Repesco aqui o comentário sábio de Dalee Sambo Dorough. Porque tenho publicado trabalhos a sublinhar que 2011 é o Ano Internacional das Florestas, mas também insistido na ideia de que – por si só – essa consagração não basta: é preciso tirar consequências práticas da notoriedade mundial que a efeméride confere ao tema. Para que não seja 'efémero' e se esgote com o último dia do calendário. E se repesco, agora, as palavras de Dalee Sambo Dorough volta a ser precisamente por isso. Porque a defesa das Florestas será sempre uma miragem se não vier acompanhada de uma consciência e protecção outras: à biodiversidade que albergam e onde naturalmente se incluem os povos que as habitam. Sabe-se hoje que os povos indígenas se constituem como o principal agente de respeito e conservação que pelas Florestas tem zelado ao longo dos tempos. Sabe-se hoje e tanto melhor. Mas bastaria a percepção colectiva, confirmada pela História, para nos dar testemunho das formas de preservação ancestral que permitiram às Florestas chegarem até nós quase intactas.
Fica, portanto, o reparo de Dalee Sambo Dorough. Para que o Ano Internacional das Florestas não esqueça os guardiões que as acompanham desde tempos imemoriais: os povos indígenas.
Que 2011 seja um ano de indissociável zelo por ambos!
Dalee Sambo Dorough integra, desde dia 1 de Janeiro, o UN Permanament Forum on Indigenous Issues em representação da região do Alasca. Conhecia-a porque participou recentemente no Indigenous Peoples, Poverty and Development: Research Dissemination Workshop, realizado no passado dia 20 de Dezembro por iniciativa do Banco Mundial (para ler aqui).
Para juntar à sua visão, sugiro dois complementos elucidativos da própria urgência dos seus reparos, a saber:
- Relatório 2010 da ONU – "State of the World's Indigenous Peoples"
- Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas - Assembleia Geral de 13. Set.2007 (documento em português - pdf)
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