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Helmut Kohl acusa Merkel de estar a destruir o projecto europeu

Posted: 18 de jul. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , ,

Angela Merkel perdeu a confiança do homem que a ajudou a crescer politicamente. Helmut Kohl, o antigo chanceler alemão que teve um papel preponderante na construção do actual edifício europeu, queixa-se de que as políticas europeias de Merkel são "muito perigosas". "Ela [Angela Merkel] está a destruir a minha Europa", terá confidenciado Helmut Kohl a um amigo que o visitou recentemente, segundo a edição de ontem da revista alemã Der Spiegel [ver artigo impresso, artigo online e editorial]. O antigo chanceler referia-se, defende a revista, à forma como a Alemanha tem lidado com a corrente crise da dívida soberana na zona euro e ao papel de Merkel no desenvolvimento do projecto europeu e da moeda única.
Não é a primeira vez que Kohl, que adoptou Angela Merkel como delfim política ainda na década de 1990, tem palavras duras em relação à chanceler e às políticas do seu Governo. Há dois meses, quando recebeu o prémio Henry Kissinger, Kohl afirmou que "a Alemanha sempre teve sucesso quando ajudou os outros. Temos que continuar o nosso caminho." Todos viram nestas palavras uma crítica à forma como o Governo alemão estava a lidar com o novo pedido de ajuda financeiro da Grécia - um dossier que ainda não foi decidido.
Continuando, aos 81 anos, um claro entusiasta do projecto europeu, Kohl defendeu que o futuro da Alemanha é "com os seus vizinhos", com os "parceiros na União Europeia".
As críticas do antigo chanceler constituem mais um disparo na forte barreira de fogo político a que Angela Merkel está, actualmente, sujeita. Há poucos dias, Volker Bouffier, destacado dirigente da CDU e chefe do governo do estado do Hesse, dizia que a chanceler corria o risco de estar a destruir a herança pró-europeia do seu partido. E, à revista Der Spiegel, afirmava: "A Europa é um projecto político. É demasiado importante para ser deixada à mercê das agências de rating."
O responsável pelos temas económicos no partido que a chanceler lidera (a CDU), Kurt Lauk, sustentava, na semana passada, que pior para um país exportador como a Alemanha era ter uma população rendida aos valores do eurocepticismo. "O Governo tem que passar à ofensiva, rapidamente."

Der Spiegel - edição de 18.07.2011 
(clique para ampliar)

Cimeira à vista

O endurecimento e, particularmente, a dimensão das críticas à chanceler alemã advêm do facto de Angela Merkel estar a ser vista como o principal obstáculo à libertação de uma segunda ajuda financeira à Grécia. O impasse das últimas semanas fez disparar os juros da dívida pagos pelos países em crise e produziu efeitos de contágio a outros dois - a Espanha e a Itália. O primeiro-ministro Sílvio Berlusconi foi mesmo obrigado a acelerar o processo de aprovação de um orçamento de austeridade para evitar consequências mais graves.
Merkel frustrou a tentativa de convocação de uma cimeira europeia extraordinária para sexta-feira passada, mas depois acabou por aceitar que ela se realize na próxima quinta-feira. Para discutir o novo resgate da Grécia.


Helmut Kohl: Merkel is destroying my Europe

With sixteen years in power, Helmut Kohl is the “record-holding chancellor” of the Germans. He’s also the architect of reunification and of the single currency, citizen of honour of Europe and for a long time he was Angela Merkel’s spiritual father in politics. But today, “Kohl resents Merkel’s European policy,” headlines German daily Tagesspiegel. Very frugal with his political commentary, the 81-year old former chancellor nonetheless allowed some harsh comments toward the current head of government to be leaked to the German weekly Der Spiegel: “She’s destroying my Europe,” Kohl reportedly told someone close to him, adding that her policies in the eurozone crisis are “very dangerous”. The comments caused a great stir in the press and were denied by Kohl. He is now trying to turn attention to the errors of his direct successor, Social-Democrat Gerhard Schröder, responsible, Kohl says, for undermining the Stability Pact and allowing Greece to join the eurozone. But the press judges Merkel’s policies to be catastrophic because she “doesn’t know how to use her power for the common good and submits to the dictates of the moment,” sums up the Tagesspiegel.

via Press Europ

* com José Manuel Rocha

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