Tal como em Portugal, do outro lado do Atlântico, também o Peru se prepara para ir às urnas este domingo. E tal como em Portugal, também a disputa entre a direita de Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, e a esquerda do ex-militar Ollanta Humala tem sido renhida.
O país proíbe a realização e divulgação de sondagens durante a última semana de campanha, embora estas continuem a ser realizadas a título privado, quer por parte das candidaturas em questão, quer de empresas cujos interesses económicos dependem mais directamente das escolhas políticas no poder.
No caso do processo eleitoral em curso, as intenções de voto em Keiko e Humala também só rente ao final da campanha começaram a descolar. Mas as semelhança com o que tem sucedido na corrida para as Legislativas portuguesas páram por aqui. No caso do Peru, quem começa a apresentar uma pequena vantagem é a ala esquerda de Humala.
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No domingo se verá, mas os mercados já acusam nervosismo diante da possibilidade da ida às urnas confirmar a vitória do candidato da esquerda.
Após a derrota, em 2006, Humala garante ter suavizado a sua veia anti-capitalista. De facto, afastou-se do seu mentor político, o presidente Hugo Chávez da vizinha Venezuela e buscou outras inspirações: Lula da Silva e o trabalho que desenvolveu no Brasil, tem Humala confessado várias vezes. Na verdade, é conhecida a sua proximidade ao PT a quem, aliás, pediu ajuda e inspiração para desenhar a campanha eleitoral. Basta dizer que o coordenador da sua campanha é, nada mais nada menos, que Luís Favre e que foi o próprio Lula quem o enviou ao Peru para apoiar Humala.
Ainda assim há quem desconfie da sua moderação e receie que, uma vez no poder, não resista a repor o controlo estatal do mercado. Keiko tem, aliás, jogado com esse receio durante a campanha, alegando que será o fim das políticas liberais que têm permitido à economia do Peru ser umas das que mais cresceu nos últimos anos.
Por seu lado, Humala contrapõe que é possível defender uma economia florescente redistribuindo melhor os rendimentos, reformando as leis laborais e, sobretudo, garantindo maior protecção social. O líder da ala esquerda tem consigo o grosso das camadas mais desprotegidas da população e o apoio massivo das comunidades indígenas do Peru.
Observo com curiosidade a evolução dos resultados eleitorais. Se Humala vencer, parece-me inegável que a ascendência do Brasil na América Latina será ainda mais reforçada, especialmente num momento de fragilidade económica dos EUA . Seguramente que Humala irá trabalhar a proximidade a Brasília. Do seu lado tem a posição geo-estratégica do Peru no eixo económico Brasil-China, via Pacífico, cada vez com maior peso no mundo e nos interesses de ambos os gigantes emergentes. Acresce a este argumento um outro que não é de menor peso: os investimentos de milhões que as empresas brasileiras têm apostado no Peru e que interessará tanto a Humala como a Dilma estimular e rentabilizar ao máximo.
# Dossier: Especial Eleições no Peru no EnLatino.com.
Dicas: para seguir aqui os resultados em directo. Para acompanhar as eleições, via Twitter: na hashtag #eleicoesperu2011, sendo que o Luiz Raatz fará a cobertura no blog Nuestra América e o Fernando Gabeira, que viajou para o país na 4ªfeira, também estará fazendo o relato: aqui.
via TV Estadão
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