Ministros Ideli Salvati e Luiz Sérgio anunciam, em colectiva conjunta, a troca das suas pastas. foto: Fabio Rodrigues Pozzebom
A presidenta Dilma Rousseff decidiu hoje trocar a articulação política de seu governo e optou por uma solução caseira. A actual ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti (PT-SC), vai ocupar a Secretaria de Relações Institucionais. Já o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, foi designado para a Pesca e Aquicultura.
Foi a segunda mudança no ministério de Dilma. Na terça-feira, Antonio Palocci foi substituído na Casa Civil pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A troca de Ideli por Luiz Sérgio foi confirmada há pouco pela assessoria de imprensa da Secretaria de Relações Institucionais.
A atuação de Luiz Sérgio já vinha sendo criticada no Congresso Nacional. Na prática, o diálogo do governo com a Câmara e o Senado estava sendo conduzido mais por Palocci, que deixou o governo em meio às denúncias de enriquecimento ilícito, devido ao aumento de seu patrimônio nos últimos anos.
Como a nova ministra da Casa Civil tem um perfil muito mais técnico que político, a Secretaria de Relações Institucionais passará a ter um protagonismo maior no governo. Por isso, o Palácio do Planalto buscou Ideli para substituir o desgastado Luiz Sérgio.
No Senado, Ideli foi líder do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi uma ferrenha defensora do governo Lula, principalmente durante a crise provocada pelas denúncias de mensalão.
A transmissão de cargo de Ideli Salvatti e Luiz Sérgio será feita na próxima segunda-feira (13).
via Agência Brasil
[ACTUALIZADA]
Luiz Sérgio nega que Ministério da Pesca seja prêmio de consolação
O atual ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, disse que assumir o Ministério da Pesca "não é um prêmio de consolação". "O Ministério da Pesca é muito importante, tem um peso econômico muito significativo", disse o ministro que, na próxima segunda-feira, passa a ocupar a pasta. "Para quem é de Angra dos Reis, que nem eu, pescar é mais que uma obrigação. É uma atividade que dá prazer", disse ele.
Luiz Sérgio avaliou que os rumores de desarticulação da base governista no Congresso, durante o tempo em que cuidou da relação do governo com o Parlamento, não são verdadeiros. "Não há desarticulação da base. Praticamente todas as medidas provisórias foram aprovadas. Leis como a do salário mínimo foram também aprovadas. Essa é uma versão que não corresponde a verdade dos fatos", destacou.
O ministro elogiou a capacidade de articulação de Ideli Salvatti, segundo ele, provada durante o tempo que ele ela atuou como líder da bancada petista e líder do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Senado. "Ideli tem experiência, foi líder da bancada, foi líder do governo e tem todas as condições de desempenhar essa função", destacou o ministro.
Ideli promete bom-senso na função de articuladora política
A nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse hoje que assumirá a função de articuladora política do governo com a promessa de usar o "bom-senso". "Já executei várias tarefas em minha vida e, para cada uma dessas tarefas, você tem que atuar de acordo com a demanda. Na articulação política, não vou usar apenas dois ouvidos. Terei que usar muito mais, ouvidos, coração, bom-senso, sempre na busca de um bom resultado, para o governo e para o país", afirmou.
Ideli ressaltou que a decisão de Dilma foi uma "troca de tarefas, mas não de responsabilidades". “O governo é um só. A negociação é de responsabilidade de todos os integrantes do governo, para que se chegue a bom termo, tanto nas relações com o Congresso, com os governadores, com as prefeituras e com a sociedade em geral. Isso é fundamental para que o país se desenvolva, cresça e distribua renda. Estou muito honrada pela lembrança, pelo convite", disse.
A ministra afirmou que a escolha de seu nome ocorreu com base na atuação como senadora. "Durante os oito anos em que fui senadora, sete deles passei como líder, ou da bancada, ou do governo", destacou Ideli, que lembrou a boa relação que manteve com o ex-presidente Lula, durante seu governo, e com a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Tivemos uma boa parceria", disse Ideli, sobre a presidenta.
Ideli também destacou a capacidade política de Gleisi Hoffmann e disse que não se pode reduzir a tarefa da nova ministra da Casa Civil à função de gestão. "O importante é que o governo, como um todo, esteja atuando de forma harmônica. Na verdade, imaginar para Gleisi Hoffmann as tarefas de gestão é não ter o conhecimento de toda trajetória política da ministra. Além disso, estaremos aqui no Palácio, trabalhando juntas, para que possamos encaminhar o que a presidenta Dilma e o vice-presidente Michel Temer têm como meta", ponderou Ideli.
Líderes avaliam com cautela troca na articulação política do governo
Líderes partidários na Câmara foram cautelosos ao analisar a substituição de Luiz Sérgio por Ideli Salvatti na Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela coordenação política do governo. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), considera a nova articuladora uma política hábil e acredita que ela terá êxito na nova missão. “A ministra Ideli é jeitosa e sabe encaminhar bem as questões políticas.”
Vaccarezza disse que vai apoiar Ideli na Câmara. “Vou ajudar a ministra no que for possível. Sou um soldado do governo da presidenta Dilma Rousseff. O que a Ideli precisar, pode contar comigo.”
Em relação a saída de Luiz Sérgio da articulação política e sua ida para o Ministério da Pesca e Aquicultura, Vaccarezza disse que a bancada petista na Câmara está satisfeita e se sente bem representada por Luiz Sérgio no Ministério da Pesca.
Já o líder do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), disse que ainda é cedo para fazer uma avaliação sobre a substituição do articulador político do governo.”Não quero antecipar uma análise sobre como a ministra Ideli Salvatti vai atuar na coordenação política do governo. Temos que esperar um pouco.”
ACM Neto afirmou que Ideli não poderá ter no cargo o mesmo estilo que tinha quando foi líder do PT e do governo no Senado. Sobre a nomeação de Luiz Sérgio para o Ministério da Pesca, cargo quer era ocupado por Ideli, ACM Neto acrescentou: “É um prêmio de consolação. Ele foi fritado”.
Senado recebe bem indicação de Ideli para a articulação política do governo
Os senadores governistas e oposicionistas recebem bem a indicação de Ideli Salvatti para comandar a Secretaria de Relações Institucionais. Na avaliação da base aliada, Ideli, que até hoje comandava o Ministério da Pesca e Aquicultura, tem como marca principal a lealdade ao PT e a proximidade com os aliados.
“Ela foi muito correta com o ex-presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] e o defendeu com veemência. Ela tem uma característica boa, que é ser parceira dos aliados. Aliás, característica boa para quem vai assumir o cargo [de ministra das Relações Institucionais]”, afirmou o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).
O líder do PTB, Gim Argello (DF), chamou a ministra de “aguerrida” e negou que tal característica possa causar problemas na relação do governo com o Congresso. “Tenho certeza que a Ideli vai unir a base [aliada]. É uma pessoa muito aguerrida, muito determinada Ela, pelo jeito de ser, vai melhorar muito a articulação [política].”
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) acredita que a experiência da ex-senadora como líder do governo no Congresso vai ajudá-la na nova tarefa. “Ela foi líder do governo em um momento em que a correlação de forças era difícil e exerceu muito bem a função.”
O líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO), também considerou boa a escolha de Ideli para a Secretaria de Relações Institucionais, apesar da fama de truculenta que ela ganhou na época em que assumiu a liderança do governo no Senado. “Prefiro os autênticos aos dissimulados”, afirmou o oposicionista.
Para ele, as duas novas ministras da presidenta Dilma Rousseff indicam que o governo está criando uma linha própria.“É uma linha mais rigorosa, mais dura, mais de imposição. Mas, tanto a Ideli quanto a Gleisi [Hoffmann, nova ministra da Casa Civil] vieram do Congresso. Então, espero que haja mais espaço para o diálogo”, afirmou o senador.
A escolha da presidenta Dilma Rousseff não recebeu apenas elogios. Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), o ministério que será ocupado por Ideli serve apenas para atender à base aliada do governo. “Esse ministério, embora tenha nome pomposo, cuida apenas da fisiologia do governo.”
Para Dias, a troca de lugar entre Ideli e Luiz Sérgio, que assumiu o Ministério da Pesca e Aquicultura, demonstra isso. “O ministério da Pesca é um encosto, um prêmio de consolação, como vários desses ministérios que foram criados para atender aos aliados do governo.”.
O líder tucano lembrou ainda que o verdadeiro articulador político do governo deve ser a própria Dilma. “O ex-presidente Lula, em todos os momentos cruciais, articulou pessoalmente. Agora, em um momento difícil, a presidente [Dilma] não pode transferir a responsabilidade.” Para ele, há uma crise no governo e outras mudanças no governo ainda podem ocorrer.
Nomeação de Ideli é bem recebida pelo PMDB, diz Sarney
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira (13/6) que a nomeação de Ideli Salvatti para o Ministério de Relações Institucionais foi muito bem recebida pelo PMDB. Sarney ressaltou que a nova ministra tem uma “longa vivência parlamentar” e que a firmeza atribuída a Ideli nas negociações não seria um defeito, mas sim uma qualidade.
“A escolha da ministra Ideli foi excelente. Sempre admiramos sua capacidade de articulação, sua maneira de dialogar. Às vezes, ela é firme, mas na política muitas vezes é preciso ser firme. Ser firme não é um defeito é uma virtude”, disse Sarney. “Ideli é muito experiente, conhece todos os políticos, todos os partidos”, acrescentou o presidente do Senado.
Integrantes da própria base aliada queixavam-se do modo como estavam sendo conduzidas as negociações com o Legislativo. A partir da mudança na Casa Civil, com a saída de Antonio Palocci e a chegada de Gleisi Hoffmann, Dilma afirmou que pretendia tornar a Casa Civil mais técnica e menos política, cabendo a Ideli a tarefa de negociar as questões políticas do governo.
Para Marco Maia, Ideli manterá boa relação entre governo e Congresso
O presidente da Câmara, Marco Maia, participou nesta segunda-feira (13/6), no Palácio do Planalto, da cerimônia de posse da nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Para Marco Maia, a alteração no comando da secretaria, que faz a articulação política entre o Executivo e o Legislativo, vai dar continuidade ao trabalho que já vinha sendo feito. "Neste primeiro semestre, tivemos votações importantes na Câmara e todas as propostas que foram feitas pelo governo e que eram justas e necessitavam de uma aprovação e de votações no Congresso Nacional aconteceram de forma normal, tranquila", afirmou.
Apenas um dos caciques da base na Câmara foi à posse de Ideli Salvatti
A nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, mal assumiu o posto e já tem sinais de que enfrentará o mesmo terreno minado na Câmara, responsável pela demissão do antecessor, Luiz Sérgio. Em claro sinal de contrariedade, apenas um líder da base aliada na Casa compareceu à cerimônia de posse da nova ministra — 16 faltaram. O protesto teve como motivo a baixa liberação de emendas parlamentares pelo governo federal. Alguns partidos, como PTB, PCdoB e PSC, nem sequer enviaram representantes.
A explicação oficial da maioria dos líderes partidários é de que os compromissos nos estados impediram a presença. Apenas Paulo Teixeira (PT-SP) bateu ponto na posse. O sinal de descontentamento enviado ao Palácio do Planalto, no entanto, aponta para um calo do governo Dilma Rousseff: a liberação de emendas parlamentares. Desde o início do ano, foram cortados R$ 18 bilhões, ou 72% dos recursos destinados por deputados e senadores no Orçamento de 2011. Das contas de 2010, 10% foram liberados. O ponto havia sido abordado na última reunião de líderes da base aliada na Câmara, na semana passada. Ao líder governista, Cândido Vaccarezza (PT-SP), os parlamentares pediram que o governo assumisse o compromisso de liberar ao menos 30% dos recursos de 2010 até o fim do semestre. Na época, o pedido veio em forma de fatura pela defesa do então ministro Antonio Palocci. O petista saiu da Casa Civil, mas o pedido não avançou um milímetro. “Existe uma insatisfação clara com as emendas. Os restos a pagar de 2009 e 2010 estão sendo pagos a conta-gotas. Chegamos a junho e não aconteceram as emendas individuais dos parlamentares”, reclama o líder do PP, Nelson Meurer (PR).
Insatisfação
Com o bolso vazio, os líderes decidiram não comparecer à posse de Ideli. Nos bastidores, dizem que esperam dela um aceno em relação às emendas na reunião de líderes de hoje. O problema é que na primeira reunião da base aliada depois da posse da ministra, os líderes não devem ter o encontro desejado, já que Ideli pretende comparecer a um almoço marcado por Dilma com senadores do PR. “É o primeiro encontro dela, uma oportunidade de nos apresentarmos. É complicado ela não vir devido às insatisfações que existem. Precisamos criar uma solução para a questão das emendas”, pede o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Embora o pano de fundo tenha sido a torneira fechada para as emendas parlamentares, a maioria dos líderes da base alegaram a agenda lotada em seus estados para não comparecer à posse. O fato de a cerimônia ter ocorrido na segunda-feira, dia seguinte ao de Santo Antônio, também teria influenciado. A Secretaria de Relações Institucionais enviou convite para todos os líderes ontem de manhã e ligou para algumas lideranças. Se na Câmara o evento foi boicotado, praticamente todos os partidos aliados no Senado foram representados. Estiveram no evento os líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL); do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), além do vice-líder, Gim Argello (PTB-DF); do PT, Humberto Costa (PE); e do PP, Francisco Dornelles (RJ). Os governadores de oposição Raimundo Colombo (SC) e Rosalba Ciarlini (RN), do DEM, também compareceram.
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