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Dilma quis Ideli Salvatti: "escudeira fiel", "defensora aguerrida" , "pitbull sem concessões"

Posted: 11 de jun. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: , ,

Após sofrer uma dura derrota eleitoral em Outubro de 2010, Ideli Salvatti assumiu ontem um dos principais cargos do Governo Dilma Rousseff.
Como “prémio de consolação” pelo revés na disputa pelo Governo de Santa Catarina no ano passado, Ideli tinha sido nomeada ministra da Pesca e Aquicultura, pasta que tem um dos piores orçamentos da Esplanada. Mesmo sem conhecer a fundo o sector, prometeu fazer mais com menos, em referência aos cortes impostos pela equipa económica.
Passados quase seis meses, a paulistana radicada em Santa Catarina sentiu, na prática, a dificuldade de assumir uma pasta modesta no Executivo: executou apenas 12% dos R$ 553 milhões previstos para o ministério em 2011. Assim, apenas R$ 65 milhões foram efectivamente desembolsados até Junho. Para superar as dificuldades diante do escasso orçamento voltado para «aproveitar melhor os cerca de 8 mil km de costa e 12% da água doce do mundo» — como anunciado quando tomou posse —, Ideli manteve uma intensa rotina de viagens, a fim de participar de compromissos oficiais em várias cidades do país e no exterior. Por isso, foi uma das ministras com maior gasto com diárias: mais de R$ 20 mil no total.
Até então distante do primeiro escalão de ministros em cerimónias oficiais, Ideli tem agora a chance de mostrar que, além de experiente, tem potencial para a articulação política na gestão Dilma.
Apesar de ter feito carreira em Santa Catarina, onde ajudou a fundar o PT, Ideli Salvatti, 59 anos, nasceu na capital paulista. Casada e mãe de dois filhos, a petista formou-se em física pela Universidade Federal do Paraná e chegou a ser professora da rede pública do estado nas décadas de 1980 e 1990. Em seguida, elegeu-se deputada estadual, teve actuação destacada em CPIs locais e foi escolhida como primeira senadora do Estado, em 2002.
No ano passado, mesmo com papel destacado no Congresso, não passou do primeiro turno nas eleições ao governo estadual. Próxima ao presidente Lula, foi escolhida para a função de líder no Senado duas vezes, além de em três oportunidades ter sido líder da bancada do PT.
A proximidade com o Planalto também arranhou a sua imagem diante de alguns colegas. No Conselho de Ética, no auge da crise envolvendo o nome do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), votou pelo arquivamento das acções contra o parlamentar. Seguiu a recomendação do governo e defendeu o aliado. Antes disso, em 2006, como líder do PT, articulou e fez discursos contra a oposição — alguns enfáticos (ou destemperados, segundo rivais) —, que criticava a suposta compra de votos de parlamentares para garantir a aprovação de projectos. Foi na condição de líder fiel que conquistou a amizade da então ministra Dilma Rousseff. «Os oito anos em que actuei no Senado, sete como líder, me permitiram — e isso não era muito visível — fazer essenciais negociações com lideranças na Câmara, e não só no Senado. E tivemos, nos dois últimos anos, tranquilidade na aprovação de projectos», afirmou. Ideli foi uma das responsáveis pela coordenação das votações do Orçamento de 2010.

Fama de aguerrida defensora do Governo Lula

A paulistana fez carreira política em Santa Catarina, onde ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) no Estado. Pela agremiação, se elegeu deputada estadual para duas legislaturas, e senadora em 2002. Ano passado, disputou o governo catarinense, mas não conseguiu chegar ao segundo turno. Ficou em terceiro lugar na eleição vencida pelo candidato do DEM, Raimundo Colombo.
No Congresso Nacional, construiu a imagem de “parlamentar aguerrida”, que sempre defendeu os interesses do Governo Lula, mesmo quando isso lhe causou problemas diante do eleitorado, como recorda um dos principais adversários políticos dela, o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).
Um exemplo foi o fato de Ideli ter assumido a Liderança do PT no Senado, em 2006, no auge da maior crise política do governo Lula, a partir da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que investigou a compra de votos de parlamentares da base aliada para garantir a aprovação de projetos de interesses do Executivo.
Na CPI, a então senadora e atual ministra da Aquicultura e Pesca protagonizou embates duros com a oposição. O líder do PSDB destacou que, apesar de conhecer “muito" a lealdade de Ideli ao governo, desconhece a aptidão dela como articuladora política, papel que cabe ao ocupante da Secretaria de Assuntos Institucionais.
Em 2009, Ideli Salvatti mostrou mais uma vez sua fidelidade ao presidente Lula. Ela votou, no Conselho de Ética, pelo arquivamento das ações contra o senador José Sarney (PMDB-AP), aliado de primeira hora do ex-presidente nas duas campanhas presidenciais vencidas por Lula.
Na atividade legislativa, Ideli apresentou, entre 2001 e 2008, 21 projetos de lei e três propostas de emendas à Constituição. Em 2005, conseguiu aprovar o projeto de lei que garante às gestantes o direito de escolher um acompanhante para a hora do parto.

Oposição

Em 2009, acumulou a Liderança do Governo no Congresso com a presidência da Comissão Mista de Mudanças Climáticas. Como líder do governo, foi responsável pela coordenação política nas votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Projeto de Lei de Orçamento da União para 2010. Neste sentido, ela articulou com a base governista para preservar os recursos destinados aos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A vice-líder do PP, senadora Ana Amélia Lemos (RS), ressaltou que a escolha de Ideli para o cargo de ministra é uma demonstração de que a presidenta “está impondo a sua marca”, a partir da crise política que culminou com o pedido de demissão de Antonio Palocci. Ana Amélia destacou, ainda, que Ideli Salvatti conhece bem o Congresso e que saberá “ver que a situação na base aliada mudou [com relação a forma como atuou no governo Lula] e que a oposição, apesar de pequena em número, está bem articulada”.

com Agência Brasil

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