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No Amazonas, pequenos desmates burlam controle

Posted: 12 de jul. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas:

por André Muggiati *

foto: Marizilda Cruppe

Nosso avião sobrevoa amplas áreas de florestas primária, completamente preservadas, no município de Apuí, sul do Estado do Amazonas. De repente, uma clareira se abre no meio da mata. As árvores derrubadas, lá embaixo, não deixam dúvida: estão desmatando. Mas aqui? No meio do “nada”? A indignação vai tomando conta, mas quase não dá tempo. Outra clareira. E mais uma. Circundando o mosaico de pequenas áreas podemos perceber que, quando conectadas, formarão uma grande fazenda. Mas o crime não acaba aí. Ao longo de pequenos riachos e igarapés, as árvores também não foram poupadas, o que configura crime ambiental segundo o Código Florestal.
Após dois dias de sobrevoos, observando pequenos e médios desmatamentos e vastas áreas de florestas ressecadas pela ação do fogo no sul do Amazonas, não temos dúvidas: o desmatamento voltou, provavelmente incentivado pela promessa de anistia a desmatadores, contida na proposta de Código Florestal recém aprovada na Câmara dos Deputados. E ele está avançando cada vez mais para dentro da floresta, não só em Apuí, mas também em Canutama, Novo Aripuanã, Lábrea e Boca do Acre.
Os dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) comprovam: o Amazonas voltou a chamar atenção pelo avanço do desmatamento no sul do estado, área que já é considerada uma nova fronteira dessa expansão. Se compararmos os alertas do Deter de 2011 com os do ano anterior, há uma expressiva tendência de crescimento. Por meio de interpretação de imagens de satélite, a equipe do Laboratório de Geoprocessamento do Greenpeace identificou 146 polígonos, entre áreas em degradação e com corte raso, e sobrevoou alguns desses pontos para documentar a devastação.
Nesta segunda-feira, dia 11 de julho, fizemos a nossa parte: encaminhamos denúncia detalhada, com o “endereço” dos desmatamentos para o Ibama, a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas e o Ministério Público Federal. Não que eles fossem difíceis de achar. O próprio Deter já havia apontado vários deles, no mês de maio. Também publicamos a denúncia em jornais e websites do Brasil e do exterior. Nossa esperança é que o governo faça algo para interromper a matança da floresta, enquanto ainda é tempo. E que o Senado não aprove esse novo Código Florestal, que mesmo antes de aprovado já está causando destruição. Afinal de contas, o Brasil do futuro não pode mais conviver com a destruição de suas florestas.

* coordenador de campanhas na Campanha Amazônia do Greenpeace

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No Amazonas, pequenos desmates burlam controle 

O Greenpeace identificou uma nova frente de desmatamentos no sul do Amazonas que não tem sido flagrada pelo governo brasileiro. São desmates pequenos, não captados nos radares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na região de Apuí e Manicoré, perto das divisas do Amazonas com Mato Grosso e Rondônia, foram encontradas nove áreas recém-desmatadas. O Greenpeace protocola hoje uma denúncia no Ministério Público.
Segundo a ONG, sozinhos, os desmatamentos são pequenos: de 13, 20, 30 e 40 hectares. Mas, somados, formam um mosaico de 310 hectares de floresta. Se o mosaico fechar, chegará a 900 hectares. O Greenpeace se baseou em imagens de satélite e comprovou os dados sobrevoando o local. Segundo Edwin Keizer, coordenador do laboratório de geoprocessamento da ONG, 146 áreas de desmatamento foram captadas, mas apenas 21 caíram na rede do Inpe: «a maior parte não chega a 50 hectares. E, na prática, eles têm dificuldade de comprovar clareiras de até 75 hectares».
O sistema Deter é usado pelo Inpe para captar desmates a partir de 25 hectares. Mas, na região de Apuí e Manicoré, apenas um dos nove polígonos identificados pelo Greenpeace foi registrado pelo Deter em maio: uma área de 176,8 hectares. O local fica a cerca de dez quilômetros da rodovia Transamazônica. Numa vila conhecida como "Km 180", há muitas madeireiras instaladas. Segundo um técnico do Ministério do Meio Ambiente, ali há expansão da pecuária e é uma zona onde grileiros assumem terras para vendê-las.
Para André Muggiati, coordenador de campanha do Greenpeace na Amazônia, o desmatamento está associado à discussão do Código Florestal. Para a ONG, grileiros estariam desmatando para vender a terra, na expectativa de serem anistiados pela lei em discussão no Congresso. Embora o desmatamento de maio tenha caído em relação a abril, o total de floresta derrubada no mês foi 144% maior do que em maio de 2010. «Sobrevoamos a região no final de junho. O cenário é uma volta ao ritmo antigo de desmatamento», avaliou Muggiati.
Um sistema mais preciso, o Prodes, usa o satélite Landsat - o mesmo usado pelo Greenpeace - e cobre áreas pequenas, de 6,2 hectares. Mas os dados só saem anualmente.
Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, os criminosos destroem áreas no limite do que pode ser captado: «Os pequenos desmatamentos são estratégia para burlar a fiscalização». Ele reconhece que os satélites têm limitações, mas afirma que o órgão usa outros meios para frear a farra das motosserras. Segundo ele, o Ibama recebe, por exemplo, informações da Abin e denúncias de produtores rurais e de ONGs. O Ibama explicou ainda que a região de Apuí, no Amazonas, foi alvo de ações do órgão este ano. Um responsável pela coordenação do desmatamento foi preso e autuado num valor de R$1,25 milhão.

publicado em O Globo - 11/07/2011

As novas áreas de desmatamento avançam mais na direcção do coração protegido da Amazônia do que anteriormente, nomeadamente nos Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia


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Greenpeace divulga imagens de desmatamento no Amazonas

A organização ambientalista Greenpeace divulgou nesta segunda-feira (11) fotografias realizadas durante sobrevoo feito no sul do estado do Amazonas em que foram encontradas grandes áreas de desmatamento que, segundo a instituição, não foram registradas pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As fotografias aéreas, feitas no fim de junho, são de áreas localizadas nos municípios de Apuí (que mais concentrou polígonos de desmatamento), Canutama e Manicoré. O intuito era documentar a devastação da Amazônia e, a partir dos registros, solicitar medidas imediatas das autoridades públicas para conter a ação ilegal. Em documento que será encaminhado ao Ministério Público Federal, ao Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) e à Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amazonas,  o Greenpeace pede que seja 'averiguada a ilegalidade das derrubadas no sul do Amazonas, com a punição dos responsáveis'.

Crise

No fim de junho, durante reunião do gabinete de crise contra o desmatamento, em Brasília, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que iria convocar um maior número de agentes do Ibama na fronteira entre os estados do Amazonas e de Rondônia, região considerada nova fronteira agrícola.
A decisão ocorreu após a ministra tomar conhecimento da ocorrência de desmatamento químico por aeronaves pulverizadoras, técnica em que veneno é lançado do ar para matar árvores. Uma investigação foi aberta para analisar os responsáveis pela ação.

publicado no Globo Natureza

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Rising deforestation in the heart of the Amazon - in pictures

After years of decline, the felling of trees in the Amazon and the murderous violence that accompanies it is rising ahead of proposed changes to Brazil's forest code. To document the increase in deforestation in the world's largest rainforest, Greenpeace took to the air and has published these aerial photographs for the first time. The images, combined with satellite data, are being presented to the Brazilian government today.

publicado no The Guardian

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