Os jornais europeus dão hoje grande destaque à notação de Portugal para "lixo". A agência de notação financeira Moody's cortou ontem em quatro níveis o 'rating' de Portugal de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de 'lixo' (junk).
Em comunicado, a agência de notação financeira apresentou três razões para justificar esta revisão baixa e manteve o 'outlook' negativo, podendo a notação da República voltar a cair em breve.
Duas outras agências de notação financeira, a Standar & Poor's e a Fitch, mantêm o "rating" de Portugal em BBB-, apenas um nível acima do limiar de "grau de investimento".
Espanha
O espanhol El Mundo diz que "Portugal enfrenta os mercados após descida da qualificação da sua dívida" e o El País relembra que "A agência Moody's baixa a divida de Portugal ao nível lixo".
França
Em França, o assunto também merece a atenção dos principais jornais, com o Le Monde a sublinhar que a "Moody´s baixou a nota de Portugal em quatro níveis" e o Le Fígaro a considerar que "Portugal se tornou num investimento arriscado para a agência Moody´s".
O Le Monde relembra que, segundo a agência, existe um risco crescente de que Portugal necessite de um segundo plano de assistência financeira antes de se conseguir financiar nos mercados internacionais.
Reino Unido
Em Inglaterra, o tema não passa despercebido mas o destaque dado ao assunto é menor, com o The Times a dizer que "Portugal está agora no nível lixo", o Financial Times a referir que a "Moody´s alerta para segundo resgate a Portugal" e o The Telegraph a indicar que "O rating da dívida de Portugal foi desvalorizado".
Irlanda
Também na Irlanda, o Irish Independent chama o assunto aos temas do dia, afirmando que a "Moody´s atira crédito de Portugal para o lixo".
«Ficaremos chocados se Portugal não entrar em incumprimento»
"Teríamos ficado chocados se Portugal não tivesse sido reduzido para a classificação de lixo e ainda mais chocados se não entrar em incumprimento (sendo evidente que lhe chamaremos outra coisa)", escreveu Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, numa nota citada no Financial Times.
Para este perito do banco suíço, as crises de Lisboa e Atenas só diferem "à superfície" porque o "excesso de alavancagem em Portugal está escondido no sector privado, enquanto na Grécia está no sector público".
"Os nossos modelos dizem que Portugal precisa de um ‘haircut' de 30% na dívida pública", escreve Andrew Garthwaite, justificando o número com o elevado endividamento do sector privado português, a perda de competitividade do país e a falta de crescimento da economia. "Os nossos cálculos sugerem que os salários precisam cair 5-10% e isso são más notícias para o PIB", conclui. link
BCE remete reacção sobre Portugal para UE e FMI
O BCE, que faz parte da troika, remeteu hoje para a União Europeia e o FMI uma posição sobre o corte do 'rating' da dívida portuguesa. "Não tomamos posição quanto à desclassificação de Portugal pela [agência de notação] Moddy's, apesar de fazermos parte da troika", afirmou fonte do gabinete de imprensa do BCE, citada pela Lusa. "Quem está em destaque são as outras duas instituições: o FMI e a Comissão Europeia", justificou a mesma fonte. link
Cf. também:
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- Cavaco Silva diz “não haver mínima justificação” para corte de rating
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