Passos Coelho ao 'Financial Times': Portugal enfrenta dois «anos terríveis»

Pedro Passos Coelho, hoje indigitado primeiro-ministro por Cavaco Silva, diz numa entrevista ao jornal britânico Financial Times que Portugal enfrenta dois «anos terríveis» pela frente, com um desemprego recorde e uma profunda recessão. Só depois desse período Portugal deverá voltar a crescer e a ter a confiança dos investidores, acredita Passos Coelho, numa entrevista ao FT citada no site do jornal económico.
Para Passos, não há alternativa a um plano que envolverá «um programa de austeridade muito rigoroso e reformas estruturais» para pôr as contas públicas na ordem, nomeadamente através da reorganização da justiça e da educação. Portugal, notou, precisa de investimento estrangeiro para impulsionar o seu crescimento. «A privatização não é uma mera questão de aumento de receitas», pelo que, garantiu, uma das preocupações do próximo governo será a abertura a investidores de fora de Portugal. A título de exemplo, menciona a prometida privatização da RTP, deixando nas mãos do Estado apenas um canal de televisão do serviço público, e a alienação de parte da Águas de Portugal, permitindo a privatização de 49 por cento do seu capital.
O programa de ajustamento «não pode falhar», sublinhou, para depois prometer que os responsáveis do próximo executivo serão «absolutamente transparentes e rigorosos», sem qualquer «agenda escondida».
Na entrevista, Passos Coelho limita-se a avançar que o novo ministro das Finanças será um independente sem filiação partidária e que uma das primeiras medidas a tomar pelo próximo executivo será a criação de uma agência de controlo das contas públicas, independente do Governo e do Parlamento e com dois peritos estrangeiros.