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Descobertas alterações no genoma do boto-vermelho, no Amazonas

Posted: 27 de fev. de 2012 | Publicada por por AMC | Etiquetas:


O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) conseguiram identificar modificações no genoma do boto-vermelho (Inia geoffrensis), também conhecido como boto-cor-de-rosa. A pesquisa foi realizada pelos laboratórios de Genética Animal (LGA) e de Mamíferos Aquáticos, ambos do Inpa. Os pesquisadores ainda não sabem se as alterações são causadas por poluição ambiental.
Os resultados da pesquisa fazem parte da dissertação de mestrado “Citogenética clássica e molecular do boto-vermelho Inia geoffrensis”, elaborada por Heide Luz Bonifácio, sob a orientação da pesquisadora Eliana Feldberg. O trabalho foi concluído em 2011 e contou também com o apoio da Petrobras Ambiental, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes) e a Associação Amigos do peixe-boi (Ampa).
Foram coletadas amostras de 27 animais, sendo 14 fêmeas e 13 machos distribuídos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (RDSM), próximo ao município de Tefé, a 523 Km a Oeste de Manaus, na cidade de São Gabriel da Cachoeira, a 852 Km da capital, Aruanã (GO), Rio Branco (AC) e nas proximidades de Manaus.
Segundo a pesquisadora Eliana Feldberg, o boto-vermelho é uma espécie do topo da cadeia alimentar e, por isso, pode acumular componentes tóxicos em seu organismo. Ela disse que estudos já indicaram a presença de mercúrio e do pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) em amostras de sangue e de tecido desta espécie.
De acordo com Heide Bonifácio, entre as duas espécies de golfinhos de rio da Amazônia, o boto-vermelho é a mais próxima aos ancestrais dos cetáceos, que constituem uma ordem de animais marinhos, porém pertencentes à classe dos mamíferos. "Isto significa que entender como o genoma está organizado possibilita compreender a evolução do animal, uma vez que as informações genéticas são compartilhadas com os ancestrais deles. Baseado em análises moleculares e morfológicas, o boto-vermelho é considerado uma espécie rara", explicou Bonifácio.

Caça predatória

Um estudo divulgado em 2011, revelou que em dez anos a população de botos da Amazônia reduziu pela metade. Na região da cidade de Tefé, a 520 Km de Manaus, apontou que morre por ano uma quantidade de animais sete vezes maior que o limite permitido.
Outro dado apontou que o uso da carne de cada boto-vermelho para pesca pode render ao menos uma tonelada de piracatinga. Na região de Tefé, estima-se a pesca de 400 toneladas do pescado ao ano, sendo que grande parte da carga é enviada para a Colômbia.


Biólogos vão rastrear caça ilegal do boto-vermelho na Amazônia

Um levantamento que será realizado ao longo de 2012 por biólogos nas cidades de Manacapuru e Beruri, ambas no Amazonas, vai detectar os efeitos da pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), peixe também conhecido como douradinha, sobre a população dos botos-vermelhos (Inia geoffrensis), também conhecidos como botos-cor-de-rosa.
Um rastreamento em frigoríficos e entrevistas com pescadores serão realizados por especialistas ligados à Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e ao Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), para descobrir as práticas de pesca da douradinha, um peixe que consome carne apodrecida e é atraído por armadilhas onde a isca é a carne de boto.
A prática, difundida no interior do estado, também ocorre em zonas próximas a Manaus, capital do Amazonas. Segundo Sannie Brum, bióloga e pesquisadora da Ampa, frigoríficos têm financiado a pesca na região e causando o aumento da mortalidade de botos.
“São montados ‘currais’ para depósito da carga de piracatinga. Como eles (os pescadores) não querem gastar dinheiro com iscas, caçam os botos. Queremos entender este mercado, quanto custa o quilo do pescado, para quem é vendido e vamos tentar encontrar alternativas para evitar a caça do boto na captura da douradinha”, afirma Sannie.

Caça predatória

De acordo com um estudo divulgado em 2011, em dez anos a população de botos da Amazônia reduziu pela metade. O levantamento, feito por amostragem na região de Tefé, apontou que morre por ano uma quantidade de animais sete vezes maior que o limite permitido.
Outro dado importante aponta que cada boto-vermelho, que chega a medir 2,5 metros e pesar 180 kg, pode render ao menos uma tonelada de piracatinga. Na região de Tefé, estima-se a pesca de 400 toneladas do pescado ao ano, sendo que grande parte da carga é enviada para a Colômbia.
“Já na região de Manacapuru e Beruri, os peixes vão para o comércio local e também são enviados para São Paulo e para o Nordeste”, disse a pesquisadora.
Com custo de R$ 30 mil, financiados pela Fundação Boticário, pesquisadores vão percorrer a região do Baixo Rio Purus, onde a prática ilegal de caça ao boto tem ocorrido de forma velada. Enquanto na região de Tefé os pescadores colocam a carne em caixas, na bacia do Purus são utilizadas redes leves que podem ser escondidas em possíveis flagrantes.
“Já temos relatos de que somente nesta área foram mortos em um único dia cerca de 40 botos. A partir da nossa pesquisa, vamos preparar diretrizes para aumentar a fiscalização nessas regiões, mas, principalmente, melhorar a imagem do boto junto às comunidades”, comenta.

publicado no Globo Natureza em 25.01.2012

Mortes de botos estão acima do que espécie suporta, alerta cientista

A alta taxa de mortalidade do boto-vermelho (Inia geoffrensis), também chamado de boto-cor-de-rosa preocupa cientistas e ambientalistas da Amazônia.
Um estudo com base na população destes animais existente na região de Tefé, cidade localizada na região central do estado do Amazonas, comprovou que apenas 48 espécimes poderiam morrer ao ano para que a espécie não entre na lista dos animais com risco de extinção. Entretanto, somente nesta região 346 botos-vermelhos morreram em 2010, número que é mais de sete vezes superior ao limite estipulado.
Deste total, 176 botos foram vítimas acidentais da pesca com rede e o restante foi caçado para ser utilizado como isca na pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), peixe também conhecido como “douradinha” e que se alimenta da carne apodrecida do boto.
De acordo com Sannie Brum, pesquisadora da Associação Amigos do Peixe Boi (Ampa) e do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a mortalidade dos botos pode ser muito maior, assim como o desequilíbrio da espécie.
“Há aproximadamente dez anos foi iniciada em toda a região da Amazônia a pesca da piracatinga. Esse peixe é renegado por grande parte da população, porque come carne morta (necrófago). Entretanto, sabemos que existem pontos de pesca na região de Tefé, de Santarém (PA) e nas proximidades de Manaus. Esse pescado tem sido capturado com a utilização de carne de boto como iscas e tem sido enviado constantemente, a maior parte de maneira ilegal, para a Colômbia”, afirmou a bióloga.
Segundo levantamento da Ampa, cada boto-vermelho, que chega a medir 2,5 metros e pesar 180 kg, pode render ao menos uma tonelada de piracatinga.
Dificuldade no combate à pesca ilegal
Ainda segundo Sannie, é difícil monitorar esta prática devido às grandes dimensões da floresta. “Por isso, estamos delineando ações de educação ambiental, com foco no combate à comercialização deste pescado, conhecido como douradinha”.
A organização ambiental União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) não dispõe dados sobre a vulnerabilidade do boto-vermelho no mundo.
Entretanto, a especialista disse que, baseado em trabalhos feitos por outros pesquisadores, é possível estabelecer que a população de botos diminui 10% ao ano. “Pelo menos na região de Tefé este animal está criticamente ameaçado”, explicou.

publicado no Globo Natureza em 20.10.2011


População de boto-vermelho diminui 10% ao ano na Amazônia, diz Inpa

A cada ano, a população de boto-vermelho (Inia geoffrensis) diminui 10%, por conta da caça predatória na região amazônica, de acordo com pesquisas realizadas por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).
Informações apuradas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), a 700 km de Manaus, dão conta de que o problema deve-se ao aumento da matança do boto para a pesca da piracatinga (Callophysus macropterus), peixe necrófago conhecido como urubu d'água.
“Esse golfinho endêmico da nossa região tem sido cruelmente abatido para ser usado como isca na pesca de um bagre, a piracatinga. Por isso, queremos estabelecer um processo que resulte na elaboração de ações efetivas para eliminar essa atividade cruel e insustentável na região”, disse a coordenadora do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), do Inpa, Vera da Silva.
Com intuito de encontrar soluções para o problema, representantes do LMA, da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) têm encontro marcado na próxima terça-feira (18), na sede do Inpa, na Avenida André Araújo, Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus, em um workshop para discutir a situação atual de conservação do boto-vermelho.
O evento reunirá ainda instituições e organizações interessadas na conservação e proteção dos recursos naturais da Amazônia.

publicado no Globo Natureza em 14.10.2011

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