foto de Luis Manuel Neves
Vão começar as audiências para apreciação dos recursos do processo da Casa Pia. A primeira audiência está marcada para amanhã no Tribunal da Relação de Lisboa. Carlos Cruz *, o mais mediático, dos envolvidos regressa aos espaços de grande entrevista dos vários canais de TV: RTP (após os 09min27seg.na integra aqui e em resumo aqui), TVI (mais aqui) e SIC.
É irrelevante se, depois de o ver e ouvir, tendo a dar-lhe razão ou não. Desconheço os meandros do caso, as provas, os testemunhos de réus e arguidos e, acima de tudo, não disponho de conhecimentos jurídicos que validem com o rigor imprescindível nenhuma das inclinações de juízo possíveis. Aquilo que sei é que depois da máquina judicial processar o caso continuo sem certeza de nenhuma destas duas hipóteses. Ou seja, muito tempo e muitos euros depois (para já não mencionar o desgaste das vítimas queixosas e dos arguidos condenados) a Justiça actuou mas não me convenceu nem da culpa, nem da inocência de uns e de outros. Pior: não sucedeu só comigo. Boa parte da opinião pública queixa-se do mesmo. Não saiu esclarecida e muito menos convicta. Continua, como eu, sem saber o que pensar.
O mais assustador deste processo reside aí: precisamente aí. Nove anos volvidos, após um julgamento que se arrastou por seis e se revelou o mais longo e mais caro da história judicial portuguesa, nenhuma apaziguadora certeza resultou. Nem de inocência, nem de culpabilidade.
Num momento em que o Governo anuncia uma reforma profunda da Justiça, isto sim: deveria dar-nos muito, mas mesmo muito que pensar. A todos. Sem excepção.
* Carlos Cruz está condenado a sete anos de prisão desde Setembro de 2010 por crimes de abuso sexual de menores, no âmbito do processo Casa Pia. Continua, porém, a reclamar inocência e a meio do mês passado lançou o segundo livro dedicado à sua própria defesa, "Inocente Para Além de Qualquer Dúvida", onde põe em causa a investigação da Polícia Judiciária e o trabalho do Ministério Público e apresenta a sua versão para os fundamentos do acórdão que justificaram a sua condenação.
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