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Entrevista do ministro Palocci à TV Globo e a actualização do 'folhetim' que aquece no Brasil

Posted: 4 de jun. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , , , ,

O ministro Antonio Palocci ontem no Palácio do Planalto. foto: Gustavo Miranda

É o frou do momento nos bastidores da política, hoje no Brasil: confirmou-se o rumor e o ministro-chefe da Casa Civil do Governo Dilma, Antonio Palocci, veio mesmo falar publicamente sobre o escândalo que o tem envolvido. Foi a primeira vez que Palocci comentou as denúncias de enriquecimento ilegal de que é alvo e sobre as quais tem sido abundantemente questionado nos últimos 20 dias. O ministro rompeu, enfim, o silêncio em que escudava e concedeu uma entrevista à TV Globo, exibida esta sexta-feira à noite pelo Jornal Nacional.
Aquilo que se comenta pelos corredores do poder é que a entrevista de Palocci atende a um pedido da própria presidente Dilma Rousseff, ela que até aqui tem optado por manter uma distância higiénica da  polémica. Diz-se que a estratégia do ministro era esperar o parecer do procurador geral, Roberto Gurgel, sobre o caso e ir adiando o momento de se pronunciar. Acontece que, com a contestação já instalada no Planalto e na própria base petista - que nem mesmo Lula, se despencando até Brasília para incentivar as hostes a selarem barreiras de defesa em torno de Palocci, conseguiu travar - Dilma considerou que seria um erro aguardar mais tempo.
A presidente terá compreendido que a generalização da exigência de explicações detalhadas sobre o encaixe verdadeiramente astronómico de milhões de reais nas contas privadas do seu ministro ditava o fracasso da estratégia de distância e silêncio que havia desenhado para responder à turbulência. Dilma acabou assim por ser forçada a dar eco aos receios próximos dos que temem que o episódio prejudique todo o Governo.
A permanência de Palocci no cargo parece depender agora dos esclarecimentos e do fim das acusações que pendem sobre a evolução meteórica do seu património pessoal.
Esta noite, no Jornal Nacional da TV Globo, Palocci defendeu-se das acusações de enriquecimento ilícito e negou que a empresa de consultoria que possui tenha agido de forma ilegal. Todavia, continuou a recusar revelar a proveniência dos lucros avultados que facturou e manteve-se firme no propósito de não revelar os nomes dos clientes a quem alegadamente prestou serviços.
A primeira entrevista do ministro foi recebida com descrédito pela oposição, mas considerada «convincente» por lideranças do PMDB, partido da base aliada do Governo. Resta saber que avaliação fará Dilma e o seu 'Estado-maior' e se as considerará suficientes para manter o ministro, num momento em que o próprio PT já discute a lista de eventuais sucessores para a pasta.
(...)

Em baixo, clicando no  link para expansão dos conteúdos, e com a devida vénia ao Noblat, ficam dois vídeos com excertos alargados da entrevista. Para completar, deixo também a transcrição integral da mesma, bem como a entrevista prévia que o ministro concedeu por escrito, também hoje, à Folha de S.Paulo. Depois, seguem as primeras reacções à entrevistas: da oposição, do próprio Governo, dos media e nos comentadores políticos. A par com as análises e as críticas, deixo ainda um clipping com o que de mais importante aconteceu, se disse e escreveu no 'novelame' do Caso Palocci, durante estes 20 dias.

[ACTUALIZADO]





[EXCERTOS DA ENTREVISTA DO MINISTRO PALOCCI À TV GLOBO]

Parte 1:


Parte 2:


[TRANSCRIÇÃO INTEGRAL]

Quanto a sua empresa, a Projeto, faturou ano a ano, de 2006 a 2010?
Todo o faturamento da empresa foi registrado nos órgãos de controle tributário tanto da Prefeitura de São Paulo, quanto da Receita Federal. Todo o serviço prestado pela empresa foi feito a partir de emissão de notas fiscais regulares e todos os impostos foram recolhidos. Se tratava de uma empresa privada, que prestava atividades privadas, que foi registrada em meu nome e de meu sócio na Junta Comercial de São Paulo. Portanto eu não tive uma atividade reservada, tive uma atividade pública. Agora, os números da empresa são números que eu gostaria de deixar reservados porque não dizem respeito ao interesse público. Agora, os contratos, sim, aquilo que eu fiz, serviço que eu prestei, as empresas que eu atendi, as empresas que tinham contrato coma Projeto, posso falar perfeitamente sobre eles.

Agora em relação aos ganhos, ministro, surgem alguns valores. A ‘Folha de S.Paulo’ deu inclusive que no ano de 2010 houve um faturamento de R$ 20 milhões e nos meses de novembro e dezembro, R$ 10 milhões só nesses dois últimos meses, meses em que o senhor estava participando da transição do governo. Esses valores são verdadeiros?
Os valores podem ser aproximados, eu não tenho eles nesse momento. Mas o que ocorre é que no mês de dezembro eu encerrei as atividades da empresa, dado que ia assumir um cargo na Casa Civil, no governo federal. Eu promovi um encerramento das atividades todas de consultoria da empresa, todos os contratos que eu tinha há dois anos, há cinco anos, há três anos, foram encerrados e eles foram quitados. Ou seja, aqueles serviços prestados até aquele momento foram pagos nesse momento. Por isso que há uma arrecadação maior nesse final de ano, mas são contratos de serviços prestados. Hoje, por exemplo, a empresa não tem mais nenhum contrato, nenhuma arrecadação, nenhum valor.
Por isso eu tenho esclarecido, e reafirmo aqui pela oportunidade, que a minha empresa jamais atuou junto a órgãos públicos, ou diretamente prestando consultoria para órgãos públicos ou representando empresas privadas nos órgãos públicos.

Mas essas empresas para as quais o senhor trabalhou, elas tinham interesses no setor público? Estavam fazendo negócios com o setor público?
Não, eu nunca participei. Quando uma empresa privada tinha negócio com o setor público, eu nunca dei consultoria num caso como esse. Até durante a semana jornalistas me perguntaram sobre isso, eu pude esclarecer casos concretos que me foram apresentados, mas em nenhum momento eu participava de um empreendimento, vamos dizer, que envolvesse um órgão público e um órgão privado. Um fundo de pensão de empresa pública com uma empresa privada, nunca participei disso. O que eu fazia era uma consultoria para empresas privadas. Se a empresa tinha uma necessidade junto a um órgão público, ela tinha lá seu departamento ou a sua prestação de serviços para isso. Eu não fazia isso porque isso a lei não me permitia e eu tinha perfeita clareza do que a lei permitia ou não permitia.

Eu sei que o senhor não quer falar especificamente sobre números, mas o senhor disse que em 2010 foi mais ou menos esse valor, cerca de R$ 20 milhões. Nos anos anteriores, 2006, 2007, 2008, 2009, nesses anos. O senhor faturou quanto, próximo desse valor?
Não, foram valores inferiores. A empresa foi ampliando a sua atuação, ampliando o seu faturamento naturalmente. Eu comecei a empresa em 2006, antes mesmo de ser deputado. E aí comecei a estabelecer os contratos da empresa. Mas insisto com você que isso é muito importante. Todos os contratos da minha empresa que era um empresa privada com empresas privadas. Nunca que uma empresa privada precisou de uma atividade pública ou de um órgão público, a minha empresa tenha atuado nesses casos. Porque aí eu tinha clareza que isso não poderia se realizar.

Por que o senhor não divulgou a lista de clientes?
É uma pergunta muito importante que você me faz. Muitas pessoas pediram para divulgar a lista de clientes. Veja, semana passada, uma empresa admitiu que teve contratos comigo. O que aconteceu? Deputados da oposição foram imediatamente apresentar acusação grave contra essa empresa, que teria conseguido restituição de impostos, em tempo recorde, por minha intermediação. Veja a gravidade da afirmação.

O senhor nega isso?
Não sou eu que nego. Duas horas depois, a Receita Federal divulgou um relatório, mostrando que a Receita Federal tomou a decisão em relação a essa empresa quase dois anos depois de requerida a devolução do imposto e por determinação judicial.
Eu vi o despacho, a Justiça diz que a Receita deveria prestar informações sobre aquela empresa específica porque o tempo da prestação de informações teria passado. Mas aí a Receita não apenas não recorreu como resolveu pagar de imediato quando o prazo para pagar esse imposto seria até cinco anos.
Não, a decisão da Justiça foi que a Receita Federal tomasse a decisão. Qual era a acusação? Que a empresa teria recebido em 44 dias a restituição. Agora, o processo correu, mais de um ano.

A segunda restituição, porque são dois impostos, um de 2008 e outro de 2009. A entrada foi próxima. Esses 44 dias foi depois da entrada do pedido do segundo imposto. 44 dias depois, a Receita Federal mandou pagar esse segundo imposto com o primeiro que havia sido solicitado, num total de pouco mais de R$ 9 milhões.
O primeiro que havia sido solicitado há quase 2 anos. Então não se pode falar em tempo recorde. Não se pode inferir, a partir daí, que eu tenha atuado no caso. Então por que eu estou dizendo isso para você? Eu não divulgo o nome de terceiros, o nome de empresas que são idôneas, são empresas renomadas nos seus setores. Porque, como há um conflito político, eu, como homem público, me disponho a dialogar nesse conflito político. Agora eu não tenho o direito de expor terceiros nesse conflito. A não ser que alguém levante um problema ocorrido em relação a uma empresa, aí sim a própria empresa vai se manifestar. Agora, eu não posso expor contratos que tive com empresas privadas renomadas nas suas áreas num ambiente de conflito político.

O senhor não vai divulgar a lista de clientes?
Não devo fazê-lo. Acho que não tenho o direito de fazer a divulgação de terceiros. Eu acho que eu devo assumir os esclarecimentos relativos à minha empresa.

O senhor poderia, pelo menos, dizer em que setor que essas empresas atuam, que tipo de negócios foram feitos?
Eu atuei em setores de indústrias, trabalhei na consultoria para vários segmentos de indústria, trabalhei no setor de serviços financeiros, no setor de mercado de capitais, bancos e empresas, fundos de mercado de capitais. Fundos trabalham principalmente com investimentos em outras empresas privadas, e trabalhei em empresas de serviços em geral. Então veja, é um conjunto de empresas que pouco tem a ver, por exemplo, com obras públicas, com investimentos públicos. São empresas que vivem da iniciativa privada e que consideraram útil o fato de eu ter sido Ministro da Fazenda, de ter acumulado uma experiência na área econômica, de conhecer a área econômica. Depois que eu deixei o ministério, fiquei quatro meses respeitando a quarentena e só depois disso passei a prestar serviço de consultoria.

Muitas empresas tradicionais do ramo, com larga experiência, com dezenas de profissionais, não tiveram faturamento tão alto quanto o senhor teve em 2010. Faturamento muito alto. Não é difícil aceitar a tese que o senhor teve faturamento tão alto quando outras empresas com estrutura muito maior e profissionais competentes não teve esse faturamento?
Eu respeito essa questão. Há muitas empresas, com profissionais muito competentes. Mas não sei se elas não têm bom faturamento, acredito que elas tenham também resultados muito importantes. A diferença da minha empresa para as demais em relação a esse ano de 2010 é que eu encerrei contratos e todo o trabalho realizado foi quitado neste momento.

Mas nos anos anteriores o faturamento do senhor também era...
Não eram esse valores, era menor.

Era metade desse valor, 30%, 20% desse valor?
Algo nesse sentido.

20%? 30%?
Se você me permitir, eu respeito todas as suas perguntas. Respeite o direito de eu não falar em valores.

Nós temos que considerar que as pessoas que esperam esclarecimentos, elas querem detalhes dos contratos, das negociações, dos números. Até que elas possam fazer uma análise. Porque não se pode esperar que como homem público, como homem de negócios até poderia, mas como homem público sabe que homem não precisa apenas ser honesto, precisa parecer honesto. O senhor acha que sem dar detalhes o senhor vai conseguir convencer as pessoas, a opinião pública?
Meu papel é cumprir lei rigorosamente a lei. Eu não estou acima da lei. Por isso quando criei empresa segui todas as providências no sentido de ter licenças legais. Bens da empresa são registrados em cartório em nome da empresa. Tudo está literalmente registrado e adequado. Quando eu vim ao governo, eu entreguei à comissão de ética da Presidência da República todas as informações das medidas que tomei. Quais foram? Encerrei as atividades de consultoria, nenhuma atividade de consultoria é feita hoje pela empresa, nesses últimos seis meses. Portanto hoje eu não atuo. Estamos conversando sobre a atuação no passado da empresa. Hoje eu não atuo na empresa e cumpri aquilo que a lei dizia que eu devia cumprir como ministro. A comissão de ética recebeu todas as informações e disse que não havia nada de errado. A Procuradoria Geral pediu informações e mandei todas as informações que pediram. Então vamos ver a avaliação desse organismo. Quando a Receita diz que não tem pendência da minha empresa na Receita Federal, tenho certeza que você considera isso uma informação relevante. Quando o Coaf diz que não há qualquer investigação sobre minha empresa, tenho certeza que você considera isso uma informação relevante.

Se não der todas as informações, não fica parecendo que alguns clientes foram atrás do senhor não atrás da expertise, mas atrás de favores futuros?
Eu não acredito que nenhuma pessoa tenha essa inclinação. Eu posso te afirmar, reafirmar, categoricamente, que toda a arrecadação da empresa seu deu através de contratos. E não estou dizendo que essa informação que estou lhe dando ficará secreta. Ela será fornecida aos órgãos de controle. Isso que é uma questão fundamental que eu quero que você compreenda. Nenhuma informação da minha empresa é secreta. Não estou dizendo que não darei informações aos órgãos de controle. Estou dizendo o contrário. Todas as informações tributárias já estão nos órgãos de controle. E todas as demais informações serão prestadas à Procuradoria Geral da República. Portanto, toda a vida da minha empresa estará disponível para os órgãos de controle.

O senhor hoje se considera plenamente capaz de continuar conduzindo as suas tarefas no governo, diante dessa crise?
Veja, Julio, não há uma crise no governo, há uma questão em relação à minha pessoa, eu prefiro encarar assim e assumir plenamente a responsabilidade que eu tenho nesse momento de prestar as informações aos orgãos competentes e dar as minhas explicações. isso é uma coisa que cabe a mim. não há crise no país, não há crise no governo.

O senhor acha que isso não tem interferido no dia-a-dia do governo?
Não, de forma alguma, o governo toca sua vida, trabalha intesnamente, há, sim, eu não vou negar que é uma questão dirigida à minha pessoa. com forte intensidade, com forte conteudo politico.

Como o senhor avalia, por exemplo, o caso do deputado Garotinho que chegou a referir-se ao senhor como um diamante de R$ 20 milhões, sugerindo uma chantagem pra aprovação de propostas de interesse dele no congresso nacional. o senhor acha que isso não afeta ...
Eu li uma coisa parecida com essa no jornal. não acredito que o deputado tenha dito isso, porque não é um procedimento..

... mas disse, ministro
... nem muito perto do adequado

... mas disse, ministro
...eu tenho dito aos meus colegas do congresso aquilo que me couber explicar, eu devo explicações vou fazê-lo, jamais eu posso dentro do governo trocar um assunto por outro ou misturar um assunto por outro. o governo tá tocando sua vida, as coisas estão acontecendo normalmnete. eu enfrento uma questão agora, uma polêmica, agora, vou fazê-lo pessoalmente, vou trazer isso pra minha responsabilidade, informando os orgãos de controle e dialogando francamente sobre essas questões.

Ministro, o senhor chegou a colocar o cargo à disposição da presidente Dilma?
Olha, o meu cargo, a presidente Dilma tem o meu e o de todos, o meu cargo e de todos os ministros. ela, nós não chegamos a conversar sobre esse assunto, mas não h´esse que me prende ao governo, estou aqui pra colaborar com a presidente, faço minha atuação no governo. tudo que eu fiz na iniciativa privada eu prestei contas relativas a isso e tô muito tranquilo e muito seguro em relação aos procedimentos que tive.

Se o procurador-geral da República decidir abrir investigação contra o senhor. o que é que o senhor pensaem fazer?
Se você me perguntar isso depois de acontecer eu lhe dou uma resposta em primeira mão. Mas eu, eu não posso, Júlio, se você me pernite, eu não posso responder em hipótese.
Isso acontece na vida política, questionamentos dessa ordem. Nós temos que ter tranquilidade de estar certos do que fizemos e de oferecer as explicações adequadas. Não há coisa, Julio, mais difícil do que você provar o que não fez, porque não há materialidade no que não fez. Eu digo a você: não fiz tráfico de influência, não fiz atuação junto a empresas públicas representando empresas privadas. Aí, como eu te provo isso?

Essa é uma boa pergunta. Como o senhor prova isso?
Você tem que... tem que existir boa fé nas pessoas. Por isso que a lei diz que quando há uma acusação, que é legítima haver, ela deve vir acompanhada de indícios ou de provas ou no mínimo de indícios. Por isso que nós precisamos acreditar na boa fé das pessoas. Eu te digo: não há problema estar em questão as minhas atividades nesse momento. Mas eu quero que as pessoas tenham boa fé, que escutem as explicações, que vejam as documentações enviadas aos orgãos públicos e que eu seja avaliado com Justiça, os meus direitos e os meus deveres.

via G1


[REACÇÕES À ENTREVISTA]

Explicações
Palocci fala sobre o patrimônio no Jornal Nacional
Palocci nega tráfico de influência e atuação junto a órgãos públicos
Em entrevista ao 'Jornal Nacional', ministro admite que contratos tinham cláusula de 'previsão de ganhos', mas não revela clientes
 
Repercussões
Líderes da base aliada avaliam que situação de Palocci melhora após explicações no Jornal Nacional
Líderes da base avaliam que situação de Palocci melhora após explicações
Oposição diz que explicações de Palocci são insuficientes
Explicações não foram suficientes, diz oposição
Para PPS, entrevista não desobriga Palocci a falar ao Congresso


[ENQUADRAMENTO RECENTE]

DECISÃO: Executiva nacional resolve aguardar esclarecimentos de Palocci
EXPLICAÇÕES: Políticos reagem ao silêncio de Palocci
IMPLICAÇÕES: Marco Maia é alertado sobre riscos de cancelar convocação de Palocci
EM NOTA : Fazenda diz que agiu certo ao não recorrer de pagamento de restituição à empresa assessorada por Palocci
BASTIDORES: Petistas creem em queda de Palocci

MAIS RECENTES:
Na TV, Palocci nega que tenha feito tráfico de influência
Oposição diz que explicações de Palocci não foram suficientes
Convocação de Palocci foi decidida no 'visual', afirma deputado
Dilma diz que não se pode ser 'refém do medo e da timidez'
Palocci quer desvincular crise do governo
Exclusivo: Palocci diz que ninguém provou irregularidades
Exclusivo: Palocci diz que não informou Dilma sobre clientes
Receita diz que agiu corretamente com cliente de Palocci 
‘O Brasil não pode ficar refém de uma só pessoa’, diz Ciro Gomes sobre intervenção de Lula
Para Mercadante, intervenção de Lula no caso Palocci não é sinal de fraqueza de Dilma
Presidente Dilma viaja na segunda-feira para o Uruguai
Dilma adia viagem ao Uruguai para o dia 30
Dilma teria conhecimento de empresa de Palocci
Lula diz que saúde de Dilma está ‘ótima’


[CRÓNICAS, OPINIÕES E COMENTÁRIOS]


Palocci grava entrevista para o Jornal Nacional da TV Globo
As explicações do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, sobre a evolução de seu patrimônio e suas atividades como consultor devem ir ao ar no "Jornal Nacional", da TV Globo, na noite desta sexta-feira, como adiantou o Blog do Noblat, com actualização aqui

Palocci começa a gravar entrevista daqui a pouco. Acabou de chegar no Palácio do Planalto uma equipe de sete funcionários da TV Globo com a missão de gravar a entrevista do ministro Antonio Palocci, a ir ao ar, logo mais, no Jornal Nacional. Palocci será entrevistado pelo repórter Júlio Mosquera.
Atualização das 16h19 - O Jornal Nacional divulgará trechos da entrevista de Palocci. A íntegra da entrevista será exibida depois das 21h na Globo News. É o que foi combinado.
A entrevista deve ser gravada, com parte sendo exibida no JN e a íntegra vai ao ar na Globo News. 

Por volta das 16h, uma equipe de sete pessoas chegou ao Palácio do Planalto, onde fica o gabinete de Palocci, para a entrevista, que será feita pelo repórter Júlio Mosquéra.
Palocci comprou, por meio de sua empresa de consultoria, a Projeto, um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil. Somente em 2010, ano em que era um dos coordenadores da campanha da presidente Dilma Rousseff, a empresa do então deputado faturou R$ 20 milhões . Boa parte da movimentação financeira teria ocorrido no fim do ano passado, com o fim da eleição.
A própria presidente Dilma pediu para que Palocci viesse à público para dar explicações sobre sua evolução patrimonial.
- Ela (Dilma) não pediu para esperar passar a crise. Ela falou com ele que era importante que ele falasse - disse na quinta-feira o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Palocci vai se explicar usando uma entrevista ao Jornal Nacional

Ministro atende a pedido da presidente Dilma; existe ainda a possibilidade de conceder entrevista a um ou mais jornais, mas até o momento, a decisão é falar só para a TV

Ao final de uma manhã de reuniões com a equipe de assessores do gabinete da Casa Civil, o ministro Antonio Palocci decidiu que dará uma entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, para tentar dar ao País as explicações sobre o enriquecimento súbito dos últimos quatro anos que a presidente Dilma Rousseff pediu que ele desse o mais rápido possível, não esperando pelo pronunciamento do procurador geral, Roberto Gurgel. 
A entrevista será concedida a um repórter da emissora em Brasília. Os assessores chegaram a discutir com o ministro a possibilidade de ele também conceder entrevista a um ou mais jornais. Até o momento, a decisão é para falar só ao Jornal Nacional.
Como o Estado revelou na edição desta sexta-feira, 3, Dilma disse a Palocci na quinta-feira, 2, que é "um erro esperar" o parecer da Procuradoria-Geral da República para rebater as denúncias porque o desgaste já atinge o governo.
A situação de Palocci, acusado de multiplicar o patrimônio em 20 vezes durante quatro anos, é considerada gravíssima tanto pelo Planalto como por petistas. Sua permanência no cargo depende dos esclarecimentos e do fim das acusações.
A Executiva Nacional do PT, reunida na quinta, lavou as mãos e não produziu nenhuma linha em defesa de Palocci. "Não entramos no mérito da questão. O ministro me disse que vai se manifestar sobre suas consultorias", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão. "O assunto Palocci é do governo, não é do PT", emendou o secretário de Comunicação, deputado André Vargas (PR), indicando que o chefe da Casa Civil foi abandonado à própria sorte.
Orientados pelo Planalto, os petistas contrariaram a praxe e não redigiram resolução política. Para não mexer no vespeiro, o PT se descolou de Palocci.
'Manco'. "O problema do Brasil não é o Palocci. O problema é não deixar que esse episódio paralise o governo", insistiu o secretário de Mobilização, Jorge Coelho. Embora Falcão tenha feito tímida defesa de Palocci, dirigentes do PT deixaram a reunião dizendo que o ministro estava "manco" e "cambaleante".
"O que mais impactou o PT foi a revelação de que Palocci ganhou R$ 10 milhões entre e novembro e dezembro, após ter sido coordenador da campanha da Dilma", contou um dirigente petista. 


Situação-limite (editorial)

O Estado de S.Paulo
03 de junho de 2011 | 0h 00
As virtudes da contenção verbal no comportamento humano são louvadas nas mais diferentes culturas. Exemplo disso é o ditado "o silêncio é de ouro", que os brasileiros compartilham com muitos outros povos. Mas, em relação ao silêncio de que se fala sem parar no País de duas semanas para cá, a evocação do nobre metal é despropositada. Se é para associar ao reino mineral a mudez do ministro Antonio Palocci sobre o seu estupendo enriquecimento entre a sua saída do Ministério da Fazenda, no governo Lula, em 2006, e até pouco antes de assumir a chefia da Casa Civil da sucessora, Dilma Rousseff, em janeiro último, a comparação certa é com a pirita, o ouro dos tolos, por sua enganadora cintilação.
De tolo, o ministro não tem nada. Por isso mesmo, a sua recusa a explicar ao País, convincentemente, como fez fortuna de forma limpa e ética levou a uma situação-limite as suas condições de continuar no Planalto. Tanto por desfigurar a positiva imagem pública que a sua chefe vinha construindo nos meses que antecederam a crise quanto por expô-la ao desmedido apetite da alcateia com que tem de se haver no Congresso. Além disso, cada vez mais inquieto com a perspectiva de novos danos ao governo, o partido já não se limita a manter profilática distância do escândalo - como, aliás, fez a presidente Dilma logo na sua irrupção.
Nos bastidores, parcela talvez substancial dos companheiros tampouco fica apenas no chamamento do ministro às falas. A demanda tem sido a sua substituição - e nomes já correm para o seu cargo. A manifestação mais comentada foi a da senadora Gleisi Hoffmann. No almoço da bancada com o ex-presidente Lula, semana passada, quando ele se abalou a Brasília para aplacar os atritos entre Dilma e a caciquia do PMDB, ela teria pedido a cabeça do ministro. Esposa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que está na lista dos eventuais sucessores de Palocci, teria argumentado que uma coisa era amparar os petistas envolvidos com o mensalão - que, afinal, operavam em benefício do partido -, outra é defender quem se dedicou a engordar o próprio patrimônio. Gleisi desmente.
Quando também se reuniu com os companheiros senadores, Palocci disse que os seus serviços de consultoria consistiam em palestras, análises de alternativas de investimentos financeiros e assessoria para empresas interessadas em fusões. Decerto não esperava que um de seus ouvintes, Eduardo Suplicy, viesse a revelar candidamente que o ministro contara ter recebido R$ 1 milhão por seus conselhos a uma empresa em processo de fusão. O ministro, de todo modo, insistiu em que não praticou nenhuma ilegalidade - e acusou a oposição de fabricar pretextos para desestabilizar o governo Dilma. Para não se prestar a esse jogo, a base aliada faz bem em impedir as tentativas de convocá-lo a depor no Congresso.
Mas, anteontem, prova da desarticulação política da coalizão dilmista, a base "engoliu vergonhoso frango" - para usar a retórica de Lula - ao deixar passar uma daquelas iniciativas na Comissão de Agricultura da Câmara. Alheio à agenda de sessões na Casa e esquecido de que a oposição não desistira de aproveitar todas as brechas disponíveis para requerer a oitiva de Palocci, o Planalto marcou um encontro do Conselho Político com a presidente na mesma quarta-feira em que as comissões dos deputados se reúnem rotineiramente. Na de Agricultura, a convocação de Palocci foi aprovada a toque de caixa, em circunstâncias controversas. O presidente da Câmara, o petista Marco Maia, sustou a decisão. Não o terá feito por Palocci, mas por dever de ofício - a oposição não pode prevalecer sobre o governo, ponto.
O ministro já tinha feito saber que se pronunciaria assim que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, desse o seu parecer, previsto para ontem, sobre as representações oposicionistas contra ele e as suas réplicas por escrito. A situação se complicou quando o procurador não se contentou com as explicações dadas até agora e pediu ao acusado esclarecimentos adicionais. Mas não é por aí que se decidirá a atual crise. Em todos os lados, as reservas de boa vontade com Palocci parecem esgotadas. Cabe à presidente Dilma lavrar a sentença final. 

Entrevista de Palocci não deve abrandar a crise

Blog de João Bosco Rabello
Se confirmar na entrevista ao Jornal Nacional, daqui a poucas horas, o que informou a ministros e parlamentares nos últimos dias, o ministro Antonio Palocci nada acrescentará ao enredo da crise da qual é protagonista.
Ele tem se mostrado irredutível na defesa da confidencialidade dos contratos de sua empresa de consultoria, o que significa que não poderá responder aos principais questionamentos que certamente lhe fará o repórter Júlio Mosquéra.
No recente jantar oferecido pela presidente Dilma Rousseff à cúpula do Poder Judiciário, no Palácio da Alvorada, Palocci reiterou que não abrirá a carteira de clientes – e, portanto, qualquer dado mais importante que permita avaliar se ultrapassou a fronteira entre a consultoria e o tráfico de influência.
“Perco o cargo, saio, mas não quebro o sigilo dos contratos”, teria dito numa roda de conversa, segundo a versão de um dos participantes do jantar.
Do que se depreende que o mistério persistirá e o governo não terá condições de conviver com a falta de explicações que virem a página da crise e devolva a capacidade de gestão ao Planalto.
Sem apoio do PT, indisposto (por iniciativa própria) com o PMDB, e orientado juridicamente a preservar a qualquer custo o sigilo dos contratos, resta a Palocci a porta de saída.
A ironia é que deixará o governo pela segunda vez pela razão inversa da primeira: hoje, pela recusa em quebrar sigilo de contratos com empresas; ontem, por quebrar o sigilo de um indefeso caseiro.
A não ser que produza na entrevista uma surpresa na qual ninguém acredita, capaz de provar a legitimidade de sua face de consultor.
Nos meios políticos quase ninguém mais acredita que a novela da crise Palocci – que entra em seu vigésimo dia – faça aniversário de um mês.

Cf. também

Na avaliação do Planalto, Palocci passou credibilidade em entrevista

Blog do Radar Político
O Palácio do Planalto avaliou nesta sexta-feira, 3, que o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, passou credibilidade na entrevista concedida ao Jornal Nacional, da TV Globo. Pesquisas instantâneas feitas pelo marqueteiro João Santana no momento da entrevista indicaram que Palocci demonstrou firmeza enquanto falava

Veja também:
Veja entrevista do ministro ao Jornal Nacional
Toledo: ‘Com informações incompletas, acreditar em Palocci é questão de fé’

Interlocutores da presidente Dilma Rousseff afirmaram, porém, que a sobrevivência de Palocci dependerá das reações daqui para a frente, principalmente por parte dos aliados. Palocci está sob intensa pressão da oposição e do próprio PT.
O líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), considerou satisfatórias as explicações do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ao Jornal Nacional sobre sua evolução patrimonial. O patrimônio do ministro multiplicou 20 vezes em quatro anos, entre 2006 e 2010. “Foi importante porque ele deixou claro que não houve tráfico de influência nem uso de informações privilegiadas para garantir lucros das empresas”, afirmou o petista. Além disso, Vaccarezza chamou a atenção para o argumento de que “não há crise” porque se trata de um problema individual de Palocci e não do governo. “Estaremos votando normalmente a partir da semana que vem, o meu esforço é para discutir as políticas do governo”, frisou o líder.
O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), acha que a entrevista contribuirá para acalmar os ânimos na Câmara, onde o assunto foi “muito politizado”. Ele só ressalta que Palocci deveria ter concedido essa entrevista há 15 dias, quando a crise eclodiu. “Era isso que a nação queria, segurança, tranquilidade. Ele deixou claro tudo o que fez”, afirmou. O peemedebista acha que o futuro parecer do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ajudará a eliminar as dúvidas dos mais reticentes quanto ao ministro.
O vice-líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), considerou a entrevista “convincente”. “As atividades privadas foram feitas quando ele não era ministro, não tenho dúvidas da lisura dele”, frisou. Cunha observou que Palocci não divulgou números nem os nomes das empresas para quem trabalhou, mas ressaltou que ele não pode de jeito nenhum expor os clientes dele. A vantagem da entrevista, na visão do peemedebista, é que Palocci “atacou o problema de frente, não se escondeu atrás de uma nota de dez linhas”, afirmou, em alusão às notas oficiais divulgadas pela assessoria do ministro.

Cf. também:

Se deixar governo, Palocci terá sido ministro mais rápido a sair desde 1º mandato de FHC

Blog do Radar Politico
Se Antonio Palocci deixar o governo de Dilma Rousseff, vai bater o recorde dos primeiros mandatos de Fernando Henrique Cardoso e Lula como ministro mais a rápido a sair de uma pasta. Questionado por suspeitas de enriquecimento ilícito, o ministro chefe da Casa Civil terá ficado apenas pouco mais de cinco meses no governo. Em processo de fritura pelo seu próprio partido, o PT – agravado pela demora em dar esclarecimentos ao público sobre sua evolução patrimonial -, Palocci seria também o ministro de maior importância a deixar o governo. Petistas já até discutem nomes para substitui-lo.
No primeiro mandato de FHC (1995-2002), o titular da pasta da Aeronáutica (hoje englobada pelo Ministério da Defesa) Mauro Jose Miranda Gandra foi o primeiro a abandonar o barco, em 21 de novembro de 1995, quase onze meses  depois de assumir. Já no primeiro mandato de Lula (2003-2010), Miro Teixeira saiu após completar um ano de serviços prestados à frente do Ministério das Comunicações – em janeiro de 2004, Lula promoveria sua primeira reforma ministerial exonerando outros nomes, como Benedita da Silva, então à frente da Secretaria de Assistência e Promoção Social.
Se a eventual saída de Palocci se confirmar, ela só não será mais rápida que a de ministros dos governos de Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Collor (1990-1992). Na gestão de Collor, Joaquim Roriz – ex-governador do Distrito Federal – foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária por tão somente duas semanas. Com o ipeachment de Collor no fim de 1992, Itamar assumiu em um cenário conturbado de inflação galopante, que parecia incontrolável. Gustavo Krause, que foi nomeado justamente para o Ministério da Fazenda, ficou no cargo por apenas dois meses.

Cf. também:

    Para rir com a crise


    Blog da Vera Magalhães
    A crise envolvendo o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) já virou piada na internet.
    Nesta semana apareceu no Twitter o perfil falso Tony Palocci (@TonyConsulto). Ao lado de uma foto do ministro, a biografia diz: "Médico Sanitarista tornado Pelé dos Mercados pela Virtú e Fortuna"
    No endereço, consta Brasília, ao lado da palavra "ainda" entre parêntesis. E o pano de fundo são notas e mais notas de US$ 100.
    Um dos tuítes do Palocci "fake" brinca com a disputa interna no PT: "Uma piada que faço aos amigos que vêm falar dos meus problemas é: Se Denúncia fosse coisa boa não começava com D de Dirceu".

    Para além do microblog, circula por e-mail uma corrente do "Budalocci", em que uma foto do ministro é aplicada sobre uma estátua de Buda.
    "Traz sorte nos negócios - em 4 anos sua riqueza aumentará 20 vezes", promete o "panfleto".


      [ENTREVISTA À FOLHA DE S.PAULO]

      Não entrei em detalhes com a presidente Dilma, diz Palocci

      O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, afirmou em entrevista na sexta-feira (3) à Folha que não informou a presidente Dilma Rousseff os nomes dos clientes de sua empresa de consultoria, a Projeto, nem a natureza dos serviços que ela prestou.
      "Não entrei em detalhes sobre os nomes dos clientes ou sobre os serviços prestados para cada um deles", disse Palocci, em sua primeira entrevista desde que a Folha revelou seu enriquecimento, há duas semanas.
      Principal auxiliar da presidente desde o início do governo, o chefe da Casa Civil disse que não deu essas informações a Dilma nem quando discutiram o assunto em dezembro, antes da posse, nem depois da revelação de seu enriquecimento.
      A entrevista foi feita em duas etapas. O ministro primeiro respondeu a um questionário com 20 perguntas. Depois, complementou as respostas respondendo a novas perguntas pessoalmente.
      Palocci multiplicou seu patrimônio por 20 nos últimos quatro anos, usando os rendimentos da consultoria para comprar um apartamento de luxo e um escritório em São Paulo, como a Folha revelou em 15 de maio.
      Palocci faturou R$ 20 milhões no ano passado, período em que chefiou a campanha de Dilma à Presidência e exerceu o mandato de deputado federal junto com as atividades da sua consultoria.


      Folha - O sr. forneceu à presidente a lista dos clientes de sua consultoria antes de assumir o cargo de ministro?
      Antonio Palocci - Quando fui convidado pela presidenta Dilma para assumir o cargo de ministro, comuniquei a ela que era sócio de uma consultoria e que teria que tomar providências a respeito. Antecipei que seguiria as normas e as determinações da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Não entrei em detalhes sobre os nomes dos clientes ou sobre os serviços prestados para cada um deles.
      Antes de minha posse, o objeto social da empresa foi alterado, todos os seus contratos e atividades encerrados e a administração de seus recursos foi repassada a uma instituição financeira.

      O sr. também não informou a presidente sobre o faturamento da empresa?
      Não. Não achei que era adequado importunar a presidente com esse tipo de informação, esse tipo de detalhe. O que eu disse a ela claramente era sobre a existência da empresa, o que a empresa fazia, o que eu teria de resolver antes de entrar no governo. Se a empresa continuasse funcionando, haveria conflito de interesses.

      E depois que a Folha revelou o faturamento de sua empresa em 2010?
      Não falo sobre faturamento. O faturamento foi 100% informado aos órgãos de controle tributário e todos os impostos foram recolhidos. A Receita nunca multou a Projeto. Nem a Prefeitura de São Paulo. A empresa teve certidões de regularidade na Receita durante todo esse período. Isso para mim é que é o importante. Não acho adequado levar essas informações à presidente.

      Mas nem depois que foi divulgado?
      O que ela me sugeriu, o que me orientou, é que eu desse todas as informações necessárias à Procuradoria da República e explicasse os procedimentos da empresa.

      Nem por curiosidade a presidente perguntou quem era seus clientes e quanto o sr. faturou?
      Não.

      Por que o sr. não torna pública a lista de clientes, para que o país saiba se há conflitos de interesse na atuação do principal ministro do governo?
      No governo da Presidenta Dilma não há ministros principais, sou um da equipe.
      Nunca escondi minhas atividades de consultoria. A empresa sempre esteve registrada em meu nome e de meu sócio na Junta Comercial, com seu objeto social, sede e demais dados disponíveis para consulta de qualquer pessoa. Lembro-me que jornais e revistas chegaram a noticiar algumas das atividades que realizei como consultor.
      Tomei cuidados adicionais, como, por exemplo, não prestar serviços para qualquer empresa, entidade ou órgão público e nunca permitir que a Projeto intermediasse ou defendesse interesses privados perante o poder público.
      Não é por acaso que até agora ninguém apresentou qualquer fato concreto que possa sugerir algum desvio de conduta meu ou uma irregularidade nas atividades da empresa. Até agora não vi nenhuma acusação concreta, só luta política.
      Quanto à lista de clientes, é praxe que as relações comerciais entre empresas privadas sejam regidas pela confidencialidade. Isso ocorre por várias razões, inclusive pela sensibilidade empresarial das informações envolvidas e para proteger as estratégias de negócios dos clientes. Além disso, seria irresponsabilidade da minha parte expor, neste contexto de embate político, um conjunto de empresas renomadas em seus respectivos setores.

      É sabido que um de seus clientes foi a construtora WTorre, que fez negócios com estatais. Que serviços o sr. prestou e quanto recebeu?
      O caso desta empresa é um bom exemplo de como a disputa política se sobrepôs aos fatos. Bastou o seu proprietário admitir publicamente que eu havia feito análises de cenários econômicos a seus diretores para que alguns parlamentares a acusassem de ter sido favorecida pela Receita Federal e ter obtido a restituição de impostos em tempo recorde. No mesmo dia, o Ministério da Fazenda esclareceu que a Receita apenas cumpriu uma ordem judicial, que determinava que ela decidisse sobre um processo que já tramitava havia quase dois anos. Dois anos é agora tempo recorde? E a Receita deveria passar a não cumprir ordens judiciais? Ou seja, a alegação de favorecimento foi rapidamente desqualificada.
      Mesmo assim, é inegável que ocorreu uma forte exposição negativa da empresa, por motivação exclusivamente política. Não duvido que algo semelhante ocorreria com qualquer outro cliente da Projeto que viesse a público.

      O sr. sente-se impedido de lidar na Casa Civil com assuntos de interesse da WTorre?
      Quanto a minha atuação como ministro, estou submetido a regras específicas para evitar conflito de interesses e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Sigo e seguirei todas as recomendações e normas à risca.

      Se algum representante da WTorre tiver um problema para resolver na Casa Civil, como o sr. acha que deve ser seu comportamento?
      Não vou falar sobre isso.

      Sua consultoria participou da venda das ações da Camargo Corrêa no grupo Itaú ao fundo de pensão Petros, manteve negócios com o banqueiro André Esteves e prestou serviços para o banco Safra?
      Pelos motivos que já apontei, não vou tratar dos nomes dos clientes, mas repito que dentre eles não estavam empresas, entidades ou órgãos públicos e que a Projeto nunca atuou na defesa ou intermediação de interesses privados perante o poder público. Isso inclui os fundos de pensão das empresas estatais. Eles nunca foram clientes da Projeto e a empresa nunca defendeu qualquer interesse junto a tais fundos.

      O senador Eduardo Suplicy disse que o sr. participou de uma operação de fusão de duas empresas em que sua consultoria teria faturado R$ 1 milhão. Que negócio foi esse? Sua consultoria trabalhou para viabilizar a operação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)?
      O senador negou publicamente que tenha afirmado isso. Na conversa que tive com os senadores do PT expliquei, como fiz ao procurador-geral da República e faço agora, o funcionamento da empresa e dos contratos. Naquela oportunidade falei sempre em tese e não sobre um ou outro episódio concreto. Como já disse, a Projeto nunca atuou junto a qualquer outro órgão público na defesa de seus clientes.

      Mas o sr. trabalhou em operações de fusão de empresas?
      Trabalhava em projetos de novos empreendimentos. Uma vez ou outra, esses novos empreendimentos poderiam ser a aquisição de empresas.

      Operações desse tipo dependem da aprovação de órgãos federais como o Cade.
      Essa parte nunca fiz. A Projeto nunca atuou junto ao Banco Central, ao Cade, ao Ministério da Fazenda, para resolver problemas das empresas. Meu papel era anterior. Era analisar cenários para as empresas, propor empreendimentos. Todo empreendimento que você vai fazer, por exemplo, uma fábrica nova, você precisa pedir autorização para o Ibama. A Projeto não atuava no Ibama, mas atuava na proposta de construção desse empreendimento.

      Algum cliente propôs que o sr. resolvesse um problema no Cade?
      Não. Sempre que eu fazia uma contratação com empresas, deixava claro o que podia fazer e o que não podia fazer, o que era legal, o que eu não poderia prestar. Na área tributária, nunca fiz serviço para empresas. A Projeto nunca atuou com empresa pública, só com empresa privada. Nem prestando serviço para empresa privada em órgão público.

      Quantos contratos a Projeto assinou, quanto faturou e quanto lucrou desde o início de suas atividades?
      O faturamento da empresa, mês a mês, em todos os seus detalhes, foi devidamente informado aos órgãos fiscais competentes, junto com o recolhimento de todos os tributos devidos.

      Como ministro, o sr. lidou com temas de interesse de empresas que contrataram a Projeto, ou se declarou impedido de atuar nesses casos?
      É importante que fique claro que antes de assumir a Casa Civil todos os contratos de consultoria da Projeto foram encerrados. Hoje, a empresa não tem mais clientes, nem pode exercer qualquer atividade dessa natureza.

      O sr. acha que a atividade de sua consultoria cria o potencial de conflito de interesses em sua atuação no governo?
      É comum as pessoas passarem da iniciativa privada para o setor público e vice-versa. Por isso existem normas que estabelecem os cuidados que devem ser tomados, inclusive para evitar conflito de interesses. Como já mencionei, cumpri e cumprirei rigorosamente a legislação e as recomendações da Comissão de Ética.

      Por que a Projeto recebeu mais dinheiro entre a eleição e a posse de Dilma, e por que continuou recebendo pagamentos após o anúncio de sua escolha como ministro?
      Todos os valores recebidos pela Projeto naquele período se referem a serviços efetivamente prestados até 2010. Quando fui convidado a assumir o ministério, a Projeto tinha vários contratos em andamento. Foram tomadas providências necessárias para encerrá-los, mas isso não acontece da noite para o dia. Os contratos foram finalizados e o objeto da empresa modificado antes da minha posse, evitando qualquer conflito.

      Mas os pagamentos não eram feitos mensalmente?
      Existiam as duas coisas, pagamento mensal e trabalhos, por exemplo, de preparação de novos negócios, que não eram pagos mensalmente, eram previstos de pagar ao final da conclusão dos projetos das empresas. Como interrompi esses contratos em dezembro, aquilo que já estava feito foi pago integralmente e o que não estava feito evidentemente não foi pago. Por isso é que houve pagamentos e ajustes no mês de dezembro, quando interrompi todos os contratos. É importante ressaltar isso. Hoje, a Projeto não tem nenhum contrato, todos foram interrompidos.
      Não houve qualquer anormalidade, os valores pagos foram proporcionais aos serviços prestados até aquele momento. Mesmo antecipando o final dos contratos, é natural que a Projeto recebesse pelo trabalho já realizado.

      O que o sr. fez com o dinheiro que sobrou depois que o sr. gastou R$ 7,5 milhões para comprar um apartamento e um escritório em São Paulo?
      Desde dezembro de 2010, os recursos financeiros da Projeto passaram a ser administrados por uma instituição especializada. Por contrato, é padrão que a gestão dos recursos nesses casos seja feita sem qualquer consulta à empresa ou seus sócios, seguindo unicamente os critérios técnicos escolhidos pela instituição gestora. Ou seja, não interfiro de qualquer modo no destino dos recursos. Esta medida foi tomada para evitar qualquer conflito de interesses e foi informada à Comissão de Ética Pública logo que assumi o ministério.

      Que medidas o sr. tomou para separar a atividade de consultor, o mandato de deputado federal e sua atuação na campanha eleitoral em 2010?
      Sempre desempenhei minhas atividades parlamentares e partidárias de acordo com minhas convicções e perseguindo o interesse público. Essa atuação nunca se confundiu com os interesses de eventuais clientes da Projeto.
      Um exemplo claro ocorreu na tramitação da renovação da CPMF. Legitimamente, vários setores econômicos importantes, dentre eles o industrial e o de serviços financeiros, foram contrários à proposta no Congresso. Mesmo assim, não só defendi sua aprovação, como fui o relator do projeto aprovado na Câmara dos Deputados. Era uma questão de política pública e assim ela foi tratada.

      O sr. tomou medidas para evitar conflitos de interesse na Casa Civil, como evitar participar de conversas com ex-clientes sem testemunhas na sala?
      Todas as atividades de consultoria foram encerradas e observo as orientações e normas da Comissão de Ética Pública sobre o tema.

      A Projeto justificou os pagamentos recebidos no fim de 2010 apontando o fim de suas atividades. Não havia multas e outras penalidades previstas para o encerramento dos contratos?
      Os contratos previam a hipótese de rescisão a qualquer tempo e os termos de seu encerramento foram ajustados com os clientes. A empresa só recebeu pelos serviços efetivamente prestados até 2010.

      A Projeto diz que parte do faturamento declarado em 2010 não se realizou porque as notas fiscais foram canceladas. Por que essas notas foram canceladas e quando isso foi feito?
      É usual que a eventual correção de dados de uma nota se dê pelo cancelamento do documento fiscal, desde que seguidas as normas aplicáveis. Os sistemas de nota fiscal eletrônica trouxeram ainda mais praticidade e controle. O importante é que a emissão de notas da Projeto sempre refletiu os serviços devidamente prestados.

      Em que setores econômicos a Projeto atuou?
      Principalmente no setor industrial, em vários segmentos diferentes, nos setores de mercado de capitais e de serviços de saúde e financeiros.

      O sr. recebeu doações para a campanha presidencial no escritório da Projeto?
      Sempre mantive as atividades da Projeto desvinculadas de atividades partidárias e eleitorais. A campanha tinha um tesoureiro e um comitê financeiro próprio. Minha atuação se dava na coordenação política.

      Por que a Projeto jamais divulgou suas atividades publicamente, como fazem outras consultorias?
      Insisto que jamais fiz segredo das minhas atividades de consultoria. A empresa sempre esteve registrada na Junta Comercial, com todos os seus dados lá, disponíveis pra quem quisesse consultar. Fiz apresentações para públicos bastante variados, algumas inclusive em grandes eventos.
      O principal motivo pelo qual os clientes procuravam a Projeto era a qualidade dos serviços prestados e não a divulgação da empresa. No início do segundo semestre de 2008, por exemplo, já em meio à grave crise financeira que o mundo enfrentou, a Projeto orientou seus clientes para que evitassem manter suas posições de hedge em derivativos cambiais, o que estava longe de ser consenso no mercado naquele momento. Tal posição salvou alguns dos clientes de forte prejuízo nos meses seguintes. Esse tipo de resultado fazia com que novos clientes viessem à Projeto.

      A Projeto era contratada diretamente por seus clientes ou era contratada por intermediários? Quem era o responsável pela prospecção de clientes?
      Todos os clientes assinavam contratos com a Projeto. Os contratos definiam o escopo de cada trabalho e os serviços a serem prestados. Eu mesmo era responsável pelos contatos com os clientes.

      Por que o sr. não se afasta do governo até o final das investigações iniciadas pela Procuradoria da República do Distrito Federal, como a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) sugeriu na semana passada?
      Ao que eu saiba, a senadora Gleisi negou ter dado esta declaração.
      O que vi até agora foi só um conjunto de acusações injustas e infundadas. Não há qualquer ilegalidade nas atividades da minha empresa e ninguém mostrou provas do contrário. A Receita Federal e os órgãos tributários de São Paulo não veem irregularidade. A Polícia Federal e o Coaf afirmaram, em nota oficial, que não há qualquer investigação em curso, nem motivo para iniciá-la contra mim ou contra a empresa. A Comissão de Ética declarou publicamente não ter qualquer reparo à minha conduta. Já respondi a todos os pedidos de informações do procurador-geral. Não se trata de apego a cargos. Tenho, sim, a convicção de que não cometi ilegalidades ou desvios éticos.

      O sr. aplicou todo o seu dinheiro no país ou remeteu uma parte para o exterior?
      Todos os recursos foram aplicados no país. A Projeto não tem qualquer conta ou aplicação fora do país. Como pessoa física também não tenho recursos no exterior.

      A Projeto pedia aos seus clientes que os contratos fossem assinados com cláusula de confidencialidade?
      Não era a Projeto que pedia cláusula de confidencialidade. A confidencialidade é uma praxe em contratos dessa natureza. Isso se dá, entre outras razões, pela exclusividade do conteúdo e para preservar a estratégia de negócios dos clientes.

      O sr. trabalhou para clientes cujos interesses envolvessem suas relações com o governo, ou o parcelamento de dívidas tributárias?
      Não. Disse e repito: a Projeto jamais teve atuação junto a empresa, entidades ou órgãos públicos ou mesmo fundos de pensão ligados a estatais. Essa parte eu nunca fiz.

      O sr. poderia detalhar como era o trabalho de consultoria da Projeto?
      Na época da crise econômica, em 2008, havia no mercado muitas empresas contratando créditos com cláusula cambial, contratos em dólar. Isso eu conversei com praticamente todas as empresas com que eu tinha contratos. Dado que tinha uma crise, eu sugeri a essas empresas que elas estavam correndo muito risco fazendo contrato de câmbio na medida em que, com a evolução da crise, os níveis cambiais poderiam ficar muito voláteis.

      Seus clientes seguiram suas recomendações? Algum teve dificuldades naquela época?
      Nesse campo, não. Acredito que eu tenha ajudado essas empresas a decidir deixar esses contratos. E você sabe quanto esses contratos custaram para as dívidas das empresas nos meses seguintes. Na época não sabiam que haveria a crise com o banco Lehman Brothers.

      O sr. não teme que seus adversários digam que o sr. teve acesso a informações do governo sobre a política cambial para orientar seus clientes?
      Naquela época, entre julho e agosto de 2008, havia vários analistas prevendo várias tendências para o câmbio. O que eu dizia para as empresas não é de quanto seria o câmbio futuro. O que fiz naquela época foi avaliar para as empresas que havia muito risco de volatilidade cambial, dado que estávamos entrando numa crise internacional. É essa avaliação, o risco de volatilidade dos contratos de câmbio. Isso não se trata de informação privilegiada, primeiro porque nem mesmo as autoridades têm informação de quanto será o câmbio futuro. Segundo porque no mercado você encontra todos os dias avaliações sobre isso. Fiz uma avaliação e poderia ter errado. Naquele momento, acertei a tendência.

      O sr. recebeu algum ex-cliente ou seus representantes como ministro da Casa Civil?
      Isso não ocorreu. Mas existem regras para isso. O código de conduta da alta administração define com detalhes o que o ministro pode ou não pode fazer. Não é incomum pessoas da iniciativa privada virem para o governo e depois irem para a iniciativa privada. E uma pessoa da vida empresarial vir a atuar no governo. Isso não é incomum, é bastante comum. Para isso existem regras e essas regras eu tenho de acompanhar.

      Depois de julho de 2010, o sr. prestou serviços de consultoria?
      Não me lembro de datas, mas fiz consultorias e palestras no ano passado, durante algum período, mais próximo da eleição. Me afastei da empresa, da gestão da empresa, antes da campanha.

      O sr. era ex-ministro da Fazenda e deputado influente no governo. O sr. tinha informações privilegiadas para ajudar seus clientes?
      *Existe uma regra sobre autoridades na área econômica que impede que, durante um período de quatro meses depois de deixar o cargo, a pessoa preste serviços de consultoria ou desenvolvimento de empreendimentos justamente por esse motivo. A lei considera que, depois desse período, as informações são praticamente públicas. Hoje, o poder público trabalha com níveis de transparência bastante grandes.

      O sr. não teme que seja classificado de lobby os seus trabalhos na consultoria?
      Como expliquei, as atividades da Projeto eram atividades privadas, com contratos privados, e que não envolviam a ação da Projeto em nome de seus clientes privados junto a órgãos públicos. Essa é a questão fundamental. Quando a empresa tinha de lidar com órgãos públicos, não era a Projeto que fazia isso. Não temo porque não fiz. Que eu não fiz, estou muito convicto. Estou seguro de ter feito as coisas na mais estrita legalidade, sabia de minhas responsabilidades como parlamentar, sabia claramente o que dizia a lei, não iria cometer uma falta como essa.

      Petistas cobraram explicações públicas e até a saída do sr. Está se sentindo abandonado pelo PT?
      Não me lembro de ninguém que tenha pedido a minha saída.

      Seu grande problema hoje é se defender do fogo amigo do PT?
      Tenho recebido solidariedade de dirigentes do PT, de governadores, parlamentares.

      O governador Jaques Wagner, da Bahia, disse que sua consultoria "chama atenção".
      O Jaques Wagner me deu apoio pessoal, de forma muito clara, gosto muito dele, é um grande governador. Não tenho nenhuma queixa dele e não me incomodo que as pessoas tenham dúvidas. Eu respeito isso.

      Por que o sr. demorou tanto para prestar esclarecimentos públicos?
      Não houve uma demora minha. Houve primeiro um ordenamento de informação. Dado que houve denúncias de partidos da oposição ao procurador-geral da República, eu primeiro precisava informar ao procurador-geral. Não seria correto de minha parte dar explicações públicas sem dá-las ao procurador.

      Se a procuradoria abrir uma investigação contra o sr., pedirá licença do cargo?
      Isso vou avaliar no devido tempo, não acho que deva raciocinar sobre hipóteses. Fiz aquilo que ele solicitou, as informações foram todas prestadas, não tem nenhuma informação da empresa que eu pretenda esconder, nenhuma.

      Se outro ministro estivesse em situação parecida, no caso de abertura de um processo contra ele, como chefe da Casa Civil não avaliaria que seria melhor ele sair?
      Não vou falar em tese.

      A presidente Dilma cobrou explicações públicas do sr. e avaliou que o sr. estava demorando a falar.
      A presidente tem todo o direito de expressar o que ela desejar, jamais vai me ofender uma expressão dela. Ela apenas solicitou que eu fizesse, me orientou, na verdade, que eu fizesse toda explicação ao órgão adequado, ao procurador-geral da República, pediu que eu desse todas as informações solicitadas e depois prestasse explicações em relação à empresa. Não acredito que a presidenta esteja em desacordo com o procedimento que fiz, que foi dar todas as informações.

      publicado na Folha de S.Paulo
      04/06/2011 - 03h00

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