríamos de lembrar também que, por causa deste problema, os moradores das comunidades localizadas na floresta e ao longo dos ramais não estão podendo escoar seus produtos agrícolas que, na maioria dos casos, são a única fonte de sustentação da família.
Da mesma forma, os professores destas comunidades rurais têm mais esta dificuldade para cumprir com seu dever com seus alunos, assim como para garantir a merenda escolar diária.
Pedimos que as autoridades e os órgãos competentes voltem o olhar para cá e nos ajudem.
Que Deus possa iluminar cada um e dar as condições para que quem sofre encontre a solidariedade de quem pode solucionar este problema.
Laranjal do Jarí, 27 de Maio de 2011
Padre Daniel Curnis
Padre George De Mello
Padre Mauro Pedrinelli
Seguem as assinaturas do Bispo Dom Pedro José Conti, dos padres Castrese Aleandro, Luis Carlini, Daniel Nascimento Campos Filho, José Idinaldo Beltrão Sá, José Marchesi, Italo Milani, Dennis Koltz, Prakasha R. Nallamelli, Roberto Gazzoli, Dante Bertolazzi, Domenico Franzese, José Cláudio G. Barros, Aparecido Luis de Souza, Valdomiro Gomes de Moraes, Paulo Ney Sanches Macedo, Stefano Bertoni, Fábio Rogério de Pereira, Railson Carneiro, Michele Vanin, Paolo Zola, Angelo Da Maren, Edmundo Dias Feitosa, Sisto Magro e diácono Raimundo Gomes dos Santos.
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