As previsões de chuvas acima do esperado para o primeiro trimestre de 2012 no Amazonas deixam a população e autoridades em alerta. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) não descarta a ocorrência de uma cheia recorde do rio Negro em Manaus, que podeira ultrapassar a cheia histórica de 2009. Sete municípios amazonenses já estão em situação de emergência por conta das cheias dos rios Purus, Juruá e Acre.
Cheia do rio Negro em 2009. foto de Gláucia Chair |
Sobre o risco de uma grande cheia, tanto o Inmet quanto o CPRM não descartam a possibilidade de que uma enchente de grandes proporções em Manaus. “Temos chances de ter uma grande cheia, mas não se sabe se será a maior”, disse Lúcia. O CPRM está em alerta na capital amazonense. O gerente de hidrologia do instituto, Daniel Nava, contou ao portalamazonia.com que deve enviar à Defesa Civil a primeira notificação de alerta em 31 de março. De acordo com ele, a medida deve-se ao fato de 76% das maiores enchentes em Manaus terem acontecido durante os meses de maio e junho. “Este será o primeiro alarme. Enviaremos um segundo no dia 31 de abril e um último no dia 31 de abril”, disse.
Chuvas acima da média
Município de Boca do Acre |
Até o último domingo (26), a cheia tomou 80% do município, cuja população é de aproximadamente 37 mil habitantes. As chuvas na cidade já ultrapassam o esperado para o mês de fevereiro. De acordo com o Inmet, a previsão de precipitação era de 239 mm. Até esta segunda-feira (27), as chuvas já acumulavam mais de 300 mm. O município de Eirunepé também já alcançou índice de chuvas acima do esperado para este mês, com 400 mm de precipitação. Outras localidades estão em situação mais grave, como Lábrea, que já contabiliza mais de 500 mm de chuvas.
O instituto de meteorologia também apontou que um terço dos municípios amazonenses apresentam chuvas acima da média desde setembro de 2011. Segundo Lúcia Gulart, as precipitações nas cidades mais atingidas são oriundas de países fronteiriços com os estados do Amazonas, Acre e Rondônia, como Bolívia e Peru. “Os rios Madeira, Juruá e Purus nascem na Cordilheira dos Andes. As chuvas não param naquela região, então o Amazonas continuará a ser atingido”, disse.
Influência do La Niña
As chuvas na região amazônica são consequência do fenômeno natural La Niña. “O La Niña intensifica os ventos na atmosfera e muda a circulação dos ventos. Além disso, ela influencia as correntes marítimas no oceano Pacífico, que é responsável pelo clima mundial”, destacou Lúcia Gulart.
O fenômeno, segundo Lúcia, deve permanecer forte até o outono, em meados de março. A expectativa é de que o La Niña comece a perder força no dia 20 do próximo mês. Ainda assim, a chefe do Inmet adverte que as chuvas não devem parar nos próximos três meses. “Estamos no período chuvoso, então a perspectiva é que os reflexos do fenômeno no Estado resultem em chuvas 40% acima da média até junho”.
30 mil famílias atingidas
O número de famílias atingidas pela cheia dos rios Juruá e Purus deve chegar a 30 mil. Segundo o Governador do Amazonas, Omar Aziz, as estatísticas, que apontam que cerca de 12 mil famílias sofrem com os efeitos da subida das águas, não correspondem à realidade. Somente em Boca do Acre, região do Purus, 6 mil famílias foram atingidas. Em Envira, no Juruá, são mais 3 mil. Municípios como Guajará e Ipixuna também sofrem com a cheia dos rios.
“Hoje fala-se principalmente das sedes, mas há muita gente nas comunidades rurais”, disse o governador, que ontem solicitou ajuda do Governo Federal para as medidas emergenciais de ajuda às vítimas da cheia no Amazonas. As famílias deverão ser atendidas por meio Cartão Amazonas Social, no valor de R$ 400, do Governo Federal.
O Governo do Amazonas anunciou, no último dia 23 de fevereiro, a liberação de R$ 700 mil para atender os sete municípios da calha do rio Juruá atingidos pelas chuvas: Itamarati, Carauari, Guajará, Eirunepé, Envira, Ipixuna e Juruá, onde a cota do rio já chegou ao nível emergencial. Os recursos são destinados à aquisição de estoque de mais de 40 tipos de medicamentos da atenção básica para distribuição gratuita e compra de combustível para utilização nas ações de remoção das famílias das áreas atingidas pela cheia.
Ações de emergência
A Defesa Civil inicia procedimento padrão de monitoramento das áreas apontadas como locais de desastres naturais pelo CPRM durante o período de cheias dos rios. O órgão informou,que o próximo passo adotado é a elaboração de estratégias defensivas. As unidades municipais dos locais atingidos por enchentes são responsáveis por atualizar as informações das áreas. A unidade estadual atua apenas quando as unidades menores não possuem recursos para abastecer a população atingida.
Oeste do Pará também em alerta
Quem mora e trabalha na região do Baixo Amazonas ou Oeste paraense sabe que, quando as águas crescem muito no Rio Negro, é sinal de que aqui mais embaixo a cheia também será grande. Por isso, barbas de molho, que uma enchente problemática pode estar se avizinhando nos municípios de Santarém, Óbidos, Oriximiná, Juruti, Terra Santa, Alenquer, Itaituba e demais comunidades daquela região.
Há um ano, em 6 de março de 2011, Alter do Chão estava assim |
No dia 7 de janeiro de 2011 ainda havia praia bastante para a revoada das garças próximo à Ponta do Cururu |
Governo Federal é acionado para ajudar vítimas da cheia no AM
O governador do Amazonas, Omar Aziz, soliciou auxílio do Governo Federal para medidas emergenciais de ajuda às vítimas da cheia no Amazonas. A enchente no Estado deverá atingir 30 mil famílias nas regiões do Purus e Juruá. Nesta terça-feira (28), o Governo anunciou o auxílio às vítimas por meio do Cartão Amazonas Social, no valor de R$ 400.
Segundo o governador, as estatísticas que apontam que cerca de 12 mil famílias sofrem com os efeitos da subida das águas, não correspondem à realidade. Somente em Boca do Acre, região do Purus, há informações de que 6 mil famílias foram atingidas. Em Envira, no Juruá, são mais 3 mil. Municípios como Guajará e Ipixuna também sofrem com a cheia dos rios. “Hoje se fala principalmente das sedes, mas há muita gente nas comunidades rurais”, disse o governador.
Omar Aziz aguarda um retorno ainda hoje da ministra Gleise Hoffmann, com quem falou segunda-feira, dia 27. “Ela ficou de falar com a presidenta Dilma e hoje me dará um retorno. Omar Aziz ressaltou que o cartão é mais uma medida complementar àquelas que já vêm sendo tomadas em relação às cheias no interior, a exemplo da entrega de cestas básicas, kits de higiene limpeza e medicamentos. “Ontem (segunda) decidimos pelo cartão, que é para que essas famílias possam comprar madeira ou outro tipo de material que venha ajudar a aliviar a situação”, disse o governador.
publicado no Portal Amazônia
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