"What Portuguese should know about Finland"
Portugal começou e a resposta da Finlândia não se fez esperar. Os dois países conversam agora via Youtube, num diálogo viral que se propaga nas redes sociais. Um sucesso que se explica pelo apelo «a um instinto primário a que poucos se podem sentir alheios» e que é tão previsível quanto perigoso.
A prová-lo fica o último parágrafo do texto que o Diário Económico publica hoje - "Uma bofetada de luva branca aos finlandeses" - e onde, a pretexto do Dia da Europa, se aproveita para introduzir a martelo a seguinte tese:
Durante muitos anos andámos a endividar-nos para comprar telemóveis à Finlândia e submarinos à Alemanha cujas exportações muito cresceram à custa de países como o nosso, consumistas e irresponsáveis, e que agora estão sem dinheiro para pagar esses mesmos submarinos e telemóveis. Aquele vídeo feito pela Câmara de Cascais e que andou a circular este fim-de-semana no Youtube, tendo já chegado às televisões de Helsínquia, é uma verdadeira bofetada de luva branca a esses senhores da Finlândia. Os Verdadeiros Finlandeses deveriam ser aqueles que se lembrassem de que em 1940 passaram fome e que na altura tiveram a solidariedade de Portugal.
É traiçoeiramente estreita a margem a partir da qual o natural amor à pátria se converte em nacionalismo exacerbado, com todas as ameaças nele contidas.
Pelo tom, suspeito que o texto desconhece - ou, se conhece, fez de conta que não viu - o vídeo que os finlandeses também já trataram de dedicar aos portugueses. Como também suspeito que desconhece ser, precisamente, esse o mal que já está a enfermar a Europa, destruindo o que resta de coesão e alimentando as raivas veladas: a fartura de "bofetadas de luva branca" que, tal como os vídeos, se propagam como vírus. Seriam sempre de evitar, mais que não fosse porque, ao que consta e está bom de ver, a Europa ainda está longe de conhecer o remédio para a sua cura.
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