Com o "gabinete de guerra" da UE reunido em Bruxelas, probabilidade de default abre acima de 60% para Portugal. Irlanda sobe para 55,55% e Espanha para 25,49%.
O mercado dos credit default swaps (cds, seguros financeiros contra o risco de incumprimento) ligados às dívidas soberanas está ao rubro. A abertura revela níveis de risco de incumprimento jamais atingidos para os cinco países (Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália) da zona euro sob observação.
Portugal está com 60,34% e com um custo dos cds em 1129,40 pontos base, novos máximos históricos, de acordo com dados da CMA DataVision para a abertura deste mercado agora de manhã.
A Grécia prossegue a escalada para o nível de default iminente - ainda ontem referido pelo ex-presidente da Reserva Federal, Alan Greenspan - com 84,51% de risco e um preço dos cds que continua a aproximar-se dos níveis da Argentina em julho de 2001.
A Irlanda ultrapassou hoje de manhã, pela primeira vez, o nível dos 1000 pontos base no custo dos cds ligados à sua divida soberana, e a probabilidade de default subiu para 55,5%.
Itália e Espanha na berlinda
No entanto, a situação mais preocupante - em virtude da dimensão económica dos países envolvidos - está a ocorrer com os dois "elefantes na loja de porcelenas", a Espanha e a Itália.
O risco de incumprimento de Espanha subiu para 25,49% e o de Itália para 21,41%. O risco de default no caso de Itália é o que mais sobe hoje no conjunto dos 80 países monitorizados pela CMA DataVision.
A Itália está à beira de entrar para o "clube" da bancarrota; separam-na do Vietname (o 10º do ranking dos países com maior risco de default à escala mundial) algumas centésimas.
Se a Itália entrar hoje, o "clube" ficará com 5 membros da zona euro: Grécia, que o lidera, Portugal em 2º lugar, Irlanda na 3ª posição, Espanha na 8ª e Itália em 10º lugar (se se mantiver a tendência).
A Itália tem um peso da dívida pública no PIB na ordem dos 120% (o que compara com 130% para a Grécia), sendo a segunda mais elevada na União Europeia, mas tem uma dívida externa total (pública e privada) de apenas 108%, o que contrasta com os mais de 1000% da Irlanda, mais de 200% de Portugal e Bélgica, e mais de 170% da Grécia.
Roma "insolvente", sem reformas
Segundo a Eurointelligence hoje de manhã, a dívida pública italiana tem "um nível demasiado elevado dada a baixa taxa de produtividade". E acrescenta, "sem reformas, o que, politicamente não se vislumbra, o país é insolvente".
Um grupo de multinacionais espanholas e italianas estão hoje a liderar as subidas no risco de default: Enel, Eni, Repsol, Endesa e Iberdrola.
Na sexta-feira a bolsa italiana esteve sob ataque de hedge funds globais e o índice bolsista MIB quebrou 3,47%, a maior queda bolsista na Europa. A Consob (a Comissão italiana para o mercado de valores mobiliários) acabou por impôr uma série de regras em relação às transações em acções e em títulos do Tesouro que entraram em vigor hoje até 9 de setembro. O objetivo é reduzir a volatilidade.
Também o risco da Bélgica (o país que bate o recorde mundial de ausência de formação de governo depois de eleições legislativas) subiu para mais de 15%.
O indicador sobre a turbulência global no mercado de cds ligados às dívidas soberanas europeias disparou. O iTraxx Europe Crossover série 15 subiu, desde o ínicio do mês, 13,73% para os cds a 3 anos, 20,83% para os a 5 anos, 21,89% para os a 7 anos e 22,04% para os a 10 anos.
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