por José Ribamar Mitoso *
Tenho participado de todos os fóruns sociais pan-amazônicos.
Em 2005, em Manaus, por exemplo, fui o coordenador dos movimentos culturais, como então presidente do sindicato dos escritores e como conselheiro eleito ao conselho municipal de política cultural, para a cadeira de literatura.Fui palestrante no debate sobre política cultural no mundo, junto com a secretária de cultura de Milão. Ensinei pouco, mas aprendi muito. Aprendi que Barcelona é a cidade que mais investe em cultura no mundo: 6% do orçamento.Buenos Aires a segunda: 5,8%. E Boa Vista a terceira: 5,3% do orçamento, mais ou menos.
Em 2010,em Santarém, participei como dramaturgo. Apresentei Cunhã, peça teatral, além de promover o debate sobre estética e sobre política cultural, no âmbito da pan-amazônia: Qual a dialética entre palco e platéia? Quando o palco é popular, é justo que a platéia seja a elite e receba a mensagem como insulto? Quando ocorre o inverso, é justo alienar a platéia com uma mensagem classista? O que é política cultural de mercado- Lei Rouanet? O que é política cultural de Estado-Sociedade Civil-Mercado: PROCULTURA? Foi este o debate.
Da Carta de Manaus à Carta de Santarém, o amadurecimento foi visível. Entre Santarém e Cobija, em 2012, mudanças fundamentais nos outros continentes: A primavera árabe por democracia, república e igualdade social, é uma delas. Talvez a mais fundamental,mas não a única.Mais que a primavera árabe: a consolidação do multilateralismo. Todas estas mudanças serão avaliadas , inclusive suas repercussões econômicas sobre os oito paises signatários da OTCA. Mas, e as nossas propostas culturais específicas? em que avançaram ou não? Serão avaliadas, no contexto do movimento popular, sindical,ambiental ? É preciso entender o fórum social Pan-Amazônico no contexto do fórum social africano, do fórum social europeu, do fórum social asiático e na convergência do fórum social mundiaL. É preciso entender a emergência da sociedade civil sobre o Estado e sobre o mercado.
Este debate já começou e está tomando forma de encontros preliminares para o VI fórum social pan-amazônico de 2012, em Cobija, na Bolívia. Desta vez, diferente das anteriores, são os movimentos culturais da amazônia brasileira, especialmente os movimentos de escritores,que estão saindo na frente. Quando digo escritores, refiro-me aos escritores de rua de Manaus e os contadores de histórias amazônicas de Belém. Melhor: refiro-me ao movimento de escritores de rua de Manaus e ao movimento de contadores de histórias amazônicas de Belém.
Em Manaus, nesta segunda quinzena de novembro, ocorrerá o II encontro pan-amazônico de escritores. A promoção é da Revista Sirrose, que agrega os escritores de rua, populares e vanguardistas do Amazonas. Estão sendo esperados escritores dos oito países da pan-amazônia e ainda da Guiana dita francesa.
Mas não esperem encontrar aqueles senhores sisudos , fantasiados com seus paletós ou fardões. Não encontraremos gente séria, resolvida na vida, economicamente estável e, na maioria das vezes, grandes hipócritas e corruptos, legitimadores do capitalismo selvagem , construtores de valores para o sistema dominante.Esta gente não estará entre nós. Encontraremos em Manaus outros tipos de escritores: gente alegre, festiva, lisa, libertária, louca e construtora de valores para uma sociedade igualitária. Encontraremos, por exemplo, aqueles que fazem experiências extrasensoriais, alucinógenas, mas raramente alcoólicas. Consumidores de cidreira, hortelanzinho, erva-doce, camomila, capim-santo. Estes estarão presentes. “Fanzineiros”, por exemplo, que escrevem de manhã para vender na rua a tarde e poder comer à noite.Estes também. Ou seja: a literatura tem lado e este é o nosso. Os escritores que se organizam em torno da Sirrose, e são mais de cinquenta, são a vanguarda literária pan-amazônica. Isto para nós mesmo porque os conservadores devem acreditar na mesma bobagem para eles mesmo! Paciência! De qualquer modo, a integração cultural pan-amazônica será a pauta e o mote.
Em Belém, na mesma sintonia, ocorrerá o I encontro de contadores de histórias amazônicas. Em parceria com a Fundação Tancredo Neves, o encontro será realizado nos dias 1 e 2 de dezembro , deste 2011. A integração cultural pan-amazônica estará na pauta.
Nos dois encontros, haverá a combinação de ação literária para a construção política do mundo e de ação política para a construção do fazer literário. Tudo na pespectiva Pan: isto é: todos sabem.
Os interessados, e mesmo aqueles que detestam estes movimentos, podem ler as ilustrações abaixo e fazer suas escolhas.
* formado em Direito, Filosofia e Comunicação Social-Jornalismo. Escritor,dramaturgo,professor da Universidade Federal do Amazonas(Ufam), especialista em Estética e Filosofia da Arte (USP), especialista em planejamento cultural (FGV), Mestre MSC em Literatura Amazônica e em processo de doutoramento em Integração Cultural Pan-amazônica. O autor é ex-presidente do sindicato dos escritores e possui seis prêmios FUNARTE de teatro, junto com o "Grupo Pombal Artes Espaço Alternativo". Como dramaturgo, é autor de cinco peças do teatro do indígena na cidade e no presente.São elas: Poronominari ( prêmio FUNARTE) centenário do Teatro Amazonas -1996 e Prêmio FUNARTE-MINC de Circulação -2005) , A Saga Munduruku ( Prêmio FUNARTE- MINC de circulação e montagem 2007), As Filhas de Yepá (2006), Cunhã (2010), além da parceria, como roteirista e diretor artístico da peça A Casa dos Cinco Tempos, do Kumu Séribhi, Gabriel Gentil, sobre a história do povo Dasxé do alto Ro Negro. Como escritor, escreveu os livros de contos Contos Vagabundos (1990), Povo de Manaus , O Camelô (1991) e o inédito Manaus INC.-Contos Amazônicos na Desglobalização. Autor da novela inédita "Canibalismo em Processo, novela Amazônica na Desglobalização". Escreveu ainda três livros de ensaios sobre o movimento artístico-cultural no Amazonas. São eles: "Vozes da Lenda" (1990), "A Carta Doida (1996) e Os "Artistas de Março" (2006).
Em 2005, em Manaus, por exemplo, fui o coordenador dos movimentos culturais, como então presidente do sindicato dos escritores e como conselheiro eleito ao conselho municipal de política cultural, para a cadeira de literatura.Fui palestrante no debate sobre política cultural no mundo, junto com a secretária de cultura de Milão. Ensinei pouco, mas aprendi muito. Aprendi que Barcelona é a cidade que mais investe em cultura no mundo: 6% do orçamento.Buenos Aires a segunda: 5,8%. E Boa Vista a terceira: 5,3% do orçamento, mais ou menos.
Em 2010,em Santarém, participei como dramaturgo. Apresentei Cunhã, peça teatral, além de promover o debate sobre estética e sobre política cultural, no âmbito da pan-amazônia: Qual a dialética entre palco e platéia? Quando o palco é popular, é justo que a platéia seja a elite e receba a mensagem como insulto? Quando ocorre o inverso, é justo alienar a platéia com uma mensagem classista? O que é política cultural de mercado- Lei Rouanet? O que é política cultural de Estado-Sociedade Civil-Mercado: PROCULTURA? Foi este o debate.
Da Carta de Manaus à Carta de Santarém, o amadurecimento foi visível. Entre Santarém e Cobija, em 2012, mudanças fundamentais nos outros continentes: A primavera árabe por democracia, república e igualdade social, é uma delas. Talvez a mais fundamental,mas não a única.Mais que a primavera árabe: a consolidação do multilateralismo. Todas estas mudanças serão avaliadas , inclusive suas repercussões econômicas sobre os oito paises signatários da OTCA. Mas, e as nossas propostas culturais específicas? em que avançaram ou não? Serão avaliadas, no contexto do movimento popular, sindical,ambiental ? É preciso entender o fórum social Pan-Amazônico no contexto do fórum social africano, do fórum social europeu, do fórum social asiático e na convergência do fórum social mundiaL. É preciso entender a emergência da sociedade civil sobre o Estado e sobre o mercado.
Este debate já começou e está tomando forma de encontros preliminares para o VI fórum social pan-amazônico de 2012, em Cobija, na Bolívia. Desta vez, diferente das anteriores, são os movimentos culturais da amazônia brasileira, especialmente os movimentos de escritores,que estão saindo na frente. Quando digo escritores, refiro-me aos escritores de rua de Manaus e os contadores de histórias amazônicas de Belém. Melhor: refiro-me ao movimento de escritores de rua de Manaus e ao movimento de contadores de histórias amazônicas de Belém.
Em Manaus, nesta segunda quinzena de novembro, ocorrerá o II encontro pan-amazônico de escritores. A promoção é da Revista Sirrose, que agrega os escritores de rua, populares e vanguardistas do Amazonas. Estão sendo esperados escritores dos oito países da pan-amazônia e ainda da Guiana dita francesa.
Mas não esperem encontrar aqueles senhores sisudos , fantasiados com seus paletós ou fardões. Não encontraremos gente séria, resolvida na vida, economicamente estável e, na maioria das vezes, grandes hipócritas e corruptos, legitimadores do capitalismo selvagem , construtores de valores para o sistema dominante.Esta gente não estará entre nós. Encontraremos em Manaus outros tipos de escritores: gente alegre, festiva, lisa, libertária, louca e construtora de valores para uma sociedade igualitária. Encontraremos, por exemplo, aqueles que fazem experiências extrasensoriais, alucinógenas, mas raramente alcoólicas. Consumidores de cidreira, hortelanzinho, erva-doce, camomila, capim-santo. Estes estarão presentes. “Fanzineiros”, por exemplo, que escrevem de manhã para vender na rua a tarde e poder comer à noite.Estes também. Ou seja: a literatura tem lado e este é o nosso. Os escritores que se organizam em torno da Sirrose, e são mais de cinquenta, são a vanguarda literária pan-amazônica. Isto para nós mesmo porque os conservadores devem acreditar na mesma bobagem para eles mesmo! Paciência! De qualquer modo, a integração cultural pan-amazônica será a pauta e o mote.
Em Belém, na mesma sintonia, ocorrerá o I encontro de contadores de histórias amazônicas. Em parceria com a Fundação Tancredo Neves, o encontro será realizado nos dias 1 e 2 de dezembro , deste 2011. A integração cultural pan-amazônica estará na pauta.
Nos dois encontros, haverá a combinação de ação literária para a construção política do mundo e de ação política para a construção do fazer literário. Tudo na pespectiva Pan: isto é: todos sabem.
Os interessados, e mesmo aqueles que detestam estes movimentos, podem ler as ilustrações abaixo e fazer suas escolhas.
O que é o Fórum Social Pan-Amazônico ?
O FSPA se define por seu lema :Conhecer e Unir para Lutar. É um movimento em permanente construção protagonizado por populações organizadas, movimentos sociais, entidades, Ong’s, redes e instituições dos países pan-amazônicos que buscam através do debate, intercâmbio de experiencias e vivencias descobrir e percorrer caminhos comuns na luta contra a dominação e a exploração, construindo nossa força amazônida a partir da afirmação de nossas múltiplas identidades. O Fórum Social Pan-Amazônico faz parte da grande constelação em luta contra o neoliberalismo e o poder imperial , articulada pelo Fórum Social Mundial.
Para a Amazônia, neoliberalismo significa degradação ambiental, pirataria, destruição de modos de vida tradicionais, colonialismo, concentração de terras e riquezas, intervenção militar e guerra. O Fórum Social Pan-Amazônico é a aldeia de todos e todas que lutam contra essas imposições e almejam fazer da Amazônia a terra sem males, buscada pelos nossos povos desde tempos imemoriais.
# Site oficial
* formado em Direito, Filosofia e Comunicação Social-Jornalismo. Escritor,dramaturgo,professor da Universidade Federal do Amazonas(Ufam), especialista em Estética e Filosofia da Arte (USP), especialista em planejamento cultural (FGV), Mestre MSC em Literatura Amazônica e em processo de doutoramento em Integração Cultural Pan-amazônica. O autor é ex-presidente do sindicato dos escritores e possui seis prêmios FUNARTE de teatro, junto com o "Grupo Pombal Artes Espaço Alternativo". Como dramaturgo, é autor de cinco peças do teatro do indígena na cidade e no presente.São elas: Poronominari ( prêmio FUNARTE) centenário do Teatro Amazonas -1996 e Prêmio FUNARTE-MINC de Circulação -2005) , A Saga Munduruku ( Prêmio FUNARTE- MINC de circulação e montagem 2007), As Filhas de Yepá (2006), Cunhã (2010), além da parceria, como roteirista e diretor artístico da peça A Casa dos Cinco Tempos, do Kumu Séribhi, Gabriel Gentil, sobre a história do povo Dasxé do alto Ro Negro. Como escritor, escreveu os livros de contos Contos Vagabundos (1990), Povo de Manaus , O Camelô (1991) e o inédito Manaus INC.-Contos Amazônicos na Desglobalização. Autor da novela inédita "Canibalismo em Processo, novela Amazônica na Desglobalização". Escreveu ainda três livros de ensaios sobre o movimento artístico-cultural no Amazonas. São eles: "Vozes da Lenda" (1990), "A Carta Doida (1996) e Os "Artistas de Março" (2006).
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