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Porque é que a questão do BPN é central e a vida bancária do presidente não é uma questão marginal

Posted: 20 de jan. de 2011 | Publicada por AMC | Etiquetas: , ,

E escreve o Ricardo Araújo Pereira:

Claro que, como sempre sucede nestes casos, há uma boa quantidade de chatos a gritar que a questão do BPN não é central na campanha, e que se devia discutir menos as ações de Cavaco no banco e mais as inações de Cavaco na presidência. Que, tendo em conta a gravidade da crise, a vida bancária do Presidente é uma questão marginal. Não é verdade.

Primeiro, porque o caso das ações de Cavaco deve ser investigado até ao fim. Se, de facto, Cavaco conseguiu um lucro de 140% com ações que nem sequer estavam cotadas na bolsa, pode ser o homem certo para ocupar o mais alto cargo do País. Basta que gira o orçamento de Portugal como soube gerir o seu. Por azar, Oliveira e Costa está preso, o que impede o País de comprar a uma sociedade gerida por si ações a um euro e vendê-las a 2,4. No espaço de dois anos, seríamos a Noruega da Península Ibérica.

Segundo, é absurdo dizer que o caso BPN não é a questão essencial das eleições presidenciais porque, em rigor, não há questões essenciais nas eleições presidenciais. Recordo que Cavaco Silva diz ter previsto exatamente o que aconteceu ao País. Há quase uma década, Cavaco previu que hoje nos encontraríamos no estado em que realmente estamos. O facto de a sua profecia se ter concretizado significa que não pôde fazer nada para impedir a sua concretização. Quem não fazia a mínima ideia de que o País caminhava para a catástrofe económica pode alegar que não interveio por desconhecer que a crise tinha esta dimensão. Cavaco diz que sabia exatamente o que se ia passar. Logo, o cargo de Presidente da República não confere ao seu titular poderes especiais. Toda a gente o sabe, aliás. Só por pudor é que não são esgrimidos nos debates argumentos como "Eu sou mais decorativo do que o senhor" ou "Disparate. Eu sou claramente o candidato que melhor enfeita um cento de mesa". O nome do cargo diz tudo: Chefe de Estado. Se queremos alguém que faça qualquer coisa não faz sentido elegermos um chefe. Talvez um Trabalhador de Estado fosse mais eficaz, quando não estivesse a fazer greve.

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