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Este ano sem direito a sardinha fresca porque, além da crise, o 'mar não tem estado para peixe'.
[ACTUALIZADA]
Marchas de Lisboa em desfile na Avenida da Liberdade
As marchas em desfile (da esq. para a dir.): Voz do Operário, Mercados, Campolide, Madragoa, Penha de França, Olivais, Mouraria, Baixa, Carnide, Bairro Alto, Marvila, Alto Pina, Bela Flor, Graça, Beato, Castelo, Santa Engrácia, Alcântara, Bica, Alfama, São Vicente. No fim: desfile dos noivos dos Casamentos de Santo António e Antóio Costa, presidete da Câmara de Lisboa a receber uma... sardinha. fotos: CM
Em 2011 as Marchas de Lisboa aliam-se à candidatura do Fado a Património da Humanidade
As Festas de Lisboa realizam-se de forma oficial desde 1932. Contudo só em 1934 a Câmara Municipal de Lisboa chamou a si a organização dos tradicionais festejos inspirados nos Santos Populares. Preservando a tradição popular de Lisboa, com relevo para as Marchas, os Casamentos de Santo António, os Arraiais e o Fado, actualmente as Festas de Lisboa assumem-se também como um evento de referência nas expressões culturais mais contemporâneas.
As Marchas Populares são um ícone da cultura popular lisboeta. Máximos expoentes do associativismo da cidade de Lisboa, fomentam desde há 79 anos o diálogo entre as componentes social e cultural. Em 2011, as Marchas Populares aliam-se à Candidatura do Fado (canção de Lisboa) a Património da Humanidade, que dá assim o mote para o desfile da Avenida da Liberdade.
Desfiles:
Marcha Infantil | Marcha dos Mercados | Marcha de Campolide | Marcha da Madragoa | Marcha da Penha de França | Marcha dos Olivais | Marcha da Mouraria | Marcha da Baixa | Marcha de Carnide | Marcha do Bairro Alto | Marcha de Marvila | Marcha do Alto do Pina | Marcha da Bela Flor | Marcha da Graça | Marcha do Beato | Marcha do Castelo | Marcha de Santo Engrácia | Marcha de Belém | Marcha de Alcântara | Marcha da Bica | Marcha de Alfama | Marcha de São Vicente
A noite foi de arromba, nos arraiais espalhados pelos principais bairros típicos de Lisboa, como Alfama. Este ano, o Alto Pina venceu o concurso das Marchas de Lisboa [vídeo também aqui], transmitido na íntegra e em directo pela RTP.
Vídeos:
- Milhares nas marchas populares de Lisboa
- Marchas Populares de Lisboa encheram a Avenida da Liberdade
- Crise passa ao lado na noite de Santo António
- Santo António deixa Lisboa animada
- Noite de Marchas Populares em Lisboa
- Alto do Pina venceu as marchas populares de Lisboa
- Alto do Pina foi vencedor inédito
- Marchas populares de Lisboa estão mais pobres
- Nem só de sardinha se faz a festa em Lisboa
- Carenciados comeram sardinhas na Voz do Operário
- Sardinhas em almoço solidário na Voz do Operário
- Corrida ao tomate e ao pepino para os santos populares
- Polémica em Lisboa com cartazes de uma marca de cerveja
- Alfama em fim-de-semana de Santos Populares
Bairros típicos disputam título em Noite de Santo António
A Avenida da Liberdade, no coração da capital portuguesa, recebe hoje a partir das 21h, o tradicional desfile das marchas populares, em comemoração do Santo António, uma iniciativa que deverá chamar ao centro de Lisboa milhares de foliões e que promete festa até de madrugada nos bairros históricos lisboetas.
Este ano o desfile na Avenida da Liberdade conta com a presença e desfile de um agrupamento do Reino de Marrocos, num intercâmbio cultural desenhado com a embaixada representante deste país. A abertura do evento conta, este ano, com a participação especial dos OqueStrada. As marchas populares, com o desfile de agrupamentos em representação de cada freguesia da capital, são um ícone da cultura popular lisboeta. Máximos expoentes do associativismo da cidade de Lisboa, fomentam desde há 79 anos o diálogo entre as componentes social e cultural.
A Associação de Cooperação e Solidariedade entre os Povos (ACOSOP) criticou hoje a presença de um grupo marroquino no desfile das marchas de Lisboa, considerando que se trata de um «acto de propaganda do Reino de Marrocos».
Participação marroquina em marchas criticada
«A participação marroquina, um verdadeiro acto de propaganda do Reino de Marrocos, ocorre num momento em que o regime liderado por Mohamed VI recorre à extrema violência, para reprimir manifestações em prol da democratização do País», refere em comunicado.
Um grupo de 50 artistas de seis grupos de Marrocos vai abrir este ano o desfile das Marchas de Lisboa, na Avenida da Liberdade, agendado para domingo, dia 12 de junho.
A Associação lamentou a «cumplicidade» da Câmara de Lisboa no que considera ser uma «manobra de propaganda de um regime ditatorial e colonizador, que desrespeita o seu próprio povo e oprime o povo que coloniza».
via TVI24
A marcha é linda
Lisboa vive hoje o momento alto das festas da cidade, na noite de 12 para 13 de Junho, com as marchas populares desfilarem na avenida da Liberdade, entre os habituais gritos do público: "A marcha é linda" e "Ié, ié, ié, a nossa marcha é que é". Entre os marchantes, vai haver de tudo: guitarras, fadistas, varinas, marinheiros, sardinhas, candeeiros, tascas, marionetas, coretos, manjericos e arraiais.
As marchas executam as coreografias em pontos fixos, mas é frente ao júri que tudo se decide. Têm entre cinco e sete minutos para mostrar o que valem. Somadas as pontuações do Pavilhão Atlântico e do desfile, apura-se o vencedor. Alfama defende o título.
Antecedendo o desfile, actuam dois convidados especiais: os portugueses Oquestrada e um agrupamento de Marrocos. Na tribuna, e além de responsáveis da autarquia, vão estar vários embaixadores e o ministro das Finanças de Marrocos. A RTP 1 transmite o desfile.
No que se refere aos transportes, o Metro alarga o horário (até às 02h00) nas linhas azul e verde e a CP assegura mais comboios nas linhas de Sintra e Cascais (o último é às 04h30).
Novatos desfilam com nepalês
Belém é a marcha mais nova a concurso. A estreia em 2009 foi azarada: ficou em penúltimo e desceu de divisão. Regressou este ano ao convívio dos "grandes". É a marcha dos novatos, que tem a particularidade de integrar um nepalês nos 24 pares de marchantes.
publicado Correio da Manhã
Muita cor, música e alegria ocupam hoje à noite a avenida da Liberdade no grande desfile das Marchas Populares de Lisboa. A festa já começou e termina cerca das 03h00. Tendo como mote o fado, mais de 1500 marchantes em representação de 22 colectividades "alfacinhas" estão a dar o melhor de si.
Com um público vibrante e aos gritos - "Ié, Ié, Ié, a nossa Marcha é que é" e "A nossa Marcha é linda" -, os marchantes descem a avenida, numa noite quente onde impera a alegria.
Antes do desfile, na zona do Marquês de Pombal, onde as marchas se concentram, a estudante Cátia Pereira, 22 anos, que desfila pelo sétimo ano pela Mouraria, preparava-se para dar o seu melhor: "Não estou nada nervosa. Estivemos em ensaios durante dois meses e hoje vamos mostrar o nosso trabalho", relatou ao CM.
"O que mais custa é a ansiedade. Mas estou preparada e vai correr tudo bem. Temos marcha para ganhar", diz a estreante Cláudia Miranda, 15 anos, estudante, que desfila por Campolide.
Entre o público, Isabel Silva, 56 anos, reformada, que veio de propósito dos Açores para ver o seu neto na Marcha Infantil da Voz do Operário era uma avó orgulhosa. "O meu netinho faz de Santo António", relatou. E apesar da Voz do Operário participar extra-concurso, era claro, para esta avó com o neto na marcha infantil, que "a Voz do Operário merecia ganhar".
A cabeleireira Ana Correia, 43 anos, vem de mais perto. Mora em Benfica, mas este ano a sua marcha não participa. "Venho à avenida desde o princípio. Gosto muito. Se Benfica participasse, ganhava!", diz.
A cabeleireira Ana Correia, 43 anos, vem de mais perto. Mora em Benfica, mas este ano a sua marcha não participa. "Venho à avenida desde o princípio. Gosto muito. Se Benfica participasse, ganhava!", diz.
Fado, tascas e mercados
Coube às crianças da Voz do Operário a abertura do desfile, com uma homenagem ao fado, onde não falou a recriação de uma tasca típica. Nos arcos, mostraram guitarras e retratos de fadistas de várias épocas, enquanto cantavam: "Somos gente pequenina/Temos o fado na Voz/De ouvir em cada esquina/A guitarra afinadinha/A cantar dentro de nós". Ao lado da pequenada, os padrinhos: Cláudia Semedo e Miguel Costa.
Seguiram-se os comerciantes dos Mercados de Lisboa (participam extra-concurso), com o tema "Em cada pregão um fado". Nos arcos, mostraram guitarras. Nos figurinos, destaque para os xailes das marchantes. Como habitualmente, presentearam o público com um "miminho". Este ano, ofereceram doces.
A noite está animada e o público vibrante. Coube a Campolide abrir o concurso. De preto vestidos, os marchantes evocaram o fado e os fadistas.
Seguiu-se a Madragoa. Descalços, como é tradição do bairro, os marchantes apresentaram o tema “Madragoa regressa às origens, descalço é o meu fado”. Varinas e pescadores lembraram as lides da pesca e dançaram, como habitualmente, o vira. Nas cores, dominava o azul.
Penha de França é a marcha que se segue. Mostrou a tradição, com Lisboa no coração, em ambiente de festa popular. De azul e brancos vestidos, é a vez dos marchantes dos Olivais descerem a avenida com arcos em forma de estrela. Numa caixa que se destapa em frente à tribuna, saem as mascotes (crianças): ela, com xaile; ele, com uma guitarra.
Sempre castiça, com Severas e Condes de Marialva, a Mouraria marcha com alegria. Nos arcos, a figura da eterna Severa. De braço dado com o fado, os marchantes executam uma coreografia onde, num determinado momento, dois homens suportam, aos ombros, uma Severa deitada.
Despedidas feitas, é a vez da Baixa marchar, com arcos em forma de candeeiros. Nas cores, impera o preto, branco, prata, dourado e verde. São as cores da cidade “alfacinha”.
De branco e pretos vestidos, irradiando felicidade, é a vez dos noivos de Santo António integrarem o desfile e mostrarem-se à cidade. Os dezasseis casais que deram o “nó” com juras de amor eterno e recolhem muitas palmas.
Prossegue o desfile das marchas, com Carnide mostrar o que vale. E começa por surpreender com marchantes dentro de arcos em forma de candeeiros. Numa marcha com muita luz, a avenida da Liberdade ficou mais iluminada com os adereços de Carnide.
Entra em cena o Bairro Alto, cujos marchantes também surpreendem pela originalidade: transformam-se em marionetas -- a companhia do Bairro Alto de Marionetas foi uma das pioneiras em Portugal, passando por várias gerações e épocas --.e contam histórias de amor, lembrando D. Pedro e Inês de Castro, D. Quixote e Dulcineia, Romeu e Julieta.
Com motivos geométricos nas coreografias, Marvila desce a avenida, com braços de guitarra e candeeiros nos arcos, cantando: “Abraçada a uma guitarra, Que o fado vem cantar. Em Marvila o fado ri o fado chora. Tem a voz que o povo adora E não se cansa de cantar… O bom fado que nos encanta. Onde é que vive onde é que canta? Em Marvila!”.
A noite já vai longa, mas o público não revela cansaço e continua a incentivar e a bater palmas aos marchantes que descem a avenida da Liberdade. É a vez do Alto do Pina desfilar. Com uma particularidade: à frente da marcha está o ensaiador Carlos Mendonça, filho do bairro, mas que se distinguiu em Alfama, onde ganhou a alcunha de “Mourinho das Marchas” devido aos sucessivos triunfos. Descem a avenida com o tema “Amar Lisboa”, com um figurino em tons de dourado, branco e azul e arcos com motivos de azulejos.
A Bela Flor começa a desfilar e lembra os antigos campos de Campolide (bairro onde mora a marcha), com especial destaque para as vinhas. Nos figurinos, cachos de uva e parras. No arcos, pipas. A Marcha levou ainda para a avenida um adereço gigante: o Aqueduto das Águas Livres.
Com um figurino bem colorido, a Graça dedicou especial atenção ao nosso folclore, mas de braço dado com o fado e... galos de Barcelos, num apelo às tradições que não devem morrer. Nos arcos, guitarras, brincos de filigrana e o eléctrico que passa pelo bairro.
Em noite de Santo António, a sardinha é rainha nos arraiais. Isso mesmo lembrou o Beato, cantando bem alto: “Viv’a a Festa, Viv’a a Rainha, Viv’a a Sardinha”. Nos arcos, barcos e, claro está, sardinhas.
Numa homenagem a Hermínia Silva, o Castelo deu de beber à alegria, num desfile onde se evocou as tascas do antigamente, o fado e o vinho. As marchantes levavam à cabeça pequenos tabuleiros onde se via uma garrafa de vinho, pão e azeitonas. Eles, de boina e lenço ao pescoço, travaram uma luta animada com o tradicional jogo do pau.
Com o Tejo a seus pés, Santa Engrácia desaguou na avenida com motivos marítimos. Bóias e gaivotas alegram os arcos. Nos adereços, um cacilheiro.
Bairro ribeirinho e ligado aos Descobrimentos, Belém inspirou-se no Mosteiro dos Jerónimos e mostrou vitrais. Nos figurinos e arcos, também se viram motivos alusivos ao azulejo. Desfilou sem padrinho (Gonçalo da Câmara Pereira já não marcou presença no Pavilhão Atlântico devido a motivos profissionais). Numa Lisboa cada vez mais multicultural, a marcha de Belém tem uma particularidade: integra um nepalês.
Com o tema “Santo António está em festa, Lisboa em festival, não há marcha como esta, Alcântara vai de arraial”, os marchantes de Alcântara fizeram a festa à volta do arraial, onde não faltaram manjericos ao luar e muita festa.
Bairro ribeirinho, “Bica, rainha do Tejo” desce a avenida com varinas, pescadores, redes de pesca, conchas e uma ostra gigante, com uma imagem de Santo António. Os motivos ligados ao mar estão sempre presentes. Nos arcos, levavam sereias, estrelas do mar e coroas.
É a vez de Alfama, que venceu no ano passado, descer a avenida. “Alfama, Fado, Tejo” desagua e ouve-se bem alto na voz dos marchantes: “Ai, ai, ai, ai. Olha o marinheiro. Olá, olá, Olha a peixeirinha. Vem cá, vem cá, Meu amor trigueiro Com olhar matreiro Tu vais ser só minha”. Com gestos de remadores e barcos nos arcos, a marcha espraia-se na avenida, lembrando também o fado dos becos e vielas. Nos figurinos e arcos, imperam o branco, azul e cor-de-rosa.
A noite encerra com S. Vicente, bairro que tem o nome do padroeiro da cidade. Eles são arautos e elas varinas estilizadas, mostrando corações. Cantando bem alto “Este bairro está primeiro. É padroeiro, é S. Vicente”, a marcha enche a avenida de cor e alegria e fecha com chave de ouro mais uma edição das Marchas Populares de Lisboa.
publicado no Correio da Manhã
Marchas de Lisboa com um cheirinho a Angola, Brasil e Nepal
Um nepalês de arco e balão. Um brasileiro que troca o samba pelas marchas de Lisboa. Estranho ou talvez não, são a nova realidade de marchantes dos bairros lisboetas, que alargaram fronteiras e atraem gente de todo o mundo.
Ser marchante é ser bairrista, mas os bairros típicos da capital mudaram. Do Nepal ao Brasil, passando por Angola, as marchas de Lisboa chamam novos participantes atraídos pelo mais típico da cultura nacional.
Kamal Gurung, 30 anos, está em Portugal há cinco anos, depois de ter emigrado do Nepal à procura de um sítio mais seguro para onde pudesse levar a família. Tem um restaurante de cozinha nepalesa e entre as suas muitas paixões está o gosto por conhecer diferentes culturas. Daí até integrar a marcha de Belém foi um passo.
«Vi numa revista da Junta de Freguesia de Belém em que pedia que quem quisesse [ser marchante] se inscrevesse no Belém Clube e eu pensei porque não tentar uma vez. Desde há dois, três anos que eu vou sempre ver à avenida da Liberdade e acho muito giro», contou à Lusa.
Quanto a marchar e a aprender as coreografias, Kamal disse não se ter sentido atrapalhado porque, assegura, dança bem e no Nepal chegou a entrar em concursos de dança e a ganhar alguns prémios. O problema está na língua, que «foi difícil aprender», porque como bom marchante também tem de saber cantar.
«Eu sou um mau cantor e também não canto muito bem em nepalês. Cantar em português é ainda mais difícil, mas eu vou conseguir», afiançou e provou com convicção, cantando logo de seguida parte da letra de uma das músicas.
Do país da mais alta montanha do mundo, o Monte Everest, o salto faz-se para o país do samba que tem em Wesley Fonseca um digno representante nas marchas de 2011.
Foi uma amiga que lhe lançou o desafio porque sabia que Wesley gosta de «dançar e de conhecer diferentes culturas», apesar de desconhecer por completo o que são as marchas de Lisboa.
«Na altura eu perguntei: o que é uma marcha? E ela disse-me: olha, pensa no Carnaval do Brasil. É quase a mesma coisa, mas com a cultura portuguesa. E eu falei: ah, então eu quero participar!», contou.
Wesley Fonseca apontou que no Brasil «a dança parece que está no sangue e já nasce com a maioria das pessoas», o que facilitou então, a aprendizagem dos passos e das coreografias.
«Estou a gostar muito e no ano que vem, se puder, quero participar de novo», disse, entusiasmado.
O entusiasmo estende-se aos amigos, a quem conta todos os dias o que se passa nos ensaios e que já se referem às marchas como o «samba português».
«Já intimei todos. Ao Pavilhão [Atlântico] só vão alguns, mas à avenida da Liberdade vão praticamente todos os meus amigos brasileiros porque eles querem conhecer», adiantou.
Do Brasil, o salto faz-se até Angola, de onde Gilberto, 24 anos, saiu em direcção a Portugal quando tinha 13. Mais habituado aos ritmos do ‘kizomba’ ou do ‘kuduro’, não conseguiu resistir ao desafio de dançar ao ritmo das marchas.
«Ao princípio estranhei um bocado, mas não foi assim tão difícil a adaptação visto que em Angola também temos as nossas danças tradicionais e depois também gosto de dançar. Tive dificuldade em alguns passos, mas com outros adaptei-me rapidamente», explicou à Lusa, no final de um dos ensaios.
Gilberto admite que nunca lhe tinha pensado em participar numa marcha, «até porque não sabia nem fazia ideia de como ser marchante», mas, agora que está quase a chegar o dia da apresentação no Pavilhão Atlântico, a certeza é só uma: «Se surgir o convite para voltar para o ano, cá estarei».
via Agência Lusa
Cf. outras notícias: AQUI.
A propósito de manjericos
Bilhete de identidade. "Originário da Índia, o manjerico (cuja espécie é a Ocimum minimum) é uma planta popular no nosso país graças à utilização simbólica na altura das festas como o Santo António ou o São João, onde é vendida em vasos. É chamado também de erva dos namorados, pois é oferecida por estas alturas entre pares."
Lance a semente. "Pode ser cultivado em vasos, como planta de interior ou exterior, não tolerando frio muito intenso. A sua propagação faz-se por semente, na Primavera. Convém plantar várias plantas juntas para produzir o efeito de tufo redondo tão apreciado. Qualquer boa sementeira tem sementes de manjerico.
Cuidados básicos. "Regue apenas o substrato e/ou mantenha água no prato do vaso. Nunca colocar em exposição solar intensa. Quando adquiridos em vasos muito pequenos, o tempo de vida aumenta se mudados para um maior. Após a floração e formação de frutos é possível recolher sementes, que depois de secas podem ser semeadas no ano seguinte.
Anti-insectos. "É um excelente repelente de insectos e por isso muitas vezes cultivado em floreiras próximo de janelas e portadas, reunindo um 2 em 1: de manhã quando abrimos as janelas, a casa fica a cheirar lindamente e existe menor probabilidade de entrarem estes convidados indesejados."
Saúde e gourmet. "As suas folhas são comestíveis, tal como as do manjericão (ou alfádega ou basílico), com o qual partilha um cheiro semelhante. É também uma planta medicinal, sendo utilizada para o tratamento de flatulência, gripes e constipações e até problemas digestivos."
Mitos. Diz-se que só se pode cheirar pondo a mão na planta e mexendo; não se deve cheirar com o nariz, pois este morre. Errado. "Deve ser cheirado com o órgão que Nosso Senhor nos deu para cheirar! O nariz! O que acontece quando por vezes morrem é que muitas pessoas mexem vigorosamente na planta, danificando as folhas."
via Luís Alves, do blog Cantinho das Aromáticas
Santo António: De Lisboa a Pádua, santo do mundo
Santo António de Lisboa, para os portugueses, ou de Pádua, para os italianos, é um santo do mundo, que une dois frades franciscanos, mesmo que não se entendam quanto à denominação mais adequada.
Frei Vítor Melícias, responsável pela província portuguesa da Ordem dos Frades Menores [Franciscanos], refere que “Santo António, antes de mais, é um santo universal, de todo o mundo” e, em particular, um santo da Europa. “É um cidadão do mundo, um santo de toda a gente”, acrescenta, sublinhando que, em Portugal, António é visto como “o companheiro”.
Para os italianos este é o santo de Pádua, como assinala frei Fabrizio Bordin, franciscano conventual que trabalha em Lisboa, na paróquia de Chelas, e não esquece a “devoção” com que a festa deste dia é vivida, particularmente junto dos restos mortais. Tendo como diocese de origem precisamente a de Pádua, frei Bordin fala de S. António como o “santo mais amado e mais próximo das pessoas”. “É uma amizade que cresceu. O povo de Pádua, depois da morte de António, proclamou-o logo ‘santo súbito’ [santo já]”, acrescenta.
Frei Melícias recorda S. António como “um dos maiores economistas da Idade Média”, um “verdadeiro filósofo da economia, do social”, em particular nas suas posições contra os “excessos da usura” e na defesa da “propriedade comum”. O santo, acrescenta Vítor Melícias, era também um “pregador das coisas de que o povo gostava e sentia”.
Nascido no final do século XII, Fernando, que viria a assumir o nome de António, foi recebido entre os Cónegos Regulares de S. Agostinho em Lisboa e Coimbra, mas pouco depois da sua ordenação sacerdotal ingressou na Ordem dos Frades Menores, com a intenção de se dedicar à propagação da fé entre os povos da África.
O santo português, que morreu em Pádua, Itália, no ano de 1231, foi o primeiro professor de teologia na ordem fundada por São Francisco de Assis, tendo ficado famoso pelos seus sermões. O Papa Gregório IX canonizou-o apenas um ano depois da morte, em 1232, também após os milagres que se verificaram por sua intercessão. Pio XII, em 1946, proclamou Santo António como “Doutor da Igreja”, atribuindo-lhe o título de "Doutor evangélico".
via Agência Ecclesia
Santo dos pobres em tempo de crise
Junho é, por excelência, o mês dos santos populares e Santo António, o santo casamenteiro, abre as festividades de Verão que trazem cor e alegria com os tradicionais arraiais decorados com as típicas flores de plástico, habitualmente utilizadas nas festas populares, música, barraquinhas de comes-e-bebes, bazares das igrejas ,gastronomia típica e outros artefactos tradicionalmente vendidos nos arraiais.
A par do movimento garantido no arraial, também os comerciantes aguardavam por umas horas de bom negócio, atendendo a situação de crise financeira.
Face a esta situação, poder-se-á utilizar uma quadra popular associada a esta festa popular: “Santo António Casamenteiro/Traz-me uma mulher/E muito dinheiro.”
«O arraial é bom, mas há crise», recordou um vendedor, revelando que «às vezes, vende-se uma sandes para dois». O mesmo lamento foi feito por Maria Romana Gonçalves, vendedora ambulante há 30 anos, que se queixou de os euros não renderem. «Tempo bom, bom, foi na altura dos escudos. Agora, lá se foi a nossa vida», manifestou.
Com uma pequena barraca cheia de brinquedos, uns modernos e outros a lembrar os velhos tempos, e, ainda, os típicos colares e rebuçados das festas, confeccionados por si, apontou também às taxas a pagar para poder vender. Situação que, segundo referiu, não ajuda os vendedores com dificuldades e que, nesta altura, não vêem o negócio render. «Há pessoas que já deixaram de vender, porque não dava», disse.
Além disso, referiu que as pessoas queixam-se dos preços. «Os miúdos olham para os brinquedos e as mães dizem logo, puxando pelo braço: Vamos que a mãe não tem dinheiro», contou. Relativamente aos rebuçados das festas, «os que se vendem mais que os colares», esta vendedora de 67 anos dá conta que há pessoas que chegam a queixar-se do preço de um saquinho destes doces (um euro), «quando não sabem que são feitos artesanalmente». «O preço do gás aumentou e agora pago três vezes mais pelo açúcar», destacou.
Por isso, «vende-se pouco, nunca estive como agora, que só dá para a gente ir comendo», concluiu.
Sendo Santo António também o protector dos pobres e, por estar em festa, pode ser que auxilie, não só nas causas do amor, mas também os comerciantes, que esperam por dias mais lucrativos.
O santo casamenteiro
No arraial de Santo António, a gastronomia é quase tão importante como a religiosidade que lhe está associada. Os espaços circundantes à festa enchem-se de cheiros.
A tradição gastronómica típica de determinadas festividades mantém-se, porém, com o passar dos anos esta pode sofrer algumas modificações. Refira-se que no continente, o arraial de Santo António significa comer sardinhas assadas na brasa, caldo verde e beber vinho tinto. Os bazares das igrejas vendem os bolos, sempre muito apreciados, e o café. Saltar a fogueira de Santo António é uma tradição de longa data que caiu em desuso. O ritual era um pretexto para rapazes e raparigas permanecerem fora de casa, noite fora, e para alguns mais corajosos mostrarem que não têm medo do fogo.
Casamentos de Santo António e marchas populares em Lisboa
Lisboa vive hoje um dos seus dias mais animados, a véspera do Santo António: a festa começa com os casamentos ‘abençoados’ pelo padroeiro, continua com o desfile das marchas populares e termina nos arraiais nos bairros históricos da cidade.
As celebrações começam às 12h com a cerimónia civil dos casamentos de Santo António, que junta 16 casais nos Paços do Concelho. Duas horas e meia depois iniciam-se as cerimónias religiosas na Sé de Lisboa, com 11 casais.
A comemoração dos Santos Populares continua depois durante a tarde, com vários arraiais espalhados pelos bairros históricos com música, as conhecidas sardinhadas típicas desta altura do ano e os manjericos com as suas rimas populares.
O ponto alto do dia é o desfile das 22 marchas populares na Avenida da Liberdade. As marchas da Baixa, Beato, Belém, Campolide, Marvila, Castelo, Mouraria, Penha de França, Graça, Carnide, Santa Engrácia, Bairro Alto, Bica, Olivais, São Vicente, Madragoa, Bela Flor, Alto do Pina, Alfama e Alcântara competem entre si para eleger o melhor desfile da cidade.
Pela avenida passam também, fora de concurso, as marchas dos Mercados e Infantil, organizada pela Voz do Operário.
O desfile desta noite começa às 21h e conta com a presença de um agrupamento do Reino de Marrocos, num intercâmbio cultural desenhado com a embaixada representante deste país.
A abertura do evento está a cargo da banda OqueStrada e entre os padrinhos dos marchantes encontram-se, por exemplo, os atores Joaquim Monchique e Florbela Queiroz e apresentadores como Nuno Eiró e Cláudia Vieira.
Durante a madrugada, as ruas dos bairros típicos, como Alfama, Mouraria, Bica ou Bairro Alto, deverão manter-se, como habitualmente, com milhares de apreciadores dos arraiais.
Devido às comemorações dos Santos Populares, o Metropolitano de Lisboa vai prolongar a circulação nas linhas azul e verde até às 02:00 de domingo e a CP fornece mais três comboios nocturnos para Cascais e Sintra do que o serviço habitual.
As comemorações condicionam, no entanto, algum do trânsito na cidade, principalmente nas ligações à Avenida da Liberdade, e 11 carreiras da Carris são afitadas, terminando os seus serviços mais cedo ou encurtando os seus percursos.
O feriado municipal de Lisboa, na segunda-feira, é comemorado em honra de Santo António, conhecido como um santo casamenteiro, já que, reza a lenda, era um excelente conciliador de casais.
Apesar de os dias 12 e 13 incluírem as principais comemorações, as Festas de Lisboa têm um cartaz cultural e de animação que se estende por todo o mês.
publicado na Agência Lusa via Sol
As noivas de Santo António já não vão ao médico
Palmira Figueira chegou às oito e não arreda pé. O saco do farnel foi escondido - não pode ser filmado pelas câmaras da RTP - e vai ser preciso uma carga de trabalhos e horas de tu cá, tu lá com um polícia para o conseguir reencontrar, no final da cerimónia civil. Tem sede, mas a água foi-se. Tem fome, mas para já vai ter de conter a vontade de comer uvas. Tem calor, mas o chapéu de palha também ficou no saco que ganhou pernas. Tudo por culpa de uma sugestão da RTP: ficava mais bonita se não aparecesse "mascarada".
Traz um cartaz que não larga, na esperança de que algum noivo consiga lê-lo. Tem um verso a pedir ao Santo António protecção para "estas noivas e as do mundo inteiro" e a fotografia de uma mulher vestida de noiva: ela própria, Palmira Figueira, com 19 anos, noiva de Santo António. Como era na altura? A resposta não podia ser mais previsível. "Eram outros tempos."
"A pessoa não podia casar se não fosse como deve ser", murmura Palmira entre dentes. "Tinha de ir virgem, virgenzinha", continua a amiga do lado, como se as palavras de Palmira precisassem de tradução. "Pssscht, está calada, olha aqui o homem a olhar para nós", censura Palmira, enquanto dá um valente safanão no braço da amiga. "Ainda não podia ter lá ido ninguém", continua a vizinha cheia da sua graça, e desta vez Palmira dá-lhe um safanão na cabeça, e agita-lhe o braço, como se se preparasse para abrir um néctar.
"Tínhamos de ir a uma ''inspecção''. Quando nos candidatávamos a noivas de Santo António, tínhamos de passar pelo médico para ele confirmar que ainda estávamos como deve ser. Há 41 anos era assim", conta Palmira, quase em sussurro, para o homem do lado não ouvir.
Os "outros tempos" de que fala eram isso: o namoro de um ano com muita visão e pouco tacto, um médico a coscuvilhar--lhe o corpo e um vestido oferecido pelos patrocinadores que a deixava "tapadinha". Confirma-se pela foto: com aquele vestido, Palmira parecia só ter pescoço.
"Acho muito bem que as coisas tenham mudado. Na altura era o melhor tesouro que podíamos dar aos nossos homens. Agora a miúda que tiver 19 anos e não tiver ''ido'' está encalhada, coitada", remata Palmira, antes de pescoço e olhos se virarem para a escadaria dos Paços do Concelho, a boca acelerada soltar "viva os noivos!" e todo o corpo se encher de excitação por ver as primeiras noivas. "Olha para ali, aquela podia ser eu, há 41 anos." O que vai ser dito lá dentro, no casamento civil, Palmira e as amigas do Feijó não vão ouvir. Madrugaram, fizeram cartazes, prepararam o farnel, mas não vão poder passar da porta. Não reclamam. "Vimos todos os anos, no final vamos poder vê-los passar aqui." Isso basta-lhes. Enquanto esperam pela saída dos noivos, não falta conversa sobre casamentos felizes, bitaites sobre os vestidos e penteados e coscuvilhices que variam entre a Maria que descasou e "a pobrezinha da Luísa", que casou no mesmo dia, mas enviuvou.
Conselhos matrimoniais, parte um Primeira lição a reter: num casamento civil de Santo António, não há só espaço para nomes de solteiros transformados em nomes de casados, trocas de alianças, beijos envergonhados e dissertações sobre os deveres de respeito e fidelidade. Há também uma espécie de pré-terapia de casal. A conservadora e oficial pública - que se ria tanto que a todo o momento parecia ter de posicionar o maxilar - quis deixar um conselho aos noivos. "Vivam intensamente o amor hoje. Não adormeçam chateados um com o outro." A mãe da primeira noiva a ser casada solta uma lágrima. E a conservadora distribui mais presentes: um poema de Florbela Espanca, mais um de Eugénio de Andrade. Tudo entre sorrisos. Os ossos do maxilar ainda devem estar a ressentir-se.
Segunda lição: assistir a um casamento civil obriga a conhecer um novo léxico. A todo o momento é preciso encaixar que um noivo é um nubente, uma noiva é uma nubente e dois noivos são dois nubentes.
E eis que chega a pergunta fatal. "Algum dos presentes conhece algum impedimento legal a esta celebração?" Tchan, tchan, tchan, tchan. Caras tensas, silêncio sepulcral, olhares de um lado ao outro da sala. Ninguém dá um espirro, por segundos ninguém respira. Mas nada acontece. Está provado: esses momentos só acontecem nos filmes, nunca nos directos para a RTP.
Terceira lição: se um casamento exige muita paciência, cinco de uma vez só são capazes de levar uma romântica cansativa a desistir de sonhar com o seu próprio casório. A rapidez nunca foi um forte dos noivos e dos padres, mas as obrigações dos directos, dos intervalos e das câmaras no sítio X tornam-nos cinco vezes mais lentos. A terceira noiva perdeu o véu ao descer os degraus e vê-se um sorriso triste quando leva a mão ao cabelo e percebe que não vai a tempo de o pôr para o directo. As duas noivas da frente são as mais magras, as três dos degraus atrás são as mais gordinhas. Queremos acreditar que a posição não foi programada para as câmaras.
Conselhos matrimoniais, parte II Palmira e as amigas foram a pé para a Sé, mas conseguiram chegar a tempo de apanhar a "tribuna vip", que é como quem diz os lugares com melhor visibilidade. Palmira não se vestiu numa retrosaria mas bem que podia ter-se vestido: tem umas sandálias de trapos, um cachucho de pechisbeque no anelar, com uma flor de croché vermelha e verde e as unhas pintadas da mesma cor. "Olhe, são as cores do Santo António." (Ou de Portugal?) A pintura é aprovada por unanimidade pelas amigas até algo interromper a discussão estética.
"Ó Júlio Isidriiiiooo, vem cá!"
As noivas chegam em carros antigos. Ninguém foi muito original nos penteados apanhados nem na cor dos vestidos, entre o branco, o bege e uma cor que não é nem branco nem bege. Os noivos já saíram para engolir cigarros mas a esta hora já esperam estoicamente no altar. Os directos são uma chatice, devem pensar as 11 noivas e os 11 pais que têm de esperar 20 minutos à torreira do sol até poderem caminhar na passadeira vermelha, varrida até à última migalha.
Na igreja, os casais que completam as bodas de ouro renovam os votos, mas mesmo com microfone é difícil ouvi-los. Os que, não tarda, serão recém-casados repetem "na alegria e na tristeza". O mesmo discurso multiplicado por 22 vezes: "Na saúde e na doença..." E os convidados, cá atrás, 22 vezes a levantarem os pescoços como galináceos, na tentativa de avistarem as caras dos noivos.
Diz a lenda que Santo António se transformou no santo casamenteiro porque era um conciliador de casais. E quem presidiu às duas cerimónias imbuiu-se desse espírito. Desta vez é o padre a dar conselhos para quando os casamentos precisarem de ir às urgências: "Quando sentirem que tudo está cinzento no vosso casamento, sentem-se. E sintam a força do Espírito Santo." Também na cerimónia religiosa há um novo léxico. "Podeis saudar-vos" é a maneira pudica de anunciar o momento que os noivos mais esperam. Sim, podem beijar as noivas.
Palmira esperou duas horas ao sol pelo fim da missa. Esperou o quê? Que algum noivo tenha olhos de lince e consiga ler a dedicatória no seu cartaz. João Baião chega e ninguém se cala. Última lição a reter dos Casamentos de Santo António: o João Baião e o Júlio Isidro não são os noivos, mas é pena. Têm mais palmas e assobios do que os 16 casais juntos.
publicado no jornal i
História dos Casamentos de Santo António
Santo António nasceu em Lisboa em 1195, tendo ingressado, ainda muito jovem, na Ordem dos Franciscanos. Era um pregador culto e apaixonado, conhecido pela sua devoção aos pobres e pela habilidade para converter heréticos.
Leccionou teologia em diversas universidades europeias e passou os seus últimos meses de vida em Pádua, Itália, onde viria a falecer, em 1231.
A Igreja Católica canonizou-o menos de um ano depois da sua morte e em 1934 o Papa Pio XI proclamou-o segundo padroeiro de Portugal, a par de Nossa Senhora da Conceição.
Santo António é vulgarmente considerado como um santo casamenteiro, pois, segundo a lenda, era um excelente conciliador de casais.
É particularmente venerado na Cidade de Lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é feriado municipal. Contudo, as festas em honra de Santo António começam logo no dia 12 com a realização dos Casamentos de Santo António, evento inserido nas Festas da Cidade.
Este acontecimento, de grande relevo para Lisboa, comemorou no ano passado o seu Cinquentenário; foi em 1958 que 26 casais ficaram unidos pelo matrimónio na Igreja de Santo António. O objectivo da iniciativa, então patrocinada pelo Diário Popular, era possibilitar o casamento a casais com maiores dificuldades financeiras.
Após diversos anos de interrupção, a tradição foi retomada em 1997, agora sob a égide da Câmara Municipal de Lisboa, passando a admitir-se, também, casamentos civis.
Os Casamentos de Santo António constituem uma marca incontornável na tradição popular de Lisboa, contribuindo, em cada ano, para firmar a identidade cultural da Cidade.
Em 2009, a Câmara Municipal de Lisboa, com a participação e o empenho da sociedade civil, proporcionará, uma vez mais, a união de 16 jovens casais no dia 12 de Junho.
publicado no site oficial do evento
Lisboa celebra os Casamentos de Santo António
São dezasseis os casais que a 12 de Junho vão concretizar o seu sonho quer seja nos Paços do Concelho onde se realiza a cerimónia civil, quer seja na Sé de Lisboa onde terá lugar a cerimónia religiosa. De seguida os noivos desfilarão em cortejo de carros antigos pela Avenida da Liberdade dirigindo-se para o Museu da Cidade onde terá lugar o copo – d'água e aí se lhes juntarão familiares e amigos, convidados da boda.
Este ano e porque o Fado é candidato a Património Imaterial da Humanidade também ele estará presente nesta festa que sendo dos noivos é também da cidade de Lisboa.
Mafalda Arnauth, Carlos Paulo e Marco Rodrigues são os cantores que vão estar presentes no Museu da Cidade brindando aos recém-casados e aos seus convidados, com temas como Valsa das Paixões, O Marujo Português e Rosinha dos Limões. Actuará ainda o grupo Mário Rui Sexteto, e os bailarinos Alexander Aleksandrov, Catarina Lourenço, João Carlos Petrucci, Jullia Darych, Rita Palma, Rute Lopes, Sergei Fychuk e Tiago Branco preparam uma coreografia que decerto ajudará a que a Festa seja o culminar de um dia tão importante na vida daqueles dezasseis novos casais.
publicado na revista Hardmúsica
Casamentos de Santo António "mantêm procura"
Os casamentos de Santo António, em Lisboa, "têm mantido a procura nos últimos anos, variando entre 60 e 100 inscrições todas as edições", explicou à agência Lusa a coordenadora geral do evento, que volta a realizar-se no domingo. Segundo Maria do Carmo Rosa, as inscrições para a participação nos tradicionais casamentos "têm sido constantes nos últimos anos". Ainda assim, a organização dos casamentos de Santo António, promovidos pela Câmara de Lisboa, nota que "há uma tendência para ver menos inscrições", apesar de "a diminuição ainda não ser expressiva" e "dever-se à tendência para haver menos casamentos no geral". Maria do Carmo Rosa rejeita que a crise tenha um impacto nesta tradição, embora admita que as motivações para participar num casamento de Santo António passem também pelas ajudas económicas. "Um dos principais motivos da inscrição é ter um casamento de sonho. Um casamento é muito caro, os casamentos de Santo António acabam por ser a possibilidade de ter um. Há pessoas que não têm mesmo dinheiro para casar, mesmo os documentos são caríssimos", explicou. Os mais de 30 patrocinadores da cerimónia oferecem os vestidos de noiva, os fatos para os noivos, os sapatos, os penteados, o copo de água para 20 convidados, mil euros para gastar em electrodomésticos e tecnologia, a lua de mel, a noite de núpcias e as alianças, entre outras ofertas. Além da ajuda económica, outro dos motivos que leva os munícipes a continuarem a participar nos casamentos de Santo António é a "tradição". "Estes casamentos já são uma tradição da cidade. Os noivos acabam por fazer parte da história da cidade. Mas também é um casamento que não é vulgar, porque é muito mediático, os noivos aparecem na televisão... Isto associado às ofertas continua a motivar muitas pessoas", afirmou Maria do Carmo Rosa.
Dezasseis casais participam no domingo na iniciativa, uma tradição que nasceu em 1958, quando 26 casais ficaram unidos pelo matrimónio na Igreja de Santo António. O objectivo da iniciativa, então patrocinada pelo Diário Popular, era possibilitar o casamento a casais com maiores dificuldades financeiras. Os casamentos de Santo António foram interrompidos em 1974, após 16 edições patrocinadas pelo Diário Popular, e recuperados trinta anos depois pela Câmara de Lisboa, durante o mandato do socialista João Soares.
Depois dos casamentos civis, nos Paços do Concelho, realiza-se a cerimónia religiosa na Sé de Lisboa, com 11 casais.
publicado no Diário de Notícias
Vídeos para ver aqui:
- Mais um dia feliz para as noivas de Santo António
- Jovens dizem "sim" nos casamentos de Santo António
Outra tradição, mais ou menos recente, é convidar uma bateria de 'famosos' para madrinhas e padrinhos da marcha de cada um dos bairros. Slideshow com fotos de Catarina Larcher e Nuno Miguel Sousa: AQUI.
Marchas dividem-se entre 'famosos' e figuras típicas dos bairros
No início eram ilustres desconhecidos, salvo honrosas exceções, mas figuras importantes do bairro, hoje são figuras públicas e quase nunca pertencem ao bairro que representam. São os padrinhos das marchas populares de Lisboa.
As marchas de Lisboa assinalam 79 anos de existência e de uma história que também se conta através dos padrinhos, figura sempre presente, mas que não foram sempre escolhidos pelos mesmos critérios.
O diretor de gestão cultural da EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural), entidade organizadora das marchas de Lisboa, explicou à Lusa que no início das marchas, em 1932, “havia uma maior relação dos padrinhos com os bairros”.
“Regra geral escolhiam pessoas conhecidas do bairro, mas que eram também figuras conhecidas no país, como foi o caso de Amália Rodrigues. Mas na maior parte das vezes eram pessoas do bairro, que toda a gente conhecia”, adiantou Pedro Moreira.
De acordo com o responsável da EGEAC, foi por volta dos anos 1990 que a realidade dos padrinhos se alterou, quando as marchas passaram a ter direito a intensa cobertura televisiva.
“A partir daí, as marchas procuram ter padrinhos sobejamente conhecidos pelas pessoas, pelo público, porque isso arrasta mais apoiantes, mesmo que não sejam do bairro”, justificou.
Em Alfama, Cinha Jardim, figura conhecida do ‘jet-set’ português, foi madrinha durante muitos anos, juntamente com Carlos Mendonça, que agora aparece como ensaiador do Alto do Pina. Este ano, os padrinhos são a fadista Raquel Tavares e o apresentador de televisão Nuno Graciano. À Lusa, o responsável da marcha assume que “ter padrinhos mediáticos ajuda na empatia com o povo”.
“Quanto mais a pessoa for conhecida, mais fácil é aparecer nas televisões. Se eu puser o Tony Carreira na marcha tenho um mediatismo diferente do que se puser o Jerónimo de Sousa ou o José Sócrates”, explicou João Ramos.
Lembrou, no entanto, que a madrinha deste ano é uma figura do bairro que “chorou baba e ranho” quando lhe fizeram o convite.
No Bairro Alto, a escolha recaiu nos apresentadores televisivos Vanessa Oliveira e Nuno Eiró e o responsável da marcha disse à Lusa que em relação ao segundo a proposta foi feita quando aquele fez a reportagem sobre as marchas há dois anos.
“Pela simpatia, pelo carisma e porque agradou à marcha”, explicou Vítor Silva, acrescentando que foi depois Nuno Eiró quem sugeriu o nome de Vanessa Oliveira.
publicado no Jornal da Madeira
RESULTADOS MARCHAS POPULARES DE LISBOA 2011
1º lugar: Alto do Pina
2º lugar: Alfama
3º lugar: Madragoa
Classificações finais das Marchas Populares de Lisboa 2011
Marcha Lugar Pontuação
Alto do Pina 1º 152
Alfama 2º 150
Madragoa 3º 143
Marvila 4º 142
Castelo 5º 141
Bica 6º 138
Bairro Alto 7º 136
Beato 8º 132
S. Vicente 9º 129
Graça 10º 128
Carnide 11º 121
Campolide 12º 118
Alcântara
(ex-aequo) 13º 115
Santa Engrácia
(ex-aequo) 13º 115
Mouraria 14º 114
Olivais 15º 111
Penha de França
(ex-aequo) 16º 109
Belém
(ex-aequo) 16º 109
Bela Flor 17º 99
Baixa 18º 97
Classificações por categoria das Marchas Populares de Lisboa 2011:
Categoria Marcha
Melhor Coreografia Beato
Melhor Cenografia Alfama e Castelo
Melhor Figurino Alfama, Alto do Pina e Mouraria
Melhor Letra Bairro Alto
Melhor Musicalidade Bica e Madragoa
Melhor Composição Original Bica – Rainha de Lisboa
Melhor Desfile da Avenida Alto do Pina
fonte: EGEAC
'Mourinho' das marchas volta a ganhar
A marcha do Alto do Pina venceu a edição deste ano das Marchas Populares de Lisboa. Em segundo lugar ficou Alfama e em terceiro a Madragoa. Somadas as pontuações das exibições no pavilhão Atlântico e do desfile de ontem na avenida da Liberdade, o Alto do Pina vence Alfama por dois pontos. Apresentou o tema “Amar Lisboa”, com um figurino em tons de dourado, azul e branco e arcos com motivos de azulejos.
"Foi a melhor prenda para a colectividade que organiza a marcha, pois o Ginásio do Alto do Pina está a comemorar o seu centenário", diz Micael Costa, responsável da Marcha, que justifica a vitória com "o espírito de união do grupo" e a "grande ajuda do ensaiador Carlos Mendonça". "Dizem que ele é o Mourinho das Marchas - devido ao grande número de vitórias -, mas nós dizemos que o Mourinho é que é o Mendonça do futebol", remata.
Alto Pina vence pela 1ª vez com ensaiador campeão
Aos gritos de "campeões, campeões, nós somos campeões", as gentes do Alto do Pina encheram as ruas do bairro celebrando a primeira vitória nas Marchas de Lisboa. "Foi a melhor prenda para a colectividade. O Ginásio do Alto do Pina, que organiza a marcha, está a comemorar o centenário, e esta vitória tem um sabor especial", diz Micael Costa, responsável da colectividade, atribuindo o sucesso à "união do grupo e ao ensaiador Carlos Mendonça. "Dizem que é o Mourinho das Marchas, mas nós dizemos que o Mourinho é que é o Mendonça do futebol", sublinha.
Às quatro da tarde de ontem, ainda se festejava no bairro. "Nem fui à cama, não consigo dormir com tanta alegria", diz o marchante Luís Brás, 38 anos. "Foi o sr. Mendonça que fez a diferença; ele mudou a mentalidade da marcha", realça. Manuela Araújo, 53 anos, estava eufórica: "Desde o desfile no Pavilhão Atlântico percebi que íamos ganhar."
Com a voz embargada, Carlos Mendonça, o novo ‘treinador’ da equipa do Alto do Pina, confessa: "Esta vitória teve um sabor especial. Foi o bairro onde nasci e onde a minha mãe marchou em 1932." Acerca deste regresso, depois de ter anunciado a despedida, explica: "Não podia dizer que não. É o meu bairro e ano de centenário do Ginásio do Alto do Pina."
Figurinista e bailarino
Ganhou 12 títulos com Alfama e a alcunha de ‘Mourinho das Marchas’. Anunciou a retirada em 2009, mas não resistiu ao convite do Alto do Pina, bairro onde nasceu há 72 anos. Anteontem, ganhou mais um título, o 13º. Antigo bailarino clássico, Carlos Mendonça viveu 18 anos em Inglaterra e trabalhou como figurinista na BBC. Por cá, trabalhou como figurinista na RTP, na TVI e no Parque Mayer.[ver vídeo]
publicado no Correio da Manhã
via EGEAC
A imagem-ícone das Festas de Lisboa: a sardinha
A sardinha faz parte da história de Lisboa. Já entre o século I e V d.C. as fábricas de Olisipo produziam valiosas conservas de peixe com especiarias cuja composição apresentava pelo menos 90% de sardinha, exportadas para todo o império Romano, em ânforas de cerâmica. Em conjunto com o Núcleo Arqueológico da Fundação Millennium bcp (NARC) onde se podem visitar 2500 anos da história da cidade, reúne-se agora uma selecção de 300 representações de sardinhas de um total de 2080 que participaram no concurso Sardinhas Festas de Lisboa’11, lançado no âmbito das Festas da Cidade pela EGEAC. Ao público, foi assim aberto o desafio de participar na imagem das Festas de Lisboa’11, que têm desde 2003 a sardinha como ícone máximo. A notoriedade alcançada permitiu que as sardinhas pudessem ser objecto de reinterpretação. Primeiro, em 2009 e 2010, por ilustradores, designers e artistas plásticos convidados e, este ano, finalmente, em democracia absoluta e ao alcance de qualquer um! Da cartolina ao tecido, da folha de papel aos objectos tridimensionais mais surpreendentes, esta mostra é um espelho do talento de todos os que vivem as Festas de Lisboa.
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