Multidão comemora indepedência do Sudão do Sul: questões de fronteira ainda não foram resolvidas
Etnia Toposa celebra a separação do Sudão do Sul, após resultados do referendo
Salva Kiir Mayardit, novo predidente do Sudão do Sul, mostra a nova Constituição
Presidente do Sudão, Omar al Bashir, discursa em Juba, capital do Sudão do Sul
Salva Kiir Mayardit (à esquerda), predidente do Sudão do Sul, ao lado de Omar al Bashir, presidente do Sudão, durante cerimônia de independência
Com a bandeira do Sudão do Sul, jovens ensaiam uma coreografia e comemoram a independência do país, que será proclamada neste sábado
Após cinco décadas de conflito civil, nasceu este sábado, 9 de Julho, o mais jovem país do mundo. Com quase 10 milhões de habitantes, o Sudão do Sul já tem um título: é o mais pobre do mundo.
Para se ter uma ideia, por cada mil bebés que nascem, 111 morrem no primeiro ano de vida. Mais: 90% das mulheres são analfabetas. E na nova capital, Juba, há apenas uma rua asfaltada.
Apesar do tom amigável do presidente do Sudão, hoje, durante a cerimónia de independência, as questões de fronteira ainda preocupam a comunidade internacional porque prossegue o debate sobre quem ficará com a região de Abyei, rica em petróleo. Em Maio, forças do Sudão do Norte entraram na cidade. Estima-se que 170 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por causa do conflito.
A independência do Sudão do Sul já foi reconhecida pela ONU e pelas principais potências mundiais, entre elas Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A União Europeia, no seu conjunto, e a Alemanha, em particular, também reconheceram o novo país, o 193º a integrar as Nações Unidas
O governo brasileiro, aliás, anunciou hoje mesmo o estabelecimento de relações diplomáticas com o Sudão do Sul. O Itamaraty informou que os dois países desejam promover relações de amizade e cooperação nos âmbitos político, económico, cultural e humanitário, entre outros.
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Sudão do Sul é reconhecido como país independente pelas principais potências mundiais
A República do Sudão do Sul, o mais novo país do mundo, já foi reconhecida pelas principais potências mundiais. Estados Unidos, França, Reino Unido e China, quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, já reconheceram o novo Estado. Também a União Europeia, no seu conjunto, e a Alemanha, em particular, o fizeram.
O Sudão do Sul içou hoje a sua bandeira pela primeira vez, acontecimento presenciado por milhares de sudaneses do sul e dezenas de personalidades mundiais, entre os quais o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, disse, em Washington, que este dia revela que "após a escuridão da guerra, a luz de um novo amanhecer é possível".
A independência "não é um presente", realçou, por seu lado, Susan Rice, embaixadora dos EUA na ONU e representante de Obama na cerimônia de independência, apelando aos cidadãos do Sudão do Sul que construam um "país digno do sacrifício de todas as vidas perdidas" em cinco décadas de conflito.
Também o presidente francês, Nicolas Sarkozy, apelou aos dois países que agora transportam o nome de Sudão para encararem "esta nova etapa das suas relações no espírito do diálogo e da cooperação".
Entre os presentes à solenidade, aquele que mais burburinho causou foi o presidente do Sudão, Omar Al Bashir, sobre quem pende um mandado de captura internacional por genocídio e crimes contra a humanidade cometidos na região sudanesa de Darfur. Na cerimônia, Al Bashir disse que apostará em "preservar os interesses comuns" do Norte e do Sul do Sudão.
O Sul do Sudão é o 193º país reconhecido pelas Nações Unidas. Uma nação independente e soberana, de carácter multiétnico e multirreligioso, que quer relações amigáveis com todos os países, incluindo o Sudão. “Nós, representantes democraticamente eleitos pelo povo, baseados na vontade do povo do Sudão do Sul, como confirmam os resultados do referendo à autodeterminação, proclamamos o Sudão do Sul uma nação independente e soberana”, afirmou o presidente do Parlamento do mais recente país, James Wannilgga.
A declaração, proferida perante delegações de 80 países, 30 chefes de Estado, do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, e de milhares de sudaneses do sul, deu destaque às relações amigáveis que o novo país pretende estabelecer com todos os países, em especial com a República do Sudão, depois de décadas de confrontos entre cristãos do Sul e muçulmanos do Norte, que resultaram em milhões de mortos.
Salva Kiir tornou-se no primeiro presidente do Sudão do Sul, após o juramento de respeito à Constituição provisória.
A cerimônia, rodeada de forte dispositivo de segurança, decorreu no mausoléu do ex-dirigente rebelde sudanês John Garang, que morreu em 2005 em um acidente de helicóptero, após a assinatura de um acordo de paz entre Norte e Sul, e começou com discursos de um representante católico e de um representante muçulmano.
Presidente do Sudão do Sul promete anistiar rebeldes
O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit, anunciou hoje (9) uma anistia geral para todos os que combateram as autoridades de Juba (capital do novo Estado) e pediu para que os rebeldes deponham as armas. "Aproveito a oportunidade para anunciar uma amistia geral para todos os que usaram as armas por uma causa ou outra contra o governo do Sul. Peço-lhes que abandonem as armas e se juntem a nós para construir este nosso novo país", apelou Salva Kiir, usando, segundo descreveu a agência noticiosa espanhola Efe, o seu inseparável chapéu preto no estilo cowboy, um presente do ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush.
No primeiro discurso como presidente, o líder do Movimento Popular de Libertação do Sudão referiu-se aos conflitos ainda sem solução definitiva entre os dois países que, agora, usam o nome Sudão, principalmente a questão da partilha dos recursos petrolíferos da rica região de Abyei.
"Quando vocês [sudaneses do Norte] choram, nós choramos; quando vocês sangram, nós sangramos. Prometo trabalhar com o meu irmão Omar Al Bashir [presidente do Sudão] e a comunidade internacional para restaurar a paz", disse Salva Kiir.
Presente na cerimônia de nascimento do 193º país reconhecido pelas Nações Unidas, Omar Al Bashir, sobre o qual pende um mandado de captura internacional por genocídio e crimes, assegurou que ajudará o novo país "nos seus primeiros passos”, prometendo manter "excelentes relações" e "preservar os interesses comuns" de ambas as nações.
"O vosso sucesso será o nosso sucesso", disse o presidente do Sudão, que reconheceu a independência do novo vizinho do Sul, embora insistindo que "manter a união do Sudão era melhor".
Salva Kiir Mayardit adiantou também algumas das linhas da sua presidência, que passam por potenciar a economia, como "chave da prosperidade", e redobrar os esforços do país para construir instituições, fortalecer o setor privado e captar investimento estrangeiro.
O maior desafio do novo Estado será a corrupção política, reconheceu o presidente, comprometendo-se a "fazer tudo para erradicar esse cancro".
A República do Sul do Sudão, o mais novo país do mundo, já foi reconhecida pelas principais potências mundiais, entre as quais os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a União Europeia.
O Sul do Sudão içou hoje a sua bandeira pela primeira vez, acontecimento presenciado por milhares de sudaneses do Sul e dezenas de personalidades mundiais, entre os quais o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
via Agência Lusa
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