A neblina a devorar lentamente a cidade, a chuva e o vendaval a levantarem-se com a noite. Este Inverno duro que nos tem tolhidos em casa. Os avisos da Protecção Civil que colocou sob alerta quase todos os distritos do País por causa do novo temporal que aí vem. E depois a tragédia que tombou sobre a Ilha da Madeira e as suas gentes, ainda tão presente. As imagens cruéis e os relatos da desolação que continuam a entrar hora a hora pela televisão. A morte de Zapata Tamayo em Cuba. A hipocrisia de Raúl Castro a arremessar com Guantanamo. E Lula ao lado dele. Lula a colocar-se do lado dele. Tristezas, só tristezas. A crise que traz em reboliço a vida de tanta gente. A minha e a de muitos outros que conheço bem e estimo ainda mais. A de milhões que não conheço de parte nenhuma. O desemprego a atingir os dois dígitos pela primeira vez em Portugal, a arrasar com o esforço e o trabalho de uma vida e a ceifar horizontes à queima-roupa. As forças a esgotarem-se até nos mais fortes, os mais capazes a serem todos emprateleirados à boleia da mesma desculpa. E os lugares onde urge quem dê valor à inteligência e tenha autonomia para pensar à margem dos interesses imediatos do umbigo a tomarem conta da situação.
O mundo todo ao contrário, esta coisa de só sobreviverem os que lá vão cumprindo ordens, deixando de lado as paixões e as ideias. Este espectáculo deplorável que faz palco cá dentro: jornalistas contra jornalistas, políticos contra jornalistas, jornalistas contra políticos, políticos contra políticos e políticos contra tribunais que são contra jornalistas que estão contra tribunais.Esta coisa de nos entrar pelos olhos dentro a incompetência dos que nos conduzem, profundamente ignorantes, incapazes de articular duas ideias, de construir três frases em que número e género concordem ao menos com os tempos verbais. Esta evidência quotidiana de aplaudirmos quem nos devia envergonhar e premiarmos quem nos desmerece. Esta coisa de se tornar cada vez mais gritante que já nem é uma questão de nos entendermos em torno dos mesmos valores, mas já nem sequer saermos muito bem se eles existem e por onde possam andar.
E depois o Haiti. E a seguir as Filipinas e Angra dos Reis. E as mulheres do Congo. E a burka. E a mão perversa da Chaira. E esta manhã os cinco (ou teriam sido seis?!) homens-bomba em Cabul. E a ONU a clamar um êxito estrondoso em ofensivas militares que não convencem ninguém. E os 50% de italianos que ainda votam Berluscconi. Mais os portugueses que ainda votam em Isaltino Morais. E Chavez a fechar televisões. E a COP15 que, como se viu, não mereceu a mão à plamatória de ninguém. Mais a nova Constituição aprovada em Angola. E o diabo da plataforma de petróle, que esta semana começou a sugar o fundo do oceano, prestes a reacender um 2º round Argentina/Reino Unido.E o Irão e as experiências nucleares em que, ninguém se quer em verdade meter.E depois a usina de Belo Monte, a sair do papel contra o aviso sensato de tantos. E este silêncio que anda por aqui, esta desilusão de mau augúrio que faz parecer que desapareceram os últimos de quem ainda se esperava um fio de voz, alguma vértebra intacta.
São muitas coisas tristes a pesarem ao mesmo tempo. Demasiadas.
E se calhar foi exactamente por serem tantas que hoje me lembrei de aqui deixar uma sugestão que faz tempo ando para cá deixar.
Porque em alturas assim, como esta, fazem falta pequenos galhos que ainda nos agarrem aos homens e aos seus mundos. A ver se a sensação de deriva se apazigua. A ver se, com paciência, tratarmos de os ir recombinando devagarinho nos aparece qualquer coisa às mãos que se pareça e possa servir por jangada.
(...)
A sugestão, agora. Nesse caso.
Uma série radiofónica da BBC Radio 4: A History of the World in 100 Objects
Com narração de Neil MacGregor, director do British Museum, é um projecto de100 programas, organizados por séries, que recontam a História da Humanidade através de objectos singulares que deixou para trás e lhes sobreviveram no tempo.
Chinese Bronze Bell
(parte do capítulo: The World in the Age of Confucius (500 - 300 BC)
Neil MacGregor continues to explore the emergence of sophisticated new powers across the world 2,500 years ago, from the Parthenon in Greece to the great empire of Cyrus in Persia and the forgotten people of the Olmec in Mexico.Leia mais: aqui
In this programme he arrives in China at the time of Confucius. He explores the Confucian view of the world with reference to a large bronze bell, and with help from the writer Isabel Hilton and the percussionist Evelyn Glennie. Confucius believed in a society that worked in harmony. How do his teachings go down in China today?
Cf.
Para escutar AQUI (15 minutes)
Olmec Stone Mask
(parte do capítulo: The World in the Age of Confucius (500 - 300 BC)
Neil MacGregor selects a miniature mask to tell the story of the Olmec, the mysterious people of ancient Mexico who lived before the time of the Aztecs or Maya.Ler mais: aqui
As the Parthenon was being created in Greece and the Persians were expanding the world's biggest empire, what was life like for the 'mother culture' of Central America? Neil explores the life of the Olmec and visits the remains of one of their greatest legacies. He considers their remarkable skills in mask making with the Olmec specialist Karl Taube and the Mexican novelist Carlos Fuentes.
Cf.
Para escutar AQUI (15 minutes)
A History of the World in 100 Objects
Com narração de Neil MacGregor, director do British Museum, um projecto de100 programas, organizados por séries, que recontam a História da Humanidade através de objectos singulares que deixaram para trás e lhes sobreviveram no tempo.
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