Um extraordinário livro, acabado de sair, "The Spirit Level"* mostra-o claramente. Para um grupo de vinte e três países desenvolvidos analisados, quanto mais igualitárias são as sociedades menos intensos são os problemas sociais e mais elevada é a qualidade de vida, concebida de forma ampla. O rendimento per capita é irrelevante neste contexto.
Richard Wilkinson e Kate Pickett, dois dos mais reputados especialistas internacionais na área dos determinantes sociais da saúde, não só sistematizam na obra décadas de investigação empírica, que há muito mostrou que os países mais desiguais têm, globalmente e para os vários escalões sociais, piores resultados na área da saúde pública e níveis muito superiores de sofrimento social evitável, como alargam o leque das relações abordadas: da população prisional aos níveis de confiança, passando pelos resultados escolares.
(...) Os autores dão uma grande importância à forma como as desigualdades de rendimento criam um filtro que dificulta as relações sociais entre os indivíduos, que aumenta a conflitualidade e o preconceito de classe e que impede a descoberta de soluções cooperativas, a descoberta de regras e de instituições comuns, que são a base material do florescimento humano.
Um excerto da coluna do João Rodrigues, publicada em Março do ano passado no Jornal de Negócios.
Dava conta de um livro, The Spirit Level, que tinha acabado de vir à estampa e que ninguém parece ter ainda sentido urgência de traduzir por cá.
Com a devida vénia, aqui fica, com forte sublinhado a pedir leitura:
- Richard Wilkinson e Kate Pickett, The Spirit Level - Why More Equal Societies Almost Always Do Better, Allen Lane, Londres, 2009.
- Site oficial do livro: The Equality Trust | Blog
Para mais informação, os próprios autores sugerem:
- Wilkinson RG, Pickett KE. The problems of relative deprivation: why some societies do better than others. Social Science and Medicine 2007; 65: 1965-78.
- Blanden J., Gregg P., Machin S., Intergenerational mobility in Europe and North America, London: Centre for Economic Performance, London School of Economics, 2005.
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