No final da apresentação ao Parlamento do Programa de Governo a aplicar a Portugal nos próximos anos, e tendo em conta a austeridade da medidas apresentadas, tanto a Direita como a Esquerda acharam por bem deixar desde logo os seus avisos.
Do poder, a Direita, tratou de avisar que é contra qualquer tipo de contestação na rua. Da oposição, a Esquerda, tratou de informar que será precisamente na rua que os protestos se vão começar a ouvir
É ler a seguir.
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Portas contra "agitação de rua" e "greves sistemáticas"
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, encerrou hoje o debate do Programa do Governo com um discurso a favor do "acordo social" e contra a "agitação" de rua e eventuais "greves sistemáticas".
Numa alusão aos protestos que têm acontecido na Grécia, com episódios de violência, Paulo Portas declarou: "Quando os portugueses veem as imagens de desesperança e de instabilidade que nos chegam às vezes de outros países da Zona Euro certamente que há um bom senso geral que não recomenda imitações".
O ministro de Estado defendeu que a todos os responsáveis políticos cabe "o cuidado de não piorar os dias do presente, que já são suficientemente difíceis", e que o "cumprimento das obrigações internacionais do Estado português" também "convoca a todos - sem perda, obviamente, das identidades doutrinárias ou setoriais".
Da parte do Governo haverá uma "cultura do acordo social e da negociação com os parceiros sociais", prometeu.
"Do que Portugal precisa neste momento não é de agitação social na eterna esperança de substituir a legitimidade política pela vanguarda da rua, é de uma cultura de compromisso político e de acordo social", considerou Paulo Portas.
Segundo o ministro, contudo, "haverá sempre quem pense - um pensamento que a história já se encarregou de fazer caducar - que não é nos parlamentos que se faz a luta", mas "convém ter em consideração" que nas legislativas de 5 de junho "prevaleceu o voto naqueles partidos que assumiram o compromisso de cumprir o memorando de ajuda externa" - PS, PSD e CDS-PP.
Os portugueses "premiarão quem estiver disponível para uma cultura de compromisso político e de acordo social" e "não terão demasiada indulgência para com aqueles que queiram ignorar o voto popular e cansar o país com o recurso a greves sistemáticas sem procura prévia de um ponto de acordo que tenha em conta as circunstâncias de Portugal", sustentou.
Jerónimo considera que o Governo pode ser derrotado pelo povo
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, pediu hoje aos portugueses para saírem em protesto contra o programa do Governo, considerando que a história demonstra que este pode ser derrotado pelo povo, apesar de ter maioria absoluta.
"O povo tem a legitimidade, porque o poder reside no povo. E não é perante uma maioria que tem, de facto, legitimidade institucional para governar que o povo português pode ser esbulhado da defesa dos seus direitos, dos seus interesses, em conformidade com esse poder que a Constituição da República determina. É sempre o povo que tem a última palavra. Sempre, mas sempre", argumentou o secretário-geral do PCP.
Intensificação da luta de massas
Em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião do Comité Central do PCP, na sede nacional do partido, em Lisboa, Jerónimo de Sousa considerou que "a intensificação da luta de massas é o caminho mais certo para derrotar este Governo", mesmo sendo este suportado por uma "maioria absoluta" no Parlamento.
"A nossa história recente, a nossa história depois da democracia já demonstrou muitas vezes que, até com maiores maiorias absolutas, quando se tentou governar contra os trabalhadores, contra o povo e contra o país, quem acabou por ser derrotado foram precisamente esses governos", disse.
O secretário-geral do PCP acrescentou que "aquilo que hoje parece impossível tornar-se-á tanto mais próximo conforme essas medidas" do Governo "atingirem o povo e conforme o povo, e particularmente os trabalhadores, reagirem e lutarem". "A história está cheia desses exemplos", reforçou.
Jerónimo de Sousa anuncia jornada sobre renegociação da dívida
O PCP vai promover este mês uma jornada sobre "a renegociação da dívida, a produção nacional, os direitos dos trabalhadores e a legislação laboral", que inclui a realização de um comício em Lisboa, na próxima sexta-feira. O anúncio desta jornada de ação política foi feito pelo secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa, em conferência de imprensa, no final de uma reunião do Comité Central do PCP, na sede nacional deste partido, em Lisboa.
Segundo Jerónimo de Sousa, esta iniciativa vai incluir "uma venda especial" do jornal "Avante!", no dia 14 de julho, "ações em todo o país até 24 de julho" e a realização de "reuniões abertas à participação daqueles que integram o espaço de apoio à CDU e de outros cidadãos sem filiação partidária para troca de opiniões sobre a situação do país".
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