fotos de Greg Asner, Carnegie Airborne Observatory
A floresta amazônica tem outras tonalidades em fotos feitas por pesquisadores americanos. Em vez de um tapete verde, um caleidoscópio de cores em 3D surge a partir imagens produzidas por equipamentos de alta tecnologia do Instituto Carnegie para Ciência, ligado à Universidade Stanford, nos Estados Unidos. É um mapa completo da biodiversidade, que faz medições físicas e químicas da floresta, a partir de uma aeronave.
Imagens inéditas mostram dois mapas 3D da Amazônia no Peru. Eles foram feitos por um novo sistema da aeronave-observatório, a Carnegie 'Aérea' (CAO, na sigla em inglês), que é capaz de registrar aspectos invisíveis ao olho nu, como componentes químicos de diferentes espécies e o estoque de carbono da floresta.
Em uma delas, uma área preservada de mata aparece em vermelho, o que representa alta concentração de carbono, e os rios são mostrados em azul. Na outra, a cobertura florestal é exibida em diversas cores, que significam a presença de variadas espécies e uma grande diversidade.
De acordo com Gregory Asner, diretor e cientista responsável pelo projeto, as imagens obtidas pelo CAO ajudaram os cientistas a entender melhor a biodiversidade da floresta amazônica.
“No Peru, nós descobrimos uma variação muito grande de biodiversidade e de estoques de carbono. (...) Isso significa que nós não podemos encarar o ‘tapete verde’ como uma coisa só. É um caleidoscópio de variação”, comenta.
Na Colômbia, o CAO ajudou a descobriu que variações na altitude, cobertura vegetal e regime hídrico têm um papel importante na diversidade de estoques de carbono na Amazônia.
Tecnologia
Denominado Atoms (sigla em inglês para Sistema Aéreo de Mapeamento Taxonômico), o novo sistema da aeronave foi lançado em junho de 2011 e une um poderoso laser a dois tipos de espectrômetros - aparelho que mede diferentes propriedades da luz. Um deles foi desenvolvido pela Nasa e é capaz de registrar 400 frequências, do ultravioleta até o infravermelho, com 60 mil medições por segundo.
O resultado obtido é comparado com uma base de dados composta por propriedades químicas e de emissão de luz de cerca de cinco mil plantas - coletadas em um detalhado trabalho de campo, em que a equipe chegou a escalar árvores e até a usar arco-e-flecha. Já o laser atinge o solo e coleta informações como estrutura em 3D da floresta.
As imagens feitas com o Atoms fornecem ainda mais detalhes que os dois sistemas usados anteriormente, o CAO Alpha e o CAO Beta, e representam um avanço no mapeamento da biodiversidade.
O CAO, que também já registrou savanas africanas, ainda não fez imagens da porção brasileira da Amazônia, mas os cientistas esperam conseguir fundos para vir ao país em breve. O mapeamento costuma ser feito com apoio de governos locais e financiamentos de empresas.
Aplicações
O mapeamento 3D da biodiversidade da Amazônia pode ajudar a medir a degradação da floresta, além do próprio desmatamento verificado com satélites.
“Nós desenvolvemos um método para usar a combinação de dados de satélite e de aeronaves para produzir mapas e monitoramentos muito detalhados da degradação florestal”, explica Asner.
Além disso, a tecnologia auxilia na criação de políticas adequadas de preservação da floresta em um cenário de mudanças climáticas, segundo Asner.
“Ele oferece uma nova forma de avaliar as florestas em termos de seus estoques de carbono, composição de espécies de árvores, habitat para animais outras espécies não vegetais. Como resultado, somos capazes de mapear, pela primeira vez, os impactos da mudança climática”.
Outra possível aplicação é a medição do estoque de carbono da floresta, que pode servir de base para o Programa de Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação das Nações Unidas (REDD, na sigla em inglês), um mecanismo de compensação financeira para os países em desenvolvimento pela preservação de suas florestas.
# Slideshow
publicado no G1
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