Leio em O Público:
O Comité de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu hoje elevar em 0,25 pontos percentuais a taxa básica de juros do país (Selic), que passa para 12,25 por cento, anunciou a autoridade monetária brasileira.
O aumento agora anunciado é o quarto movimento de alta consecutivo da Selic, num resultado já esperado pelo mercado financeiro. Na reunião, o comité justificou a decisão com o contexto de riscos inflacionistas e o “ritmo ainda incerto de moderação da actividade doméstica”, bem como a “complexidade” que envolve o ambiente internacional. Com esta subida, o Brasil mantém-se como um dos países com as maiores taxas de juro do mundo.
Ou seja: com esta subida, o Brasil mantém-se como um dos países com as maiores taxas de juro do mundo. Uma decisão interessante de cruzar com o plano de Trichet para controlar a inflação na zona euro, e duas outras notícias recentes, a saber:
- "O Banco Central Europeu (BCE) deixou hoje inalterada, em 1,25 por cento, a sua principal taxa de juro directora, determinante para os juros a pagar por famílias e empresas": aqui.
- "A inflação anual na zona euro desceu de 2,8 por cento em Abril para 2,7 por cento, anunciou hoje o Eurostat, mantendo-se há seis meses acima do objectivo definido pelo BCE": aqui.
As taxas de juro de referência do BCE desceram fortemente após a crise financeira mundial do final de 2008, tendo a taxa aplicada às principais operações de refinanciamento (Refi) ficado quase dois anos em um por cento, até que em Abril deste ano subiu para 1,25 por cento.
A taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez e da facilidade permanente de depósito também se mantêm inalteradas, em respectivamente 2,0 e 0,50 por cento. A decisão do BCE não surpreende, na medida em que era a expectativa da maioria dos economistas consultados pelas agências Reuters e Bloomberg, que apontam para uma provável nova subida daqui a um mês, em Julho.
A permanência há seis meses da inflação acima do objectivo de médio prazo do BCE (próximo mas abaixo de dois por cento) justifica a preocupação que tem sido manifestada com o controlo da subida de preços, que tem estado a ser acelerada pelo aumento do petróleo, bem como a expectativa até agora mais aceite pelos analistas de que, até ao final do ano, os juros directores subam para 1,75 por cento.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, voltou a dizer, a 26 de Maio, que a zona euro pode sofrer uma nova subida da taxa de juro de referência, dando continuidade à nova fase de aumento dos juros iniciada em Abril para combater a inflação.
O BCE está a monitorizar “cuidadosamente” o controlo dos riscos de inflação na zona euro, explicou então Trichet no seu discurso, numa conferência em Berlim do “WDR Europa-Forum”, antecipando uma possível subida dos juros já a 9 de Junho, na reunião de conselho de governadores da instituição.
O presidente da autoridade monetária da zona euro insistiu no facto de ser preciso “evitar os aumentos dos preços das matérias-primas, que influenciam as perspectivas de longo prazo da inflação, o que poderia ter efeitos de segunda ordem sobre os salários e preços”.
Numa altura em que o aumento da taxa directora penaliza sobretudo os países periféricos da zona euro, a braços com uma crise da dívida soberana, Trichet defende que a instituição que lidera tem demonstrado uma “independência feroz” nas decisões sobre a taxa de juro, alterando-a independentemente da vontade dos Estados-membros.
E passou em revista algumas decisões da política monetária sob sua orientação. “Recusámo-nos a diminuir as taxas no início de 2004, quando a Alemanha, a França e a Itália, em particular, nos pediram para o fazer. E não hesitámos em aumentar os juros em Dezembro de 2005”, lembrou, recordando que só em 2008 com o recuo das pressões inflacionistas o banco central decidiu reduzir a taxa de referência.
Depois de ter estado nos 4,25 por cento entre Outubro de 2008 e Maio de 2009, a taxa passou para um por cento, mantendo-se inalterada neste mínimo histórico até Abril deste ano.
No último mês de Abril, a taxa elevou-se para 1,25 por cento, numa altura em que a inflação na zona euro já atingia os 2,8 por cento.
publicado em O Público
0 comentários:
Postar um comentário