Leio no Sol
«Há muita gente que recebe subsídio para a renda ou abono de família e depois gasta o dinheiro noutras coisas», diz o vice-presidente do PSD, explicando que com «o actual sistema não é só quem mais precisa que recebe benefícios sociais, são os mais espertos e os aldrabões».
Leite de Campos acredita que «por muito socialmente indigente que seja uma pessoa, não pode morrer abandonado ou à fome».
Num momento em que a vida da maioria da população se degradou ao limiar da sobrevivência e da dignidade humana, com o flagelo de uma taxa de desemprego sem precedentes a que se somam os cortes nos apoios sociais e as pesadíssimas medidas de austeridade impostas, ousar colocar as coisas nestes termos é no mínimo desprezível. Aquilo que o vice-presidente do maior partido da oposição, com aspirações a suceder no Governo, faz é puramente demagógico. Lançar a suspeição generalizada sobre a vastíssima - repito: vastíssima! - população que todos os dias consegue operar quase por sua conta exclusiva o milagre de sobreviver mais 24h à crise, raia a leviandade.
Digo mais: vindo de quem vem, além de desprezível e leviano, é imoral. Primeiro por se tratar do número dois do PSD e se esperar dele outra clarividência e responsabilidade social, senão nos actos e políticas que defende para o país numa altura como esta, pelo menos quando abre a boca. Segundo por se tratar de um cidadão que acumula reformas milionárias:
O ex-professor catedrático da Universidade de Coimbra vai auferir uma pensão de 3240,93 euros, valor que soma à reforma que já recebe do Banco de Portugal, de onde se aposentou como administrador em Fevereiro de 2000. O fiscalista exerceu aquele cargo entre os anos de 1994 e 2000.
Pois é!... falar de barriga cheia é fácil. Muito, muito fácil.
Dá vontade de impor a este senhor a mesma receita que prescreve e converter-lhe as reformas em géneros. Gostaria ele? Aceitaria ele?
Com o devido perdão pelo vernáculo, são teorias assim que exemplificam na perfeição o dito popular brasileiro: «pimenta no c*.. dos outros é refresco!». Dadas as circunstâncias, está-se mesmo a ver que é delas que os portugueses mais precisam!
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