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Convenção do BE: lugar também às vozes discordantes

Posted: 7 de mai. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , , ,


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Daniel Oliveira e Rui Tavares apareceram no Pavilhão do Casal Vistoso, mas não como delegados e por isso nenhum dos dois fez qualquer intervenção na VII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda. O primeiro aceitou falar aos jornalistas. Sem deixar de sublinhar a necessidade de uma reflexão partidária a breve trecho, preferiu sublinhar o correcto diagnóstico do país que tem vindo a ser feito pelo BE e a correcção das propostas de governo apresentadas em alternativa. Por concordar com elas e «a três semanas das eleições», defendeu não ser o momento indicado para levar a cabo uma discussão interna e reiterou o apoio a Francisco Louçã e à direcção do partido. Rui Tavares, por seu lado, recusou qualquer declaração, alegando a sua condição de deputado independente  pelo BE no Parlamento Europeu. Tal como Daniel Oliveira, lembrou estar ali para ouvir, por se tratar de um acontecimento interno «importante», mas escusou-se a qualquer comentário por não ser delegado com estauto de orador na Convenção.
O líder do movimento Ruptura/FER, Gil Garcia, pelo contrário, optou por se assumir como a voz da contestação nesta VII Convenção Nacional do partido. Durante o seu discurso, na sessão da tarde do primeiro dia de trabalhos, teceu duras críticas à actual liderança do BE. Questionou a coragem do partido para «defender a suspensão do pagamento da dívida», exigiu uma política de alianças à esquerda e acusou a direcção pela ausência de um entendimento com o PCP, responsabilizando-a pela possibilidade de um sector importante do eleitorado do partido «equacionar votar» em José Sócrates.

Talvez a excessiva proximidade das urnas não torne o momento propício para grandes debates internos, mas pelo menos o Bloco não os silencia diante da presença dos media que cobrem a Convenção e vão fazendo eco do debate que vai pelo Pavilhão do Casal Vistoso. Um encontro bem mais animado e sadio do que aquele a que se assistiu, há duas semanas, no Congresso do PS. Pelo menos aqui há confronto de ideias. Para opor à monotonia de um mero e estéril uníssono reverente a qualquer "Querido líder"!...

Gil Garcia: a voz discordante do Bloco de Esquerda

O líder do movimento Ruptura/FER, Gil Garcia, questionou este sábado se haveria coragem do BE para «defender a suspensão do pagamento da dívida», alertando para a possibilidade de um sector do eleitorado do partido «equacionar votar» em José Sócrates.
Durante o seu discurso na sessão da tarde do primeiro dia de trabalhos da VII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, Gil Garcia teceu duras críticas à actual liderança do partido, alertou para o facto de José Sócrates correr o risco «de poder voltar a ganhar as eleições legislativas».
«Não há ninguém responsável por essa situação? É porque o país virou à direita? É porque não há suficientes mobilizações sociais fortes para quebrar a força do Governo? A manifestação à rasca ocorreu no século passado ou ocorreu a 12 de Março deste ano? A greve geral foi em Novembro do ano passado ou foi nos anos 70?», questionou.
Segundo o líder do movimento Ruptura/FER não foi construída nem em 2007, nem em 2009 nem em 2011 a política alternativa de uma «esquerda que interessa», de um Bloco de Esquerda que se opõe às políticas do FMI e de José Sócrates.
«[Hoje de manhã] por momentos, Francisco Louçã cativou-me como cativou todos os nós principalmente quando chamou a atenção que o BE ia ser um partido que ia lutar nestas eleições por uma política socialista, que era um partido de luta e que era um partido dos trabalhadores», disse.
Gil Garcia condenou, no entanto, o facto das propostas apresentadas pelo partido não irem nesse sentido.
«Eu pergunto: as propostas que foram apresentadas vão nesse sentido? Nós vamos mais longe do que vai o Partido Comunista na resposta à crise? Há coragem para defender a suspensão do pagamento da dívida? Há coragem para defender que temos que fazer como o referendo da Islândia? Essa proposta está presente no discurso público do bloco? Não está», realçou.
Para o líder deste movimento o que é preciso é «um Bloco de Esquerda mais irreverente, com uma política fracturante».
«Temos que reconhecer que alguma responsabilidade está na política central do bloco para que aquilo que dizem as sondagens possa vir a acontecer», sublinhou.
Gil Garcia disse não conseguir perceber o porquê de BE e PCP não se entenderem «para fazer uma plataforma de Governo ou uma plataforma de unidade que diga ao país que não está condenado a governos ou do PS ou do PSD/CDS-PP».
«Isso é que leva a que um sector do eleitorado do bloco possa até equacionar votar no Sócrates», alertou.

Daniel Oliveira deixa as críticas e apoia Louçã

O ex-dirigente do BE Daniel Oliveira disse este sábado estar com o partido «na apresentação de alternativas à política da troika» e elogiou o «diagnóstico» feito por Francisco Louçã, afirmando que as críticas que teceu tiveram «o seu momento próprio».
«Eu estarei com o BE a bater-me para que a esquerda que apresenta alternativas à política da troika e ao bloco central alargado saia reforçada nas próximas eleições», afirmou à agência Lusa, à entrada do Pavilhão do Casal Vistoso, onde decorre até domingo a VII Convenção dos bloquistas.
O antigo dirigente e assessor do BE, e uma das faces mais mediáticas do partido, disse que o partido precisa de fazer um «debate interno», mas que as críticas que tinha a fazer «sobre algumas opções que o BE tomou» foram feitas «no momento próprio».
«Não as vou fazer num corredor quando não sou delegado à Convenção por opção própria. Se as quisesse fazer hoje, a três semanas das eleições, faria dentro do pavilhão e não aqui», sublinhou.
Questionado sobre se algumas decisões do BE, como a moção de censura e a recusa de uma audiência com a troika, estão a penalizar o partido, Oliveira respondeu: «As sondagens são sondagens e o que conta é o dia das eleições».
Para Daniel Oliveira, no discurso de abertura da Convenção, Francisco Louçã fez um «diagnóstico correcto do que aconteceu» ao longo do processo de elaboração e apresentação do plano acordado entre o Governo e a troika e elogiou a «apresentação de alternativas».
«É à volta disso que estarei nas próximas três semanas», referiu, defendendo que o partido deve conseguir «entendimentos à esquerda em geral, não limitados ao PCP».
«O debate interno que temos de fazer, o balanço, não das sondagens mas dos resultados eleitorais, teremos tempo para o fazer e eu estarei, seguramente, a participar nesse debate», concluiu.

para a TVI24

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