As pré-candidaturas à prefeitura de Manaus já mexem. Na verdade, basta folhear o jornal e ligar a rádio para perceber que a coisa promete e já começou fervente. No momento a briga não se joga tanto entre partidos, mas entre os aspirantes no interior de cada legenda. É quanto baste, todavia, para já andar ao rubro.
Aqui a coisa é bem diferente do que sucede em Portugal. E não me refiro apenas à lógica ou à estrutura do próprio sistema eleitoral. Falo do processo em si e de tudo o que lhe é inerente: candidatos e opositores, mensagem, disputa, confronto... tudo. Aqui não se manda dizer por ninguém: diz-se e pronto. De preferência alto e em bom som, sem papas na língua. Aqui não se insinua, afirma-se com as letras todas. Os golpes têm destinatário e os ataques são personalizados. O adversário chama-se, quase sempre, pelo nome e o alvo é a pessoa. A 'sua' pessoa. Sem pudor, nem rodeios no arremesso. Aqui, as 'chapadas' políticas dão-se de mão bem aberta, de preferência em público e com bastante plateia. A última coisa que passa pela cabeça de quem sai para o duelo é calçar luvas brancas. É sabido que aqui nos trópicos a temperatura é por natureza tórrida e sucede que, por condição, o ambiente transcorre na proporção térmica do cenário. Significa isso que esta premissa incendiária é válida tanto para o contexto como para o discurso. Tudo acontece, portanto, numa atmosfera extra-larga e extraordinária, dada a extremos e extravagâncias. Exuberante, exagerada, excessiva, assim é também a arena política em todos os seus componentes, integrantes e derivados. Campanhas, eleições, discursos e políticos incluídos, inexoravelmente. Tudo assim: farto em exóticas esdrúxulas.
Aqui, as disputas políticas são, regra geral, lugar de quenturas múltiplas: da testa que sua ao rosto ruborizado em combustão, da jugular que lateja - "a veia que salta", como canta Chico Buarque - até chegar na palavra, que por afinidade ou inescapável fatalidade sai em igual medida: explosiva e mandando brasa. A propagação bamboleante das ondas de calor, tão mais comum quanto mais rente à linha do Equador, possui este efeito: desfoca as fronteiras, dilui os divisores e tende a deixar menos nítidos os contornos precisos de que a contenção necessita para se retrair.
Fica um breve ponto da situação do que tem rolado no palco das pré-candidaturas à prefeitura de Manaus. É clicar no link em baixo, para expansão do texto, e ler como a coisa se joga por aqui.
Sabino lança pré-candidatura à prefeitura de Manaus em 2012
O presidente estadual do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), deputado federal Sabino Castelo Branco, lançou ontem a sua pré-candidatura à Prefeitura de Manaus em 2012.
Se o atual prefeito da cidade, Amazonino Mendes, quiser buscar a reeleição, terá que disputar internamente no PTB local. E na hipótese de o ex-governador vencer a querela, Sabino anuncia, desde já, que sairá das hostes petebistas. “Não considero o prefeito de Manaus como parte do partido. Ele é membro de direito, não de fato; não tem nada a ver com o PTB”, declarou o dirigente.
Sabino está decidido a não dar a legenda para que Amazonino concorra novamente à Prefeitura. Questionado sobre uma provável decisão da direção nacional do PTB, ele rejeita a ideia de intervenção e quem tem o poder de avalizar qualquer candidatura é o diretório estadual, municipal e a população manauense.
A manifestação de Sabino foi uma reação aos comentários na imprensa local, blogs, colunas e sites de que o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, está ao lado do prefeito e que essa costura política, com a cúpula do partido, fez o deputado “amansar”, “comer abiu verde” (fruta que gruda os lábios) e se calar diante do cacique amazonense.
“O povo me conhece, já viu o meu estilo e sabe que não sou de me calar. Não dispenso as críticas e, no momento certo vou falar; irei às ruas. Esperem o horário gratuito do PTB – nos próximos dias 22, 24 e 26 – e vejam o que vou dizer dessa administração que nada fez por Manaus até agora. É um desastre já que todas as promessas não foram cumpridas”, disse Sabino.
O presidente do PTB Amazonas afirma que o transporte coletivo, uma dessas promessas de Amazonino, está uma vergonha; no programa Médico da Família, foram apresentadas “umas três, quatro casinhas” e ainda faz uma propaganda que não existe.
Para Sabino, parece que houve uma guerra, em Manaus, de tantos buracos nas ruas. “Não sei o que funciona em Manaus. Qual é a obra que o Amazonino fez? Está tentando fazer o viaduto da Zona Leste, mas com recurso federal”.
O deputado diz estar preocupado com a realização da Copa do Mundo em Manaus. O que o alivia é a determinação do governador Omar Aziz tomar para si a responsabilidade das obras da Arena, aeroporto e mobilidade urbana.
“Qual o projeto que a prefeitura tem para Copa? Ele não apresentou nenhum e ainda cria briga por causa do sistema de transporte. Pensa pouco e pequeno, não sonha alto. Manaus não pode sonhar de forma acanhada como faz o prefeito; é uma metrópole”, critica ele.
Por meio de sua assessoria de comunicação, o prefeito Amazonino disse que responde às críticas de Sabino com a frase: “Águia não captura mosca”.
Entretanto, cabos eleitorais do deputado federal Sabino Castelo Branco estiveram nesta quarta-feira na invasão José Alencar, no Tarumã, e adiantaram aos moradores daquele local que o parlamentar do PTB fará uma visita a área nos próximos dias.
(publicado em A Crítica - 16.06.2011)
Amazonino diz estar sem estímulo para próximas eleições
O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, afirmou, ontem, que está desestimulado para disputar a reeleição em 2012. A declaração foi dada durante uma em entrevista à rádio CBN. Amazonino também criticou os políticos do Estado afirmando que há muita mentira e que este não é o estilo dele. O prefeito se mostrou, ainda, insatisfeito com a postura do governador Omar Aziz (PMN) em relação às obras necessárias a Copa de 2014.
“Eu não estou com vontade, não. O pessoal acha que eu não devo dizer isso, porque desestimula. Aí, os políticos me abandonam”, declarou. Sem desfrutar da condição confortável que ocupava quando era o principal líder político do Estado, Amazonino Mendes afirmou que se sente envergonhado de ser da classe política.
Amazonino administra a cidade contando com apenas metade dos vereadores da Câmara Municipal na base aliada sendo que, na última eleição para presidência da casa, o presidente Isaac Tayah (PTB) passou de líder do prefeito a oposição. “O processo político, pra mim: eu não estou me dando bem com isso, não. Eu estou achando muito estranho o que anda acontecendo. Acho que empobreceu muito.
Ficou muito ruim. Eu acho que estou me tornando incompatível com este comportamento político. Tem muita mentira, tem muita enganação. Muito papo furado, muita aparência. Não é meu estilo”, declarou o prefeito que já foi governador por três vezes, prefeito de Manaus por outros dois mandatos e senador da república.
A relação com o Governo do Amazonas para as obras da Copa 2014 incomoda o prefeito, que declarou: “Há um ano e meio que a prefeitura tá preparada pra começar a obra. Há um ano e meio que nós temos projetos, tudo definido (...). Fazer o que? Se a Prefeitura vai fazer uma parte e o Estado vai fazer outra. Como é que eu posso começar uma obra que eu não sei o que vai acontecer do outro lado?” disse.
A declaração de Amazonino é dada a cinco meses do final do prazo para que os interessados em disputar o pleito de 2012 definam suas situações partidárias. Amazonino segue rompido com a direção do PTB.
Por outro lado, o presidente do partido, Sabino Castelo Branco, que já ameaçou ir para a Justiça para pedir o mandato de Amazonino, deu demonstrações que pode mudar de ideia dependendo das articulações políticas envolvendo o governador Omar Aziz e o senador Eduardo Braga, de quem tem se mantido próximo nos últimos meses.
(publicado em A Crítica - 22.04.2011)
Pré-candidatos do PPS à Prefeitura de Manaus em 2012 medem força
O vereador Hissa Abrahão (PPS) e o deputado estadual Luiz Castro (PPS) acirram o cabo de guerra para as Eleições 2012 e o representante da sigla na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM) já adota discurso de pré-candidato. A disputa interna da sigla ficou evidente durante o encontro nacional entre prefeituráveis do PPS neste final de semana, em Brasília.
O deputado Luiz Castro (PPS) mantém sua pré-candidatura e afirma que, nesse momento, é o melhor nome dentro do partido para representar uma terceira via nas Eleições 2012.
Já Hissa Abrahão alega que, se for garantida a escolha democrática no partido, será confirmado como candidato à prefeitura pelo PPS nas eleições do ano que vem. Ao contrário do que declarou há dois meses no momento da criação do PSD, Hissa disse que não está nos planos dele trocar de partido.
Até a participação dos dois no encontro nacional foi motivo de divergência. Enquanto, Castro diz que Hissa não esteve presente em todos os momentos dos debates do PPS, o vereador afirma ter se ausentado apenas para tratar, na Procuradoria-Geral da República, sobre a questão da Medida Provisória dos tabletts.
“O encontro nacional foi muito produtivo. Participei de todos os momentos porque tenho paixão pela política. Minha vida é essa”, afirmou Castro que em outro momento diz ter estranhado a ausência de Hissa em várias mesas de debates.
Castro também afirmou que participou da criação de um Núcleo Ambiental no PPS e que foi o escolhido para representar o Amazonas. “Fechamos a posição do partido de ser contrário ao atual texto do Código Ambiental. O Núcleo irá estudar e apontar as diretrizes da sigla neste tema. Queremos que a questão Ambiental e de temas sobre os Jovens sejam prioridade no PPS”, disse.
Hissa Abrahão também avaliou bem o encontro nacional. Disse que participou de palestras em que o partido abordou temas como marketing e pesquisas eleitorais.
“Fiquei feliz com o convite do presidente do PPS Roberto Freire, porque até então o o deputado Luiz Castro aparecia se apresentando sozinho como pré-candidato. Minha ausência foi justificada e todos entenderam”, afirmou o vereador.
Hissa criticou os argumentos usados por Luiz Castro, segundo ele, para invalidar sua candidatura a prefeito. “Diz que sou jovem e não reuno experiência suficiente. Ele foi prefeito de Envira aos 23 anos”.
O vereador disse que em 2010 muitos membros do PPS se ofenderam quando Luiz Castro disse que não tinha ninguém a altura dele para ser candidato a deputado estadual. “Vou permanecer no PPS porque ele tem se mantido coerente aos longos dos meus 11 anos de filiação e aposto que continuará”, disse.
Castro defende que a conjuntura política atual do PPS no Amazonas ganhará mais se Hissa se candidatar a reeleição e ele a prefeitura. “Com Hissa candidato, temos condições de fazer duas vagas, quem sabe até três”, argumentou.
Deputado faz críticas à gestão Braga
O deputado estadual Luiz Castro (PPS) criticou, neste domingo (12), a gestão de Eduardo Braga (um dos prefeituráveis em 2012) no Governo do Amazonas de autoritária, excludente e impositiva ao poder legislativo. Ao mesmo tempo, disse temer que a inexperiência leve o vereador Hissa Abraão (PPS) a se tornar um “novo” Eduardo Braga (senador pelo PMDB).
Castro disse que com o discurso de que representava mudança com política tradicional, Eduardo Braga governou com receita maior que a dos antecessores e 'melhorou' apenas as estratégias de cooptação política. Segundo Castro, Braga tornou o Amazonas o Estado com maiores desigualdades sociais com obras com valores altos e com escandalosos aditivos.
“É um paradoxo. Quanto mais ele progrediu eleitoralmente, mais a desigualdade cresceu. A publicidade do Governo foi de enaltecimento ao governante enquanto isso o interior era abandonado”, afirmou o deputado.
Aumenta pressão no PPS pela disputa à Prefeitura de Manaus
Serafim Corrêa, ex-prefeito de Manaus diz que será candidato em 2012
O ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB), que saiu derrotado na última eleição estadual - quando disputou o cargo de vice-governador do Amazonas ao lado de Alfredo Nascimento (PR), na busca pelo comando do Estado - será em 2012 candidato a prefeito de Manaus.
Serafim confirmou a candidatura durante conversa ao telefone com a reportagem do acritica.com. A declaração foi dada quando o ex-prefeito comentava as especulações em torno do veto dado ao médico Ronaldo Derzi Amazonas para comandar a Fundação Alfredo da Matta.
Em meio a boataria dos blogs e redes sociais, um dos motivos apontados para que o governador Omar Aziz nomeasse Carlos Chirano - 2º lugar no processo eleitoral interno da instituição - e não Amazonas - que teve 60% dos votos - foi o de que ele pertencia ao grupo político de Serafim. Ronaldo Amazonas coordenou o Distrito de Saúde da zona Leste de Manaus durante a administração de Corrêa na Prefeitura de Manaus.
Serafim disse que Ronaldo não é filiado ao PSB e que possui uma relação profissional com a Fundação Alfredo da Matta de várias décadas. “O Ronaldo é uma pessoa leal para quem ele trabalha. Não possui qualquer relação política com o nosso grupo. Não é do meu time. Não posso acreditar que o nome dele tenha sido vetado em uma avaliação meramente científica”, disse Serafim. Na mesma esteira do assunto, Serafim comentou: “Eu serei candidato a Prefeitura em 2012. Você acha que o Ronaldo recusaria a direção da Fundação Alfredo da Matta por causa disso? Não tem cabimento”, declarou o ex-prefeito.
Ao longo dos últimos dois anos, depois que saiu da Prefeitura de Manaus, Serafim apenas declarou que o PSB participaria das eleições em 2012, inclusive chegou a dizer que o partido teria candidato majoritário na disputa, mas esta foi a primeira vez em que ele colocou o próprio nome encabeçando o processo sucessório municipal.
(publicado em A Crítica - 06.01.2011)
0 comentários:
Postar um comentário