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Patrões da SIC e da TVI unidos contra privatização da RTP

Posted: 30 de jun. de 2011 | Publicada por por AMC | Etiquetas: ,

A privatização de um canal do universo televisivo da RTP está a provocar um vendaval de reacções.
A intenção, confirmada no programa do governo embora sem data, foi um dos pontos de discórdia entre Passos Coelho e Paulo Portas, quando estavam a formar a coligação. Terá sido ainda a alegada razão para que Bernardo Bairrão não fosse empossado como secretário de Estado da Administração Interna, por aquele gestor da TVI (que abandonou a empresa para aceitar o convite do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo) ter feito críticas a uma eventual privatização da estação pública. É agora razão para conseguir juntar Pinto Balsemão (SIC) e Pais do Amaral (TVI) numa mesma posição: mais um canal privado vai reforçar os actuais constrangimentos das televisões privadas.

Pinto Balsemão afirmou ontem que "as televisões generalistas vão durar muito tempo", mas o fundador da SIC acrescentou que a durabilidade poderá estar em risco se houver "excesso de oferta, caso o Estado imponha mais um player privado".
O presidente da Impresa lembra que o total de investimento publicitário no sector televisivo baixou de 750 milhões de euros em 2000 (a preços constantes) para 700 milhões de euros em 2010. E aqui há convergência com Pais do Amaral. O presidente da Media Capital defende que mais um canal privado "limitará os actuais orçamentos das televisões, fazendo baixar a qualidade dos conteúdos, tornando as coisas mais complicadas para o sector".


Esta sintonia de posições aconteceu na conferência "Back to the future? A convergência entre comunicações e televisões", organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, que ontem decorreu no Centro Cultural de Belém. O evento reuniu ainda Guilherme Costa (RTP), Zeinal Bava (PT/Meo) e Rodrigo Costa (Zon). A posição destes cinco gestores é concordante em termos como interactividade e multiplataformas, como ver televisão na internet, no telemóvel ou nos tablets. Mas também avisam que há muita indefinição quanto ao futuro. Guilherme Costa recusou comentar as intenções do "accionista Estado", preferindo realçar que a RTP conseguiu reduzir os seus custos operacionais 15% (25 milhões de euros), "como o anterior governo tinha imposto".

Outra questão debatida foi uma eventual fusão entre as distribuidoras, como a Zon, a Meo ou Vodafone, e as produtoras de conteúdos, como a SIC, a TVI e a RTP. Balsemão defendeu que "a qualidade e a independência (no caso da informação) ficam mais protegidas se quem é produtor não for ao mesmo tempo distribuidor, pois dominar estes dois elos importantes pode ser pernicioso para uma sociedade democrática".

O presidente da Zon foi mais longe: "O poder a mais numa empresa pode descontrolar-se." Rodrigo Costa não deixou passar a oportunidade de lançar uma alfinetada ao seu rival da Meo, Zeinal Bava: "Há cerca de um ano, uma empresa distribuidora (referindo-se à PT, que detém a Meo) quis comprar uma emissora que produz conteúdos (a TVI), e isso poderia ter motivado uma pretensão igual da nossa parte." A alusão é ao negócio polémico, alegadamente promovido pelo ex-primeiro-ministro, numa altura em que José Sócrates se queixava de ser alvo privilegiado da informação "agressiva" da TVI.

publicado no jornal i

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