Estudo aponta mudanças no clima na Região Amazônica

Em anos do evento do El Niño, o fenômeno de aquecimento do Oceano Pacífico, ocorre uma inibição na formação de nuvens propensas a chuvas na Região Amazônica, que agem no transporte de umidade do Oceano Atlântico. Qualquer mudança nos sentidos dos ventos sobre a bacia do Atlântico tropical irá aumentar ou diminuir o regime de chuvas da região.
Esta é a conclusão da pesquisa da aluna Rosimeire Araújo do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente (Cliamb), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
A pesquisa investigou por  análises observacionais e simulações com modelo climático, os impactos de eventos anormais na temperatura dos Oceanos Pacífico e Atlântico equatoriais, nos períodos de chuvas da Amazônia.
Foi observado que e o El Niño age de forma diferenciada a cada ano em que ocorre o fenômeno, dependendo se ele atua sozinho ou em conjunto com o oceano Atlântico. A combinação entre o Oceano Pacífico quente (El Niño) e o Atlântico tropical (frio), chamada de gradiente interbacias, intensifica ou diminui as chuvas nesse período de El Niño.
“O período de intensificação do evento de El Niño é em dezembro, que coincide com o período chuvoso em grande parte da Amazônia, porém devido aos efeitos provocados pelos oceanos na atmosfera tropical, pode chover menos do que o esperado no período de dezembro a março na região amazônica, desta forma o período da estação seca já se inicia comprometido”, explica Rosimeire Araújo.
O estudo foi orientado pelo pesquisador Luiz Candido, do Núcleo de Modelagem Climática Ambiental do Inpa e pela pesquisadora Rita Valéria Andreoli (Inpa-UEA).
A pesquisa utilizou um modelo climático que simula a resposta  atmosférica e a precipitação mediante a temperatura dos oceanos,  como as condições dos ventos, que mostroram ser mais importantes, pois são eles que transportam a umidade para a região. Os ventos são gerados por diferenças nas condições de aquecimentos entre oceanos e continentes.

La Niña
Já quando ocorre o fenômeno La Niña, as águas do Oceano Pacífico esfriam e as do Oceano Atlântico aquecem, assim o regime de chuvas apresenta-se acima da média climatológica. Acarretando um regime de chuvas ainda mais intenso na região Amazônica.
É esse padrão que vem ocorrendo desde o final de 2011, em que na fase final do evento de La Niña, o Atlântico tropical vem se aquecendo. Essa combinação da La Niña atuando com o Atlântico também foi simulada nesse estudo. “Os resultados indicaram que em anos como este, chuvas acima da média são observadas na bacia amazônica no período de dezembro a maio na região do extremo norte da América do Sul, como observado em Roraima no início deste semestre, por exemplo”, comenta Rosimeire Araújo.

publicado no Diário do Amazonas