Espumas . Notas . Pasquim . Focus . Sons . Web TV . FB

Reunião dos Governadores dos Estados da Amazônia Legal em Belém do Pará

Posted: 25 de mar. de 2012 | Publicada por por AMC | Etiquetas:

[EM ACTUALIZAÇÃO]

DIA 25

Governadores traçam agenda mínima

A Amazônia terá uma agenda própria na Conferência Rio + 20, que se realizará este ano no Rio de Janeiro. O governador do Pará, Simão Jatene, recebe amanhã em Belém oito governadores dos Estados da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso) para debater o desenvolvimento sustentável na região. O objetivo é avançar na consolidação de uma proposta de política de desenvolvimento integrada, a ser apresentada pelo bloco dos governos da Amazônia Legal durante a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a ser realizada entre os dias 13 e 22 de junho. O encontro dos governadores começará às 9h30, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.
Participam do fórum, convidados por Simão Jatene, os governadores Tião Viana (Acre); Omar Aziz (Amazonas); José Anchieta Júnior (Roraima); Camilo Capiberibe (Amapá); Siqueira Campos (Tocantins), e Silval Barbosa (Mato Grosso). Os Estados de Rondônia e Maranhão serão representados pelos seus vice-governadores, Airton Pedro Gurgacz, e Washington Luís.
Esta será a segunda reunião preparatória para a criação da “Agenda amazônica”. A primeira - também realizada por iniciativa de Jatene -aconteceu em maio do ano passado. A terceira e última reunião, que selará a proposta a ser apresentada conjuntamente pelos governadores da Amazônia Legal, está marcada para maio, no Estado do Acre.
Para Simão Jatene, as reuniões são importantes para o fortalecimento da região, por meio da unidade entre os governadores. “Existem vários temas que interessam a toda a Amazônia. É importante nossa união na defesa dessas questões. Esse encontro é um momento oportuno para discutirmos reforma tributária, infraestrutura da região e a questão ambiental, e a partir daí fortalecer a nossa unidade”, afirma.

CARTA

As propostas e projetos que serão expostos no fórum de governadores integrará a Carta da Amazônia, que será entregue à presidente Dilma Roussef, durante a conferência. O secretário de Produção e Desenvolvimento Sustentável do Pará, Sidney Rosa, explica que a Carta da Amazônia será a construção coletiva dos governos da região, uma espécie de posição comum dos Estados da Amazônia, apesar de cada manter suas especificidades.
Para o secretário é natural que cada Estado tenha sua política ambiental, respeitando suas peculiaridades. “O fundamental é que esta agenda contenha a mesma mensagem de fundo, que é o desenvolvimento sustentável”, define Sidney Rosa. “É preciso entender desenvolvimento sustentável por cada Estado”, acentua o secretário, admitindo o desafio de se elaborar uma agenda comum entre Estados, de uma mesma região, mas com economias tão diferenciadas.

PROGRAMAÇÃO

Após a abertura do evento, o secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, ministrará palestra sobre “A Amazônia na Rio+20”. Às 10h30, Vicente Falcão, secretário de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso, debaterá com os governadores sobre “A construção da Carta Amazônia no âmbito do Fórum dos Secretários de Meio Ambiente”. Às 11h, os governadores iniciarão os debates sobre temas mais relevantes da Amazônia na Rio+20.
Paralelamente ao encontro dos governadores, os secretários de Meio Ambiente dos Estados da Amazônia Legal também participarão de um debate, com o mesmo propósito dos governadores. Durante as discussões, o secretário de Meio Ambiente do Pará, José Alberto Colares, apresentará as principais demandas do Estado, ajudando a compor o documento.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), ganhou este nome porque marca os 20 anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92). Ela deverá definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. A conferência terá como temas principais “A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e “A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”.

 DIA 26


Modelo de crescimento sustentável é defendido por unânimidade

O primeiro passo para a elaboração da “Carta da Amazônia”, documento conjunto que reúne temas relativos à região, a ser apresentado na Rio+20 em junho deste ano,  aconteceu nesta segunda-feira (26), no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, reunindo governadores e representantes de nove Estados da Amazônia Legal - Pará, Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso -, e ainda do Governo Federal.
A Carta da Amazônia está sendo elaborada pelas Secretarias de Meio Ambiente dos nove Estados, com o objetivo de identificar falhas e desafios, e propor ações concretas visando um modelo de crescimento sustentável para os Estados amazônicos.
Os principais temas do documento são erradicação da pobreza, ciência e tecnologia, florestas, produção e consumo sustentável e biodiversidade. O objetivo é constituir uma voz única, que dará maior ressonância às necessidades da região.
Simão Jatene: Carta feita por quem vive a região
A Carta é “um documento sobre e para a Amazônia, feito por quem vive a Amazônia”, ressaltou o governador do Pará, Simão Jatene, idealizador do encontro. O documento, segundo ele, pretende apresentar ao mundo as ações implantadas pelos governos, para que sejam ampliadas, além das demandas regionais.
Durante o encontro, Simão Jatene lembrou que a Amazônia, que era um dos principais emissores de gás carbônico do mundo, diminuiu drasticamente estes índices, superando a meta estipulada pelo Protocolo de Kioto, o qual determinava a redução de um ponto de gigatons de toneladas de carbono lançadas na atmosfera. “A Amazônia liberava 1.2 gigatons de CO2 anualmente. A última medição indicou que estamos liberando 0.4, uma diferença de 2.2 pontos, graças às iniciativas dos governos locais, sem qualquer compensação econômica que garanta a continuidade das ações ambientais”, frisou o governador paraense.
 
Modelo sustentável
Omar Aziz: atentar nos povos da floresta
As compensações financeiras de ações relacionadas à preservação do meio ambiente são uma preocupação dos governantes da Amazônia Legal. Além das preocupações ambientais, há a preocupação humana. “São 25 milhões de pessoas que vivem na Amazônia e precisam produzir e consumir. A floresta como ativo é muito importante, mas não podemos ignorar as necessidades de comunidades que vivem e exploram esta floresta. O modelo sustentável é viável e o mais indicado, mas é necessário que haja pacotes políticos para minorar as perdas e os custos deste modelo”, afirmou Omar Aziz, governador do Amazonas.
A Regularização Fundiária foi outro ponto discutido pelas autoridades na reunião. Camilo Capiberibe, governador do Amapá, falou sobre a dificuldade de gestão no Estado, que possui 73% do seu território compostos por áreas de conservação ambiental. “Em 2002 foi criada uma reserva que corresponde a 30% do Estado do Amapá. Alguns municípios da área rural possuem até 90% de seus territórios dentro da reserva, e não podemos mais usufruir dessas áreas. O Governo Federal se comprometeu em pagar compensações, e até hoje nada”, contou ele.
Airton Gurgacz: regularização fundiária é problemática
“Em Rondônia praticamente não existe regularização fundiária”, ressaltou o vice-governador Airton Gurgacz. Já o governador do Acre, Tião Viana, destacou a carência de ações de integração entre o Governo Federal e os Estados da Amazônia. “Qual a agenda para Amazônia? Precisamos definir isso e articular interfaces de relação. No Acre triplicamos o rebanho bovino e diminuímos o desmatamento. Isto é desenvolvimento sustentável. Precisamos unir nossas experiências para exigir mais atenção para a região. A Amazônia é o maior patrimônio estratégico e financeiro do Brasil, por isso precisamos nos integrar ao restante do país e exigir maior atenção”, destacou Tião Viana.
A falta de uma agenda de discussão de assuntos da Amazônia em âmbito federal foi um elemento comum no pronunciamento de todos os representantes. Os Estados se ressentem da distância da União nos assuntos relativos à região. A Carta da Amazônia pretende ser mais do que um documento para ser apresentado no Rio+20. Deve ser um instrumento de gestão e governança que, segundo Simão Jatene, “nos possibilitará desenvolver e preservar na Amazônia a partir de experiências e ideias nossas. Ideias baseadas na sustentabilidade. É preciso preservar, mas é necessário desenvolver, e é fundamental que encontremos este meio termo”.

Governo Federal
 Orlando Alves: Carta deve fazer parte de um pacto nacional
Olavo Alves, subchefe de Assuntos Federativos da Comissão de Relações Institucionais da Presidência da República, esteve no encontro e defendeu que a Carta da Amazônia deve fazer parte de um pacto nacional, defendendo não apenas ações comuns entre os Estados, mas entre estes e a Federação.
Para Francisco Gaetani, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, a união de forças é imprescindível. "Se a Amazônia falar uma só voz, a possibilidade de sua voz ecoar no plano global é maior", reiterou.
Francisco Gaetani: a Amazônia precisa falar uma só voz
Segundo o secretário, a palavra chave da agenda estruturante do Governo Federal a ser apresentada na Rio+20 é desenvolvimento, e o desafio ambiental é um desafio de implantação. "A Amazônia é a referência central no debate mundial sobre o meio ambiente. O modelo proposto pelo Governo Federal leva em conta esta característica da região. O desenvolvimento econômico, calcado na inclusão social e uso racional dos ativos ambientais, é a proposta da União", disse Gaetani.
Vicente Falcão, secretário de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso, apresentou as primeiras propostas para a Carta da Amazônia.



Fórum - Esta foi a segunda reunião preparatória para a criação da agenda amazônica. A primeira - também realizada por iniciativa de Simão Jatene - aconteceu em maio do ano passado. A terceira e última reunião acontecerá em Manaus (AM), em 1° de junho deste ano, junto com o Fórum dos Governadores, que selará a proposta a ser apresentada pelos governadores da Amazônia Legal na Rio+20.
Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou no Rio de Janeiro a ECO-92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, apresentando ao Brasil e aos demais países o conceito de desenvolvimento sustentável.
Vinte anos depois, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, discutirá a estrutura institucional do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza, tema importante para os Estados da Amazônia, que vivem entre a necessidade de desenvolvimento econômico e social e a preservação do meio ambiente.

Governadores da Amazônia Legal concedem entrevista

Os governadores dos estados que compõem a Amazônia Legal, concederá na tarde desta segunda-feira (26) entrevista coletiva à imprensa, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.
O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, está em Belém e acompanha o encontro dos governadores que apontará os principais pontos de discussão a serem levados para o “Rio + 20” - encontro mundial que marcará os 20 anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.
Além do governador do Pará, Simão Jatene, e de seu vice, Helenilson Pontes, participarão da coletiva os governadores Tião Viana, do Acre; Omar Aziz, do Amazonas; José Anchieta Júnior, de Roraima; Camilo Capiberibe, do Amapá; Siqueira Campos, do Tocantins; Silval Barbosa, do Mato Grosso. Os Estados de Rondônia e Maranhão serão representados pelos seus vices-governadores, Airton Pedro Gurgacz, e Washington Luís, respectivamente.
O objetivo deste encontro, em Belém, é propiciar o debate entre os governadores da região amazônica sobre temas como reforma tributária, infraestrutura e questões ambientais, além dos compromissos e questões a serem consideradas na construção de uma agenda comum aos Estados. Está é a segunda reunião preparatória para a criação da “Agenda Amazônia”, a primeira – também de iniciativa do governador Simão Jatene – aconteceu em maio do ano passado. A terceira e última reunião, que vai selar a proposta a ser apresentada conjuntamente pelos governadores da Amazonia Legal vai ocorrer em maio, no Estado do Acre.

Reforço da importância do trabalho conjunto para resolver os problemas da Amazônia

Os governadores destacaram a importância da união dos estados, não só na elaboração de um documento para a conferência Rio +20, e falaram também sobre as dificuldades das regiões e a necessidade de se alcançar o desenvolvimento, aliado a preservação.
O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, disse que é favorável que os estados se apresentem juntos na Rio +20. O governador lembrou que Mato Grosso é um Estado diferente dos demais, que é o maior produtor de grãos e algodão do País. “Nós precisamos reconhecer as diferenças regionais na hora de elaborar esse documento”, disse. Para ele, todo o País está preocupado com a Amazônia.
O chefe do Executivo estadual do Pará, Simão Jatene, assinalou que o sistema fiscal do País é perverso com os estados produtores de recursos naturais. Para ele, é preciso pôr o discurso do desenvolvimento sustentável em prática. “É uma grande bobagem pensar em produzir de todo jeito, assim como pensamento de preservar a todo custo. Se tivermos competência, podemos mostrar que é possível produzir e preservar na Amazônia, respeitando a diversidade de cada Estado”.
Para Jatene, a modernização da região passa por uma tripla revolução: a revolução pelo conhecimento, a revolução pela produção e também a revolução pelas novas formas de gestão de governança. “É preciso se aproximar da população e das administrações locais", completou.
O governador do Acre, Tião da Viana, lembrou que os estados têm muito em comum e que precisam discutir o que vão fazer e como vão se unir. “Todos estamos interessados no fortalecimento da Amazônia e faltam políticas para essa região”, disse. Ele sugeriu que seja retomado o Conselho Nacional de Crescimento Sustentável da Amazônia.
Para o governador do Amazonas, Omar Aziz, os estados não precisam apenas da Rio +20 para resolverem seus problemas. Ele lembrou das dificuldades com a questão da regularização fundiária e também da saúde. “Nós temos que ter respostas para amanhã, não podemos depender dos outros países, disse”.
Já o governador de Roraima, José Anchieta Júnior, destaca que o Brasil hoje tem um papel mais importante no mundo e que a Amazônia é um patrimônio do povo brasileiro. Para ele, a Rio +20 não trará a solução de todos os problemas, mas servirá para mostrar ao mundo o que a região tem feito. “Os 25 milhões de brasileiros que vivem aqui, precisam sobreviver de forma sustentável”.
Neste momento os seis governadores e três vice-governadores que participam do encontro estão reunidos para discutir a construção da agenda amazônica, rumo a Rio +20.

Proposta única  conjunta para a Rio + 20

Numa primeira minuta do documento que está sendo discutido em Belém, entre os temas que deverão ser abordados pelos nove governadores da Amazônia Legal, está o reconhecimento dos importantes avanços alcançados desde a Rio 92, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Eles destacam também a Economia Verde como o conjunto de instrumentos econômicos, financeiros e regulatórios para se atingir os objetivos desse desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza, que deve ser priorizada.
No documento, os dirigentes também alertam para a utilização de forma ineficiente e insustentável dos recursos naturais e que os impactos nos ecossistemas e na biodiversidade estão criando situações irreversíveis ou de reversão extremamente custosa.
Entre outras questões eles citam as mudanças climáticas, hoje uma realidade, e a necessidade do estabelecimento de uma estratégia de crescimento de baixo carbono

Encontro com avaliação positiva

O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, fez uma avaliação positiva do encontro e salientou a importância de começar a discutir uma política comum e um posicionamento conjunto sobre a região, visando a conferência sobre o meio ambiente Rio +20, que ocorre no Rio de Janeiro em junho.
No final do encontro, Silval falou que os governos estaduais vão realizar um trabalho de políticas conjuntas, junto ao Governo Federal. Políticas estruturantes, de incentivo e desenvolvimento sustentável. “A partir de agora nós vamos realizar um projeto macro, um projeto junto às pessoas”. Silval também disse que os governadores definiram uma agenda, para que seja realizado um trabalho intenso até a realização da Rio +20. “O que fica desta reunião é a unidade”, concluiu Silval.
O secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso, Vicente Falcão, esteve presente no evento, onde apresentou o trabalho feito pelos secretários de Meio Ambiente da região. Ele também destacou a importância do evento e da unidade entre os estados, para a elaboração de políticas ambientais conjuntas. Segundo Vicente, um novo encontro entre os governadores e secretários irá acontecer em Manaus, no dia 1º de junho.
O anfitrião do evento, governador do Pará, Simão Jatene, voltou a lembrar a importância da região para o planeta. Ele destacou que a Amazônia tem feito o seu trabalho e que precisa de reconhecimento. Jatene sugeriu que os esforços de preservação sejam recompensados por meio de programas que venham a ajudar a população amazônica a superar os índices sociais negativos.
Participaram do encontro, os governadores do Pará, Amazonas, Mato Grosso, Acre, Roraima e Amapá, e também os vice-governadores do Maranhão, Tocantins e Rondônia. Acompanhou o governador Silval Barbosa na reunião, o secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Pedro Nadaf.

Aziz defende que Rio+20 dê voz aos habitantes da floresta
 O governador do Amazonas, Omar Aziz, defendeu na manhã desta segunda-feira (26), durante sua fala no encontro de governadores da Amazônia, que está acontecendo em Belém (PA), que a voz dos habitantes desta região do Brasil seja ouvida e os interesses dos povos da floresta sejam defendidos. Este é o primeiro encontro de governadores para discutir uma proposta a ser levada para a Rio+20, conferência que vai tratar da questão ambiental no mundo e acontecerá em junho, no Rio de Janeiro.
Para Omar, o Brasil tem condições de se posicionar como agente mundial na questão da preservação e não deve apenas participar com ouvinte ou receptor de sugestões de outros países.
De acordo com o governador, não dá para falar de preservação da floresta sem priorizar as pessoas que habitam nela. É preciso pensar em soluções práticas que permitam desenvolvimento socioeconômico, ter uma política definida para desenvolvimento sustentável, para que as pessoas tenham uma qualidade de vida melhor, tenham saúde e educação de qualidade, como todo brasileiro.  “O que queremos são decisões práticas, são benefícios para o povo que habita a floresta e que preserva esta floresta, a mantendo de pé, prestando serviços ambientais para o Brasil e o mundo”.
Entre as propostas a serem encaminhadas pela reunião de governadores está a compensação financeira pela manutenção da floresta em pé, o chamado crédito de carbono. Para isso, o governo brasileiro teria que aprovar a Unidade de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD). A implantação do sistema contribuirá para que as florestas brasileiras sejam vistas como ativos econômicos e, segundo o governador, seria uma forma de recompensar os caboclos, índios e ribeirinhos do Amazonas que ajudam a manter quase 98% da floresta intacta.
Em meio à discussão e à luta por ganhos, o importante será assegurar melhores condições de sobrevivência ao povo da Amazônia levando em consideração, por exemplo, a especificidade  geográfica da região. “É impossível, ainda, pagar ao Amazonas o mesmo valor dos procedimentos do SUS que se paga em outras regiões brasileiras, quando temos uma geografia totalmente diferente e específica. Assim como deveríamos ter benefícios econômicos, inclusive com a redução dos juros”.

DIA 27

Governadores criticam falta de agenda amazônica
Como se viu no Fórum de Governadores da Amazônia, ocorrido ontem em Belém, enquanto alguns governantes amazônidas planejam estratégias para reduzir a pobreza da região com desenvolvimento social, econômico e preservação ambiental, outros insistem que a produção de grãos é uma saída para o desenvolvimento e há até quem defenda a produção de etanol na Amazônia, como o vice-governador de Rondônia, Airton Gurgacz (PDT), cujo Estado já desmatou 50% de sua floresta.
Posturas tão diversificadas e com uma incumbência de chegar à conferência ambiental com propostas viáveis para o futuro da região. Porém, a convergência de todos os governantes aponta para uma direção: o governo federal. Todos criticaram a falta de uma agenda específica para a região e uma política de articulação com os governantes locais.
Também admitem a falta de articulação interna entre os Estados da Amazônia, ciclo que começa a se romper com as sucessivas reuniões realizadas desde o ano passado entre os governadores. “O país vai sediar um dos eventos mais importantes sobre a questão ambiental e a Amazônia está no centro deste debate”, afirma o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), que defende uma posição de unificação dos Estados e que a região tome suas próprias rédeas. Jatene assegura que a Amazônia tem cumprido o dever de casa ambiental, pois a região já chegou a emitir 1.2 gigatons de CO², mas caiu para 0.4, um avanço substancial, feito sem qualquer apoio internacional. “A Amazônia vem contribuindo para a redução do aquecimento global e para o enfrentamento do desmatamento, por isso precisa ser reconhecida e recompensada, já que os indicadores sociais ainda são muito precários”, acentua.
Em um aspecto, todos os governantes concordam sem titubear: que as soluções dos problemas da Amazônia devem ser geridas pelos próprios amazônidas. “O mundo quer a Amazônia preservada. Nós queremos preservada e desenvolvida, e a solução para o desenvolvimento social, ambiental e econômico da região não virá de fora”, definiu o governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB).

AGENDA

O próximo anfitrião do Fórum de Governadores, o governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), exigiu do Ministério do Meio Ambiente uma agenda específica com os Estados da Amazônia. “A agenda histórica do Ministério do Meio Ambiente com os Estados da Amazônia tem sido pautada apenas no combate ao desmatamento e na criação de unidades de conservação. Se há outra agenda com os Estados, eu, como governador, desconheço”, cobrou Omar Aziz ao secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, presente à reunião.
Por sua vez, o governador do Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB), defende que a produção deverá ser o grande foco da Carta da Amazônia, documento que será elaborado em Manaus no último encontro dos governadores, antes da Rio + 20. Ele informou que Mato Grosso é atualmente o Estado campeão nacional em criação de gado, carne, e onde 34% do território são usados na produção de grãos, especialmente soja, mantendo o Estado na liderança nacional também neste aspecto. “Precisamos encontrar um consenso que contemple a realidade dos nossos estados”, desafiou.
Nem os aliados do governo federal pouparam críticas à política de ignorar os problemas reais da Amazônia. O governador do Acre, Tião Viana (PT), admite que não há articulação dos ministérios com os Estados da Amazônia, apesar da importância da região para o país.
Ele sugeriu uma agenda permanente e integrada dos governadores da Amazônia para trabalhar pelo funcionamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, órgão criado no governo Itamar Franco, em 1992, mas que nunca saiu do papel.”

[ENTREVISTA a Simão Jatene, governador do Pará]

P: Já houve muitos encontros de governadores da Amazônia , sempre com poucos resultados concretos. Que garantias há de que dessa vez será diferente?
R: Primeiro, o fato de o Brasil sediar um evento do porte dessa conferência (a Rio +20). Segundo, a possibilidade de a Amazônia, que tem sido objeto permanente de interesse planetário, se fazer presente nessa conferência com uma palavra única dos governadores. Esse é o esforço desta reunião. A Amazônia tem feito seu dever de casa no que diz respeito à redução do desmatamento e das reduções de emissões de CO². Já chegamos a emitir 1,2 gigatons de CO². Reduzimos para 0,4, o que sugere claramente que o dever de casa vem sendo feito. Isso precisa ser reconhecido não só pelo Brasil, mas pelo mundo.

P: Ser reconhecido significa ser financeiramente recompensado?
R: Também. Esse dever de casa foi feito, entre outras coisas, às custas de desativar algumas atividades que precisavam passar por correções. Só que não houve a substituição dessa atividade por outras menos agressivas. Muitas vezes, o que tivemos foi o cancelamento, a anulação, o que vai impactar negativamente sobre a produção, o emprego e a renda. E a Amazônia continua com indicadores sociais precários. A Amazôniatem procurado responder a esse apelo que é planetário, mas não tem recebido as devidas compensações por isso.

P: Que compensações poderiam ser essas?
R: Desde programas que ajudem a melhorar a infraestrutura e a qualidade de vida das pessoas como também fontes de financiamento, inclusive internacionais, com uma ação clara dos países no sentido de que esse custo que está sendo pago pela Amazônia seja rateado pelo planeta, já que a redução das emissões de C0² impacta todo o planeta.

P: Que propostas vocês pretendem levar para a Rio + 20?
R: Temos uma agenda que vai ajudar a compatibilizar os discursos. Até o final de abril, devemos ter, a partir das sugestões dos vários Estados, uma proposta que será apresentada ao governo federal e esperamos que isso termine por ajudar na definição da posição do Brasil na conferência. (Diário do Pará)

0 comentários:

Postar um comentário