Leio em A Crítica:
Pesquisa realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a maioria da população do Amazonas se considera da cor morena. Amazonas foi o Estado cuja população apresentou o menor percentual sobre o poder da cor e da raça no trabalho e sua vida pessoal.
O Amazonas foi um dos sete Estados do país incluídos na “Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça” (PCERP). Também foram pesquisadas populações da Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal. No Amazonas, foram entrevistas 2.2 milhões de pessoas.
Mais da metade dos entrevistados (63,7%) pela PCERP disseram que a cor ou raça influencia a vida das pessoas. Entre as unidades da federação pesquisadas, o maior percentual de resposta afirmativa foi registrado no Distrito Federal (77,0%) e o menor, no Amazonas (54,8%). Dos 4, 5 milhões entrevistados no país, 96% afirmaram que saberiam fazer sua autoclassificação no que diz respeito a cor ou raça.
Entre os sete Estados pesquisados, o Amazonas se destacou com o menor percentual de respostas para cor “branca” (16,2%).
As quatorze categorias mais freqüentes sobre cor e raça foram aplicadas na pesquisa.
No Amazonas, 23% se considera parda; 3,5% se considera negra; 1,7% se classificou como preta; 1,6% se considera amarela; 1,5% se descreveu como indígena e 1,2%, se considera clara. Também houve registrados nas categorias brasileira, mulata, mestiça e outras.
È que, durante a pesquisa, também perguntou sobre a origem familiar (africana, européia, do Oriente Médio, entre outras) e se o entrevistado se reconhecia com uma série de alternativas de identificação (afro-descendente, indígena, amarelo, negro, branco, preto e pardo). Estas questões permitiram respostas múltiplas.
Entre as dimensões de identificação oferecidas aos entrevistados, em relação à auto-identificação de cor ou raça, a que mais aparece é a “cor da pele”, citada por 74% dos entrevistados.
Seguem “origem familiar” (62%) e “traços físicos” (54%). Já na identificação das “pessoas em geral”, a dimensão mais citada foi a “cor da pele” (82,3% dos entrevistados), seguida de “traços físicos (cabelo, boca, nariz, etc.)” (57,7%) e “origem familiar, antepassados” (47,6%).
Segundo o IBGE, a a PCERP 2008 visa compreender melhor o atual sistema de classifcação da cor ou raça utilizado nas pesquisas domiciliares do IBGE, contribuindo para seu aprimoramento. Entre seis objetivos específicos estão fornecer novos elementos de interpretação para possíveis alternativas de aprimoramento do atual sistema de classifcação étnico-racial e levantar as denominações correntes de cor, raça, etnia e origem de forma mais abrangente e completa, tanto do ponto de vista da composição étnica da população como das diversidades regionais.
Brasil ainda vive abismo entre raças
A cor ou a raça de uma pessoa pode ajudar a determinar que oportunidades ela vai ter no futuro. Essa foi a conclusão obtida por 63,7% dos entrevistados pela ‘Pesquisa das Características Étinico-Raciais da População’, realizada em 2008. De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cinco estados brasileiros e no Distrito Federal, a maioria das pessoas acredita que a cor ou a raça influencia na vida do indivíduo.
De acordo com o sociólogo Romero Ximenes, esse resultado representa uma maior conscientização da população brasileira quanto aos desafios que os negros e índios ainda enfrentam no país. “Ela [a pesquisa] revela uma consciência de raça no sentido de que ser negro é uma desvantagem”, afirma.
Segundo ele, o que se percebe é que, cada vez mais, está clara a existência da desigualdade entre raças no Brasil. “Antes a questão racial era escondida no Brasil, hoje está evidente que os índios e os negros ainda pagam o preço pela discriminação”.
De acordo com o levantamento realizado pelo IBGE, 96% dos entrevistados afirmaram saber identificar a própria raça. Ainda assim, apenas 7,8% deles se declararam negros. Apesar de destacar a forte mestiçagem presente em todo o Brasil, o sociólogo acredita que, devido as condições desiguais, muitas pessoas ‘camuflam’ a identificação da própria raça. “Algumas pessoas escondem a negritude e aproveitam para dizer que não são inteiramente negros, o que diminuia desvantagem”, explica. “A forma de colonização pesa até hoje porque o negro não era negro antes de vir para o Brasil, antes eles eram nações na África. Eles viraram negros pela condição de escravos”.
Além disso, os entrevistados revelaram acreditar que o trabalho é o aspecto que mais sofre influência racial. Com 71%, o setor ocupa o primeiro lugar, seguido da relação com a justiça com 68,3% e do convívio social com 65%.
Para a integrante e uma das fundadoras do Centro de Defesa e Educação do Negro no Pará (Cedenpa), Nilma Bentes, a desigualdade relacionada ao mercado de trabalho inicia desde a preparação do indivíduo negro. “As oportunidades desiguais vêm desde a capacitação, o que tem relação com a potencialização da classe centrada na população de baixa renda”, acredita. “Nascer negro, no Brasil, ainda é uma desvantagem, em princípio. A pessoa negra já nasce em desvantagem”.
Como medida para tentar amenizar essa distância, ela aposta na criação de cotas. “Nós brigamos pelas cotas para que possamos pelo menos nos equiparar, porque as oportunidades são diferentes até na educação”.
De acordo com o sociólogo Romero Ximenes, esse resultado representa uma maior conscientização da população brasileira quanto aos desafios que os negros e índios ainda enfrentam no país. “Ela [a pesquisa] revela uma consciência de raça no sentido de que ser negro é uma desvantagem”, afirma.
Segundo ele, o que se percebe é que, cada vez mais, está clara a existência da desigualdade entre raças no Brasil. “Antes a questão racial era escondida no Brasil, hoje está evidente que os índios e os negros ainda pagam o preço pela discriminação”.
De acordo com o levantamento realizado pelo IBGE, 96% dos entrevistados afirmaram saber identificar a própria raça. Ainda assim, apenas 7,8% deles se declararam negros. Apesar de destacar a forte mestiçagem presente em todo o Brasil, o sociólogo acredita que, devido as condições desiguais, muitas pessoas ‘camuflam’ a identificação da própria raça. “Algumas pessoas escondem a negritude e aproveitam para dizer que não são inteiramente negros, o que diminuia desvantagem”, explica. “A forma de colonização pesa até hoje porque o negro não era negro antes de vir para o Brasil, antes eles eram nações na África. Eles viraram negros pela condição de escravos”.
Além disso, os entrevistados revelaram acreditar que o trabalho é o aspecto que mais sofre influência racial. Com 71%, o setor ocupa o primeiro lugar, seguido da relação com a justiça com 68,3% e do convívio social com 65%.
Para a integrante e uma das fundadoras do Centro de Defesa e Educação do Negro no Pará (Cedenpa), Nilma Bentes, a desigualdade relacionada ao mercado de trabalho inicia desde a preparação do indivíduo negro. “As oportunidades desiguais vêm desde a capacitação, o que tem relação com a potencialização da classe centrada na população de baixa renda”, acredita. “Nascer negro, no Brasil, ainda é uma desvantagem, em princípio. A pessoa negra já nasce em desvantagem”.
Como medida para tentar amenizar essa distância, ela aposta na criação de cotas. “Nós brigamos pelas cotas para que possamos pelo menos nos equiparar, porque as oportunidades são diferentes até na educação”.
Ainda há muito preconceito. É muito mais difícil para uma pessoa negra conseguir um emprego.”
Pesquisadores visitaram 15 mil residências em 5 estados
A pesquisa utilizou como amostra cerca de 15 mil residências, porém, o Estado do Pará não está incluído dentre os que tiveram a população entrevistada. Ainda assim, para o vigilante Edcarlos Castro, o resultado da pesquisa está em acordo com a realidade brasileira. “Em algumas situações, a raça ainda influencia. Ainda há muito preconceito. É muito mais difícil para uma pessoa negra conseguir um emprego”.
Já para o agente de portaria Michel Teixeira, a raça ou a cor não influencia as oportunidades das pessoas. “Todo mundo é igual. A raça não tem nada a ver com oportunidade de trabalho”, acredita. “O que importa é a pessoa. Se a pessoa tiver um bom estudo e melhor qualificação, a raça não tem influência”, concorda a auxiliar de serviços gerais, Mayara Dias.
Já para o agente de portaria Michel Teixeira, a raça ou a cor não influencia as oportunidades das pessoas. “Todo mundo é igual. A raça não tem nada a ver com oportunidade de trabalho”, acredita. “O que importa é a pessoa. Se a pessoa tiver um bom estudo e melhor qualificação, a raça não tem influência”, concorda a auxiliar de serviços gerais, Mayara Dias.
publicado no Diário do Pará
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