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Memórias do 1º de Maio de 1974, em Portugal

Posted: 1 de mai. de 2012 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , , ,


O 1º de Maio de 1974, o primeiro que Portugal celebrou em liberdade, foi a maior manifestação alguma vez organizada no país. Só na cidade de Lisboa juntaram-se mais de meio milhão de pessoas.


Imagens do 1.º Maio de 1974 em Lisboa (Arquivo RTP)

Vídeo amador: o povo, os cânticos e as palavras de ordem que saíram à rua no 1º de Maio de 1974

Excertos do célebre comício: discursos de Mário Soares (PS) e Álvaro Cunhal (PCP) no 1º de Maio de 1974

 

A decisão de Paris, de decretar o 1º de Maio como o Dia Internacional do Trabalhador, teve fortes repercussões em Portugal. Só entre 1852 e 1910 realizaram-se 559 greves no país. A subida dos salários, a diminuição do horário de trabalho e a melhoria das condições de laboração eram as principais exigências dos operários.
De acordo com José Mattoso (História de Portugal, vol. 5), houve um reforço da luta do movimento operário português em finais do séc. XIX, passando este a gravitar em torno da associação e da greve. A força do movimento operário adensava-se sempre que se juntava com as associações recreativas, as de socorros mútuos e os centros políticos. O 1º de Maio de 1900, é exemplar disso mesmo, juntando em Lisboa cerca de 40 mil pessoas, numa altura em que "as classes médias ainda viam as organizações de trabalhadores com alguma simpatia".
A data não deixou de ser festejada durante a I República e a ditadura do Estado Novo, mesmo que sujeita a grande repressão, com grande parte das manifestações a serem organizadas e controladas pelo Estado.
Só depois do 25 de Abril de 1974 e da Revolução dos Cravos, se voltou a comemorar livremente o 1º de Maio e o dia foi instituído feriado nacional.

1º de Maio de 1974:

  • São libertados cerca de 500 presos políticos em Moçambique.
  • Manifestação do 1º de Maio em Lisboa. Congrega entre 500.000 a 600.000 pessoas. Na tribuna principal discursam Álvaro Cunhal e Mário Soares. Outras grandes manifestações decorrem nas principais cidades do país.
  • No Porto inicia-se o Movimento de Luta dos Bairros Camarários contra o regulamento camarário em vigor. O Bairro S. João de Deus é o primeiro a apresentar o caderno reivindicativo.
  • Na Rádio Renascença termina um dos primeiros conflitos dos trabalhadores com a Direcção. Esta proibira a transmissão de uma reportagem com alguns dos exilados políticos recentemente regressados a Portugal: Mário Soares, Álvaro Cunhal, Luís Cília e José Mário Branco. Após uma curta greve contra a censura as emissões são retomadas após intervenção do delegado do MFA, o que levou à nomeação de dois administradores indicados pelos trabalhadores.
  • Em Lisboa, o Colectivo de Acção Cultural (CAC) lança um manifesto assinado por diversos músicos e cantores, em que se faz apelo à intervenção cultural de "todos os trabalhadores culturais antifascistas anticolonialistas e anticapitalistas consequentes". É a primeira intervenção pública de um movimento de acção cultural organizado. 

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