via SIC (12.02.2012)
A crise económica está a provocar uma verdadeira tragédia familiar na Grécia. As organizações humanitárias dizem que o número de crianças a precisarem de ajuda duplicou. Sem qualquer possibilidade de continuarem a alimentar os filhos, as famílias estão a dá-los para adopção e sucedem-se os casos de pais que simplesmente os abandonam nas ruas.
Esta é a realidade que se vive na Grécia. É esta a razão, nua e crua, que traz as pessoas para a rua. É em nome desta aflição e desta miséria que se grita, protesta e muitas vezes se perde a serenidade e a violência irrompe. Este é o brilhante resultado a que têm conduzido as medidas impostas pela UE e pelo FMI a uma das mais antigas civilizações do Mundo. Acusar um povo é fácil, mas traduz a total ignorância sobre a sua história e o seu legado e demonstra um profundo desconhecimento da realidade sobre a qual se tem a presunção de intervir. Não é preguiça: é a descrença de quem sente na pele a inoperância das políticas adoptadas. Não é indisciplina: é o desespero de saber que ninguém, senão os próprios, experimentam dia após dia a abissal inutilidade dos sacrifícios a que se vêem forçados.
Que chegar a este cúmulo de degradação ainda não baste para rever a estratégia e fazer agulha nas asneiras que estão a ser levianamente cometidas contra o povo grego é, no mínimo, aviltante!
Quando se é português e se sabe Portugal nas circunstâncias em que se encontra, deveria ser suficientemente alarmante. Para não ficarmos calados e muito menos sujarmos a boca a demarcarmos-nos cobardemente dos gregos.
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