O Portugal onde, da varanda, as baleias «até parecem golfinhos».Equívocos «derivados a que não é muito comum aparecerem peixes destes na nossa costa».Mas quando se dá pelo ocorrido, «o pessoal em sabendo agora, isto volta tudo aí à praia, a ver o peixe!». E, à medida que se vão achegando, alguma luz começa a surgir. «Isso é peixe que quando quer morrer puxa à praia», dizem uns. «Ela tá branca porque é de tar a arrojar pela areia», explicam outros. «Isto é muito raro. Não faz mal a ninguém», garantem ainda assim. Ninguém sabe bem, mas «se calhar perdeu-se do rebanho...». Claro está, «pronto, isto são peixes de grande suporte, alguma ondulação que rebentou-le em cima e pronto. Foi o que verificou isto».
(...)
Foi logo pela manhã, ligando a televisão. Descontado o pesar pela triste sorte da baleia de barbas de 7 metros – cujo apuramento da causa da morte era bom que não fosse enterrada no mesmo aterro sanitário para onde a sua carcaça deverá ser transportada – dou comigo a agradecer a notícia que me entrou pela casa a dentro como uma baforada fresca.
É sempre um alívio confirmar que nem tudo o que é genuíno se perdeu ainda.
No fundo, no fundo, ajuda a acreditar que nem tudo está perdido e que a salvação ainda é possível. Enquanto nos assistir a mesma tripla maravilhosa que atravessa esta reportagem do noticiário e que se faz de curiosidade, espanto e desassombro. Enquanto for possível reconhecer as três quinas do único triângulo capaz de nos equilibrar e dar suporte. Esta coisa que enquanto povo nos mói, compele e atreve. Ao olho. À compreensão das coisas. À palavra. Por maiores as imprecisões. Apesar dos erros.
Reportagem para ver aqui
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